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quarta-feira, 20 de março de 2013

As histórias familiares


Um senhor, pelos anos de experiência e vivência, tinha adquirido e ouvido muitas histórias e relatos. Elas, na sua compreensão particular, constituem-se numa pérola familiar (desperdiçada diante do desinteresse alheio).
A descendência, como filhos e netos, faziam descaso e indiferença. A imaturidade e preocupações variadas permitiam escasso tempo para narrações e relatos. Estas, em menos ou mais anos, acabariam carregadas para sepultura. Algum descendente, lá na idade madura, acabaria lamentando o fato do desleixo e perda desse patrimônio oral.
O cidadão, diante da apatia das atuais gerações, procurou um paliativo. Este, dentro das reminiscências, dava-se a nobre tarefa e tempo de redigi-las. Ele, a cada dia, apontava algumas histórias (com o objetivo de manter viva as memórias). Os rebentos, na sua ausência física, poderiam lê-las e relê-las (como uma espécie de curiosidade e diálogo). A redação permitiria a constituição de livros.
O interessante, com relação aos estudiosos das ciências sociais, relaciona-se aos estranhos. Estes, a título de estudos de épocas e temas, poderiam valer-se desse conhecimento e registros às pesquisas. A história comunitária e familiar via-se postergada no espaço e tempo.  A singela preocupação, como legado da cultura imaterial, levou a produção duma valiosa contribuição literária. O material, depois de escrito e impresso, sempre encontraria eventuais interessados numa variada leitura.
As pessoas, de alguma forma duradoura e esperta, precisam encontrar uma maneira de deixar seu legado. O inverno da vida aconchega-se antes do imaginado, portanto nunca é demais alguns registros. Astutos aqueles que chegam à velhice na proporção de tantos abandonarem a vida na juventude. Aqueles que encontram soluções simples para problemas sérios ostentam-se indivíduos inteligentes e sábios. Quem de nós não gosta de ouvir uma interessante e pitoresca história?

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://poetaeliasakhenaton.blogspot.com.br

Assembleia dos ratos


Era uma vez uma colônia de ratos, que viviam com medo de um gato. Resolveram fazer uma assembléia para encontrar um jeito de acabar com aquele transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim, um jovem e esperto rato levantou-se e deu uma excelente ideia:
- Vamos pendurar uma sineta no pescoço do gato e assim, sempre que ele estiver por perto ouviremos a sineta tocar e poderemos fugir correndo.
Todos os ratos bateram palmas; o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um velho rato que tinha permanecido calado, levantou-se de seu canto e disse:
- O plano é inteligente e muito bom. Isto com certeza porá fim às nossas preocupações. Só falta uma coisa: quem vai pendurar a sineta no pescoço do gato?

Moral da história:
Falar é fácil, fazer é que é difícil.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://quartarepublica.blogspot.com.br/2011/05/os-gatos-e-os-guizos.html