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domingo, 30 de setembro de 2012

Mudar o mundo


"Muitas pequenas pessoas em muitos pequenos lugares podem alterar a face da Terra".

Provérbio africano

Ninguém goza um bem que é fonte de preocupações


    

     "Aquele que melhor goza da riqueza é o que menos necessita da riqueza. Quem necessita de riqueza está em ânsias por ela; ora ninguém goza um bem que é fonte de preocupações. Procura sempre acrescentar-lhe qualquer coisa, e enquanto pensa em aumentá-la, esquece-se de tirar dela partido. Confere as contas, gasta as lajes do fórum, compulsa os registros dos juros: em vez de dono dos bens, torna-se guarda-livros!"

Sêneca (04 a. C - 65 d. C)

Crédito da imagem: http://www.biografia.inf.br/seneca-filosofo.html

A riqueza e a honra


    

 "As riquezas e as honras são objeto da ambição dos homens, mas se não podem ser alcançadas por meios retos e honrados, cumpre renunciar a elas. A pobreza e as posições humildes merecem a aversão e o desprezo dos homens. Se delas não se pode sair por meios retos e honrados, é mister nelas permanecer. Se o homem abandona as virtudes humanitárias, como poderá merecer o nome que tem?"

Confúcio (551 a. C - 479 a. C)

Crédito da imagem: http://www.moonmentum.com/blog/codex/multimedia/k%C7%92ng-fuz%C7%90-kung-fu-tse-confucius-confucio/

O efeito benéfico da riqueza na sociedade


     

     "Apesar do seu egoísmo e rapacidade, embora pensem apenas nos seus próprios interesses, embora o único fim que se propõem alcançar a partir de milhares de empregados ao seu serviço seja a gratificação dos seus próprios desejos vãos e insaciáveis, os ricos partilham com os pobres o produto de todos os seus progressos. São guiados por uma mão invisível que os leva a fazer uma distribuição dos bens necessários à vida praticamente equivalente à que teria sido feita se a terra tivesse sido dividida por todos os seus habitantes em partes iguais, e assim, sem o pretenderem ou sem que o saibam, promover o interesse da sociedade, e proporcionar os meios para a multiplicação da espécie".

Adam Smith (1723-1790)

Crédito da imagem: https://wiki.uchicago.edu/display/powerpedia/Adam+Smith

Riqueza

    "Quem tem riquezas, tem parentes".

Provérbio popular

A sabedoria na riqueza


     "Haverá dúvidas de que um homem de sabedoria tem mais condições para desenvolver as suas qualidades no meio das riquezas do que na pobreza? Na pobreza, só há um gênero de virtude: não se curvar nem se abater; na riqueza, a temperança, a liberalidade, a frugalidade, a ordem e a magnificência têm um campo aberto. O sábio não se desprezará a si próprio, mesmo que seja de baixa estatura; desejará porém ser elegante. Com um corpo frágil ou com um olho a menos, ele sentir-se-á bem, mas preferirá, contudo, que o seu corpo seja robusto, apesar de saber que, em si, há algo mais forte. Ele tolerará uma saúde má, procurando ter uma saúde boa. De fato, algumas coisas, ainda que sejam pequenas em relação ao conjunto, quando são aproveitadas sem que se arruíne o bem principal, contribuem para a perpétua alegria, que nasce da virtude: as riquezas causam ao sábio a mesma impressão e o mesmo gáudio que causa o vento favorável ao navegador, ou que um belo dia causa num lugar enregelado pelo frio do inverno. Quem, entre os sábios (falo dos nossos, aqueles para os quais a virtude é um bem) nega que mesmo estas coisas, que consideramos indiferentes, têm algum valor e que algumas são até preferíveis a outras? A umas atribuímos alguma honra, a outras atribuímos muita. Não te iludas, as riquezas estão entre aquelas que são preferíveis. Deves estar a gozar comigo, dizes tu, então as riquezas não ocupam na tua casa o mesmo lugar que ocupam na minha? Queres saber como não ocupam o mesmo lugar? Para mim, se as riquezas desaparecerem  só se arrastarão a elas mesmas; se elas se afastarem de ti, tu ficarias estupefato e sentir-te-ias abandonado por ti próprio; na minha cabeça, as riquezas ocupam um lugar qualquer; na tua ocupam o lugar mais elevado; em suma, as riquezas pertencem-me, tu pertences às riquezas".

