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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre a vida

Mar e o Sol Wallpaper
Assim como um dia bem aproveitado te dará um sono feliz igualmente uma vida bem aproveitada te dará uma boa morte.
A felicidade máxima será a origem da infelicidade e a perfeição da sapiência será a origem de estultícia.
No instante em que acreditar ter aprendido a viver, terei aprendido a morrer.
Se uma vida é bem aproveitada, ela é longa.
Aquele que não ama a vida não a merece.
Eu te obedeço, meu Senhor Deus, em primeiro lugar porque a razão me diz que Te devo amar. Em segundo, porque Teu é o poder de encurtar e prolongar a vida dos homens.

Autor desconhecido

Os Singelos Dons


Uma família, durante uns bons anos, lavrou e capinou determinada área. Uma realidade rotineira antes do advento dos herbicidas e tratores (plantio direto). A prática agrícola/rural, na época, mostrava-se comum nas plantações. Desconhecia-se a comodidade das capinas mecânicas. As lavouras, à sobrevivência familiar, ganhavam uma gama de culturas. O lema consistia em produzir para não precisar comprar.
O inço, numa certa altura, obrigava a tomar medidas de extermínio/capina. A concorrência exagerada, entre culturas e daninhas, obrigava um combate acirrado caso contrário o insucesso encontrava-se implementado na roça. A família, pai, mãe e filhos, viam-se capinando em meio ao sol inclemente. Uma parada momentânea, no horário da água ou lanche debaixo duma sombra, entendia-se como refresco.
Um local, numa certa altura dos trabalhos, chamou atenção entre os capinadores. Um lugarzinho úmido em meio ao ambiente geral seco. Algum descuido, nas ocasiões anteriores, levara-os a desperceber o fato. Procuraram, em meio a localização exata, cavocar o manancial. Adveio a surpresa: algum filete d’água brotava do interior da terra.
O filete levou a admiração! Abriu-se um reservatório e tornou-se filão. Passou-se, ao seu redor, cultivar culturas próprias aos ambientes úmidos. Vislumbrou-se oportunidades às bananeiras, chuchus, inhames... Plantou-se as culturas e algum esterco viu-se acrescido. Magníficos plantas brotaram daquele solo e os frutos, em meses, deram os ares da sua agradável graça. A abundância adveio enobrecer o consumo (familiar e animal). Alguns produtos, como cortesia/escambo, viam-se doados a parentes e vizinhos. Novas espécies, em função da umidade, advieram como fauna e flora. Instalou-se um micro-ambiente próprio.
O exemplo retrata a velha lógica. A necessidade de vislumbrar oportunidades (diante das situações adversas). Cada espaço tem seus dilemas e utilidades. O tesouro precisa ser vislumbrado, explorado e cuidado. O idêntico aplica-se aos dons e vocações. Estas, estando adormecidas, igualam-se ao manancial. Afloram, nalgum momento inesperado, com a idade e oportunidade. Os dons adormecidos/hibernados, inúmeros e variados, “merecem as devidas atenções e investimentos com vistas de produzir abençoados frutos”. Vislumbremos nossas dádivas e horizontes para cultivar as plantas do espírito!
A grandiosidade dos dons conhece-se nos relacionamentos familiares e comunitários. Quem de nós não ostenta dons e segredos íntimos? Alguma brincadeira ou passatempo, em momentos oportunos, torna-se a essência  dos negócios. O sucesso da sobrevivência reside no conciliar das necessidades com os dons.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)