Sêneca (04 a. C - 65 d. C)

Crédito da imagem: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=10900

A artimanha do chupim


 

     Um ingênuo tico-tico, com todo carinho e dedicação, confeccionou seu ninho, quando cedo advieram os ovinhos. Este, junto com o companheiro, procurou um lugar discreto, no que, com muita dificuldade, alguém pudesse localizar seu esconderijo. Procurou, durante dias, chocar os seus ovinhos, quando nem se deu o tempo para averiguar o resultado do trabalho.
     O casal, depois de dias, viu o nascimento de umas lindas criaturas, que, como pais, pareciam “as mais bonitas do mundo”. A mãe, com o seu empenho, procurava insetos e larvas, que pudessem alimentar os rebentos. Os filhotes cresceram e aí as diferenças salientaram-se.
      Um chupim, com a maior astúcia e discrição, havia-lhe colocado um ovo, que gerou um esbelto pássaro. Ele nasceu e cresceu diante do suor alheio, quando, em meio ao desconhecimento e posterior consentimento, tornara-se sócio da ninhada.
      A vida econômica assemelha-se aos chupins, quando cedo temos sócios nos empreendimentos. O tempo revela o tamanho do parasitismo, que cresce e onera os encargos. Uma carga deveras onerosa, na sociedade organizada, recaí sobre os indivíduos quando muitos são os chupins.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chupim 

O compaço de espera


    Os meses passaram e nada de chuva! Colonos desesperados com a falta de água, quando aviários, chiqueiros e tambos mantiveram problemas de abastecimento. Máquinas, em diversas propriedades, “abriam açudes e iam furando a terra” na procura do precioso líquido. Os poucos reservatórios, como açudes e cacimbas, viam-se disputadas pelos seres sedentos. O eucalipto, em função da massiva folhagem, levava parte da culpa do desastre do secamento. Os prenúncios das chuvas mantinham-se presentes, porém nada de precipitações para acumular/repôr lençóis/mananciais.
    Um curioso morador, como existe curioso para tudo, preocupou-se com o comportamento dos sapos e pererecas. Pareciam completamente extintos nos pátios coloniais, no que acreditou terem migrado na direção dos poucos lugares úmidos. A tradicional cantoria, nas épocas próprias da reprodução, manteve-se abolida. Passou dia e mais dia e nada de maiores volumes da água. Achegou-se setembro e outubro, tradicionais meses da chuva no Brasil Meridional, com razão de desvendar o mistério. As precipitações, de forma serena e intensiva, advieram e revelaram a astúcia destes bichos peçonhentos. Estes, no contexto da maior descrição, saíram dos esconderijos tradicionais, quando refugiaram-se debaixo de pedras e no interior do solo. As dezenas mantinham-se presentes e “esperavam o momento próprio para darem as caras”. As condições do hábitat voltaram às próprias da espécie, quando retomaram o espaço original.
     Prevalece a lição de vida: a necessidade de esperar “mesmo numa aparente eternidade” as condições próprias, diante das adversidades! Possuímos a companhia de semelhantes mesmo na ilusão nossa da ausência! O refúgio no subsolo é a melhor condição diante do impróprio da superfície. A natureza resguarda meios para sobrevivência de quaisquer espécies, mesmo diante das maiores adversidades e hecatombes.
             
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Abraham Lincoln


Discurso de Gettysburg

     "Há 87 anos, os nossos pais deram origem neste continente a uma nova nação, concebida na Liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.
     Encontramo-nos atualmente empenhados numa grande guerra civil, pondo à prova se essa nação, ou qualquer outra nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Eis-nos num grande campo de batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma parte desse campo ao derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram a sua vida para que essa nação possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.
    Mas, numa visão mais ampla, não podemos dedicar, não podemos consagrar, não podemos santificar este local. Os valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram já o consagraram, muito além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir com os nossos fracos poderes.
     O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.
    Cumpre-nos, antes, a nós os vivos, dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este ponto tão insignemente adiantado pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos a nós os presentes, dedicarmo-nos à importante tarefa que temos adiante – que estes mortos veneráveis nos inspirem maior devoção à causa pela qual deram a última medida transbordante de esforço – que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão. Que esta nação, com a graça de Deus, renasça na liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da Terra".

19 de novembro de 1863

Abraham Lincoln (1809-1865)

Crédito da imagem: http://twilightstarsong.blogspot.com.br/2012/07/for-weekend-spielbergs-abraham-lincoln.html

sábado, 29 de setembro de 2012

O segredo da eficiência

       
       Um sobrenome colonial, por décadas e gerações, manteve-se na atividade primária. Uma tradição trazida da velha Europa e continuada nas paragens da América Meridional. Terras, lavouras, casa e segredos agrícolas mantinham-se o maior patrimônio, quando foram paulatinamente acumulados e edificados ao longo da ascendência familiar.
       Moradores, como aparentados, amigos e vizinhos, intrigavam-se com os sucessos anuais desta família. Esta, a cada ano, colhia magníficas safras de milho, quando, “num tiro único e certeiro”, acertavam o período próprio da cultura do cereal. Este, havendo em abundância na propriedade, permitia a criação farta de aves, bovinos e suínos. Estes, em decorrência da fartura alimentar e a dedicação do trabalho, pareciam “desenvolver-se como inço”. O curioso relacionava-se a vizinhos, que ensaiavam a imitação nos períodos próprios do cultivo do grão.
      Conversa vai e conversa vem e num certo dia vazou o segredo deste sucesso, quando o plantio sucedia-se próprio ao período das chuvas. O milho, como originário do México/América Central, adora calor e umidade, quando mantinha-se estas condições com o cultivo na época própria. Um singelo segredo fazia a maior diferença, quando produzia dividendos vultosos. A família respeitava um atento observar sobre o comportamento dos quero-queros (Vanellus chilensis). Estes, em setembro e outubro, faziam seus ninhos nos potreiros e roças. A época dos ninhos, em lugares das baixadas e banhados, significa pouca chuva – plantio precoce. Períodos do ninho nos cumes e lavouras, representa muita precipitação – plantio tardio. As aves, com sua extrema sensibilidade, pressentem as condições meteorológicas, quando, a família, no comportamento, inspirava-se para efetuar os plantios.
     Qualquer empreendedor, de sucesso rotineiro, mantêm singelos segredos. Precisa-se de um norte para efetuar magníficas empleitadas. Os humanos, com a sensibilidade do mundo animal, têm muito ainda a aprender com estes.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://www.ribeiro.tc/2010/06/problemas-ecologicos-no-morumbi.html

O suplício da amoreira


 

     Uma singela semente caiu na beira da autoestrada, quando, em meio ao gramado, nasceu um arbusto. A planta, em função do descaso com a limpeza do lugar, pode desenvolver-se sem maiores empecilhos.
    Um grupo de trabalhadores, um belo dia, efetuou um roçado, quando a parte aérea viu-se ceifada do vegetal. As raízes mantiveram-se fortes para permitir a rebrotação, que criou folhas e galhos. A amoreira (Morus nigra), em poucas semanas, viu-se cortada e rebrotada, quando o fato sucedia-se de forma rotineira. O vegetal, apesar da amarga experiência do frequente corte, jamais desanimava da vida. As raízes ampliaram-se e engrossaram, no que mantiveram o contínuo desejo de sobreviver. As dificuldades almejavam suprimi-la deste mundo, todavia a vontade de permanecer existindo era mais forte.
    A existência de muitos indivíduos assemelha-se aos suplícios da árvore. Estes, em meio às carências e obstáculos, mantêm a alegria e satisfação de viver.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagemhttp://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/artigos/amora-preta-uma-fruta-antioxidante/

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Desiderata


     "Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa,  lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
    Tanto quanto possível sem humilhar-se, mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.
     Fale a sua verdade, clara e mansamente.
     Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
     Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.
    Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo.
     Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
    Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja,ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.
     Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.
     Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
     Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
     Seja você mesmo.
     Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
    Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
    Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
     Não se desespere com perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
     Ao lado de uma sadia disciplina conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.
    Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber, a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
     Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der.
    No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
     Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito.
     Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade".

Por Max Ehrmann (1872-1946)

Crédito da imagem: http://gruporefugioeterno.blogspot.com.br/p/imagens-lindas-natureza.html

Deus

     

     Passei tanto tempo Te procurando
     Não sabia onde estavas, olhava para o infinito, não Te via
     E pensava comigo mesmo, será que Tu existes?
     Não me contentava na busca e prosseguia,
     Tentava Te encontrar nas religiões e nos templos
     Tu também não estavas.
     Te busquei através dos sacerdotes e pastores,
     Também não Te encontrei
     Senti-me só, vazio, desesperado e descri.
     E na desgraça Te ofendi,
     E na ofensa Te tropecei,
     E no tropeço caí,
     E na queda senti-me fraco
     Fraco procurei socorro
     No socorro encontrei amigos
     Nos amigos encontrei carinho
     No carinho eu vi nascer o amor
     Com amor eu vi um mundo novo.
     E no mundo novo resolvi viver
    O que recebi, resolvi doar
    Doando alguma coisa muito recebi
    E recebendo senti-me feliz
    E ao ser feliz, encontrei a paz
    E tendo paz foi que enxerguei
   Que dentro de mim é que Tu estavas
   E sem procurar-Te
   Foi que Te encontrei.

Autor Desconhecido
Poesia

Crédito da imagem: http://cadeaminhavida.blogspot.com.br/2012/04/sem-deus.html

Steve Jobs


Steve Jobs Picture

Você tem que encontrar o que ama

     Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
     A primeira história é sobre ligar os pontos.
    Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
     Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”
     Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.
     Eu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos ideia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
     Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
     Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada pôster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
     Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
      Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
    De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
     Minha segunda história é sobre amor e perda.
    Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
    E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.
      Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].
      Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
       A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
      E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
      Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.
      Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
    Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
      Minha terceira história é sobre morte.
    Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
      Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.
      Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
     Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h 30min da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
       Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
       Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
      Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
       O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
      Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
      Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
     E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
     Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
    Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
     “Continue com fome, continue bobo.”
      Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês.        Continuem com fome. Continuem bobos.
      Obrigado.

Steve Jobs (1955-2011)

Uma domesticação ímpar


    

     Algumas famílias, ao longo da história da colonização, têm a presença de espécies caixotes que escondem o abrigo de mirins e jatais. Eles, por algum passatempo, viram-se encaixotados quando ostentam-se uma apreciação a mais nos pátios coloniais. Estas abelhas, sem ferrão, vêm-se instaladas nalgum espaço abrigado do vento sul/minuano assim como de fácil observação. Alguns enxames, pela companhia aos moradores, somam-se de décadas de convivência, quando bem abrigados, em caixas de madeira de lei, encontram-se preservados da umidade.
     Os mirins e jatais mantêm uma nobre missão de auxiliar na polinização das flores, no qual as abelhas maiores de ferrão, encontram dificuldades. O escasso volume de mel, de forma esporádica, tem sido extraído a título de curiosidade e produto medicinal. A própolis como instrumento de combate a viroses na proporção de estar preparado em álcool ou cachaça. A cera como instrumento de capturar outros enxames, como garrafas pet cobertas de lona preta, para ampliar o número de colméias.
     O ambiente quente e úmido leva a sua agitação, quando dias inteiros sobrevoam o espaço colonial. Pode-se apreciar, num ínterim das tarefas caseiras, sua labuta, quando, aos humanos, ostentam-se um modelo de organização e trabalho. Diversas comunidades, a título de ornamentação, podem abrigar-se em caixas, madeiras e pedras. Visitas, na primeira oportunidade, costumam externar opiniões ou processar interrogações sobre os minúsculos insetos. Uns, como jatais amarelos, são chamados de “alemãozinhos” em função da sua coloração e espírito de trabalho. Interessados na aquisição do mel como remédio não faltam assim como compradores esporádicos de colméias. A preferências desses insetos recaí sobre a floração do funcho e da salsa, quando as centenas invadem os espaços cultivados.
      Os insetos, no âmbito das colônias, integram o conjunto das singelas maravilhas dos pátios coloniais, no qual somam-se o cultivo de plantas ornamentais. Procuram realizar sua nobre função, da polinização, quando convivem na harmonia com os humanos. A criançada, ao longo da colonização, tem brincado no encaixotamento destas comunidades, quando, em função da ausência de ferrão, são de fácil manejo. Inúmeras são as histórias desta domesticação.
     As energias boas, no ambiente colonial, costumam harmonizar-se na aspiração de um completar a alegria de outrem. Diversidade de vida costuma ser sinônimo de qualidade e riqueza ambiental.
                                                                      
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://abelhasdobrasil.blogspot.com.br/2012/02/as-lindas-abelhas-jatais.html

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Oração da Sabedoria

     

     Senhor, dá a esperança para vencer minhas ilusões, todas.
     Plantai em meu coração a sementeira do amor
     E ajuda-me a fazer feliz o maior número da humanidade possível, para ampliar os dias risonhos e resumir as noites tristonhas.
   Transforma meus rivais em companheiros, meus companheiros em amigos e meus amigos em entes queridos.
     Não me deixes ser um cordeiro perante os fortes e nem um leão diante dos fracos.
     Dá-me o sabor de saber perdoar e afastai de mim o desejo de vingança.
    Senhor, iluminai meus olhos para que eu veja os defeitos de minha alma e vendai-os para que eu não comente os defeitos alheios.
     Senhor, levai de mim a tristeza e não a entregueis a mais ninguém.
    Enchei meu coração com a divina fé, para sempre louvar o vosso nome e arrancai de mim o orgulho e a presunção.
     Deus, fazei de mim um homem realmente justo.

Autor Desconhecido

Crédito da imagem: http://pensandoavida.com/blog/2010/08/30/reino-de-deus-reino-dos-ceus-onde-esta-isso/


A profecia das formigas


     

     Um plantador, no contexto da horta e do jardim, localizou formigas cortadeiras. Estas, com hábitos noturnos acirrados, faziam um estrago deveras nas rosas, quando deixavam-nas “carecas”. O colono, não teve dúvidas, encontraria os ninhos e introduziria veneno. Chamou-lhe a atenção, no contexto da tarefa, o fato da exagerada cobertura. Camada de folhas e gravetos secos, superiores há uns cinco centímetros, cobriam os ninhos. O morador, no ínterim da falta da água em função da estiagem, pensou: “-Não pode ser prenúncio de chuva! A dificuldade de abundantes chuvas arrasta-se por meses e as formigas parecem contradizer os fenômenos da natureza”. Uns dias transcorreram e abateu água. Arroios e valos, provenientes das cabeceiras dos morros, viram-se abarrotadas da água. O barulho, no contexto das corredeiras e quedas, produzia barulhos e chiados infernais.
     As formigas, com sua extrema sensibilidade, acertaram em cheio os fenômenos meteorológicos. O cidadão conscientizou-se da necessidade de ter muito a aprender com quem vive há milênios nestas plagas. Observar o comportamento dos insetos, como abelhas e formigas, têm muito a dizer-nos sobre a mãe natureza. Estes, com boas semanas de antecedência, revelam os desígnios naturais.
       Quem nós subestimamos costumeiramente tem muito a ensinar! Olhos atentos, do espectador, auxiliam no sucesso das empleitadas econômico-financeiras.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://ministerioigualdadeindependente.webnode.com.br/historia-da-formiga/

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O que o filho pensa do pai


    Aos 7 anos:
    Papai é grande. Sabe tudo!

    Aos 14 anos:
    Parece que papai se engana em certas coisas que diz...

    Aos 20 anos:
    Papai está um pouco atrasado em suas teorias; não são desta época...
    
    Aos 25 anos: 
    O "coroa" não sabe nada... Está caducando, decididamente.

    Aos 35 anos:
    Com minha experiência, meu pai seria, hoje, milionário...

    Aos 45 anos:
    Não sei se consulto o "velho"; talvez ele me pudesse aconselhar...

     Aos 55 anos:
     Que pena papai ter morrido; a verdade é que ele tinha ideias notáveis!

     Aos 60 anos:
     Pobre pai! Era um sábio! Como lastimo tê-lo compreendido tão tarde...

Autor Desconhecido

     


Epitáfio de Ayrton Senna da Silva


"Nada pode me separar do amor de Deus".

Ayrton Senna da Silva (21/03/1960-01/05/1994)

Crédito da imagem: http://www.sennafiles.com/ayrton-senna/



O desafio à teimosia


     

     As abelhas híbridas africanas recém tinham-se instalado na localidade (Boa Vista Fundos-Teutônia/RS), quando uma colmeia vigorosa habitava um tronco oco. Esta, em poucas semanas, acumulara grande quantidade de mel, quando o produto exalava um aroma ímpar. Os insetos, como invasores do espaço, mantinham-se deveras agressivos, quando pouco tinham-se mesclado com as européias. O temor instalou-se nas redondezas, no que os moradores, como apicultores tradicionais e improvisados, mantiveram distância. Ouviram, nos anos de 1970, inúmeros relatos de ataques, quando as notícias advinham pelas ondas radiofônicas.
     Um certo morador, habitante de um recanto do lugarejo, duvidou da ousadia da colméia. Dizia: “-Este fato inexiste de não haver manejo a estes insetos! Eu faço o trabalho de encaixotar a comunidade assim como extrair o mel!” O dono do lote deu-lhe autorização de fazer a coleta, quando esperou um dia propício à atividade. Queria mostrar a teimosia germânica de não fraquejar diante do dilema, “quanto maiores às dúvidas, maior a satisfação de concretizar o duvidado”.
     O colonial, auxiliado por um filho, tomou mãos à obra. Procurou fazer uma excepcional fumaça no fumigador, abrigar-se com vestimenta própria, afiar machado e serra manual, preparar caixa... Iniciou-se, depois de andar uns bons metros nos trilhos de mato, os trabalhos, quando abafou os insetos com intensa fumaça. Cortou-se parte do tronco e deu-se umas machadadas! As abelhas advieram endemoniadas, no que pareciam desafiar a “chaminé ambulante”. Estes abateram-se sobre os elementos... Caíam no chão e atacavam! O colono conheceu a agressividade inimaginada destes insetos, que, diante de uma maior desproteção, matavam com facilidade.
      A persistência continuou para extrair o mel e encaixotar a colméia. Localizou-se a rainha e colocou-a num quadrículo, quando a comunidade viu-se inserida em um caixote. O bicharedo atacava, porém conheceu a eficiência da teimosia teuto-brasileira. O apicultor nunca tinha tomado tamanho número de ferroadas, quando chegaram às centenas. Realizou a tarefa diante da admiração da vizinhança, no que não faltou vontade de correr e safar-se do contexto. O empenhado, como palavra, manteve-se firme com vistas de não cair na chacota.
       Reza a tradição: diga ao alemão que tal coisa não dá! Este, na proporção de aceitar o desafio, faz acontecer diante das maiores agruras e empecilhos em função da sua extrema teimosia.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://ciencia.hsw.uol.com.br/abelha6.htm

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O exército de trabalhadores anônimos


     

     O quente e úmido tomou conta do cenário colonial, quando todas as espécies entocadas criaram vida. A preocupação essencial consistia em viver o prazer de cada momento, porém cumprir uma sina. Esta relaciona-se a multiplicação, no que o sentido maior é a perpetuação das espécies. Aromas, através da floração das plantas, espalham-se pelos espaços, no que o exército anônimo fica adoidado.
    Falo das abelhas, sem momentos de folga, vão devassando os ambientes com vistas de avolumar material às colméias. Uma labuta acirrada, do clarear ao anoitecer, proporciona bilhões de vôos e sobrevôos entre comunidades e flores. Avoluma-se, em cada florzinha, proporções ínfimas de néctar, que em forma de mel, cera e própolis possibilitam a manutenção e a procriação da espécie. Os soldados com uma vida dedicada ao cumprimento da nobre missão.
     Os trabalhadores, na proporção das essências vegetais, nenhum espaço poupam para as visitas. Estes perpassam quaisquer ambientes e seres na medida de haver cheiros adocicados. Florestas, entre baixadas e encostas, encontram-se vasculhadas; lavouras, no contexto das áreas planas e pouco inclinadas, vem-se perpassadas flor por flor; jardins e pomares, nas proximidades das residências coloniais, ganham primazia das atenções... Alguns momentos ímpares, com floração excepcional dos citrus e pitangueiras como exemplo, levam os insetos a fazer uma cantoria grandiosa. Fala-se do zunido no momento da coleta do material, quando dias inteiros de chiados fazem-se ouvir.
     O ritmo de vida, após umas semanas, torna-se ensurdecedor com a enxameação. Comunidades dividem-se com vistas de procurar novos ares, no que algumas precursoras vêm-se destacadas para procurar um lugar próprio à moradia. Pesquisam-se os lugares para encontrar espaços ocos entre pedreiras e troncos, quando apicultores relaxaram na instalação de caixas-iscas. As famílias novas seguem a idêntica escola, que fora assimilada na comunidade original. Um trabalho ardoroso para começar do zero a nova família, que para muitas outras espécies serve de modelo de capricho, dedicação, organização e persistência ao trabalho. Hábitos milenares encontram-se repetidos até a exaustão do soldado anônimo.
     As abelhas, para o atento criador e observador, causam um fascínio e paixão pelo exemplo de vida como comunidade. Fazem os humanos, pela estrutura de organização social, entender a necessidade de aprender muito na sua passagem terrena. Os insetos, numa onipresença, sempre têm alguns representantes em qualquer canto e recanto do planeta.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://profhelena4e5ano.blogspot.com.br/2010/12/vida-das-abelhas-e-doce-mesmo.html

Um espetáculo ímpar


     

     Uma realidade ímpar ocorre em certos pátios coloniais, quando estes ostentam aves, angolistas, galinhas, gansos, marrecos, patos e perus que criam um cenário de aparente confusão e gritaria, que, a longas distâncias, são apreciados. Os alaridos num dia inteiro escorrem pela rotina colonial, quando o bicharedo faz sua festa parcial.
     O maior barulho advém das angolistas, que perpassam certos territórios demarcados continuamente. Quaisquer insetos vêm-se digeridos, quando poucos exemplares sobram da inconveniência. As aves, muito ariscas, continuamente largam alaridos crepitantes, no que instalou-se quaisquer desconfianças. O fato amplia-se com o número de aves, que adoram andar em bandos. A gritaria, entre baixadas e morros, pode ser ouvida numa localidade inteira.
     Poucas famílias ousam criá-las em função da impertinência. A criação dos filhotes mostra-se uma especialidade, quando na tenra idade, não podem com maior umidade. Alguma choca ganha a nobre incumbência de chocar e criar a ninhada, porque os próprios carecem da eficiência para concretizar o feito.   Os bichinhos identificam-se como da espécie das galinhas, no que, depois de certa idade, descobrem as diferenças. Adotaram as chocas como mãe, depois de grandes, quando um afeto mútuo tornou-se costumeiro. A localização, das ninhadas das aves, ostenta-se outra brincadeira entre o criador e as poedeiras. Elas buscam lugares entre moitas e roças, quando mantêm a maior discrição. Ninhadas, com até três dezenas de ovos, acabam achadas no ínterim das procuras. O segredo consiste em cuidar em determinados horários (das treze às dezesseis horas) quando põem neste interim. A inconveniência reside em degustar os brotos das culturas, quando causam prejuízos as lavouras de cereais e forragens. Os criadores relevam situações em função do espetáculo da sua presença, no que animam e enobrecem o cenário rural.
     Os humanos, no contexto rural, precisam de parcerias, quando a monotonia da rotina torna-se uma ilusão. O indivíduo ostenta-se dono do próprio tempo e livre no cenário produtivo, quando muitos, no contexto urbano, ignoram estas facetas existenciais.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

Crédito da imagem: http://rs.quebarato.com.br/sao-sebastiao-do-cai/angolistas-ou-galinhas-d-angola__128990.html