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segunda-feira, 11 de março de 2013

Debaixo do nariz


Uma família, depois de um suado e trabalhado ano, foi tirar as devidas e merecidas férias. O local escolhido ostentava-se uma conceituada praia. Estas folgas, planejadas e sonhadas a um bom tempo, tiveram o devido cuidado com os detalhes financeiros. Alguma reserva, em forma de dinheiro vivo, foi carregado na bagagem. O objetivo, num primeiro momento, consistia em abster-se de correr e procurar alguma agência bancária/caixa eletrônico para saques.
A família, de quatro membros, achegou-se a casa pré-alugada. Os materiais, em forma de bagagem, foram descarregadas do veículo. A ânsia e a pressa, de imediato, foi correr na direção das águas do mar. Os membros queriam usufruir do devido e merecido banho. Este almejado e imaginado a uns bons meses. O intenso calor, do momento da viagem, ainda reforçaram as necessidades e pretensões  O genitor, como pessoa tarimbada pela sabedoria da vida, manteve uma apressada e singela cautela e precaução.
Os “espertalhões e malandros”, disseminados e a espreita nos inúmeros espaços, ficaram de tocaia (diante dum eventual cochilo alheio). Visitantes novos, dinheiro na certa, como medida de precaução contra imprevistos. Um trio, com um elemento dando cobertura a transgressão, foram vasculhar o interior da residência pré-alugada. Os invasores, de forma minuciosa, viraram e reviraram os bens e materiais alheios. Estes, na afobação e pressa, devassaram o ambiente e nada do almejado dinheiro aparecer. O forasteiro deveria carecer deste ou guardá-lo nalgum  lugar excepcional. O espaço, nos cantos e recantos do cubículo, foram vasculhados e nada. Quê frustração e risco aos oportunistas!
O cidadão, como camarada astuto e esperto, tinha guardado o numerário num lugar impensado. Este, como artimanha e precaução, tinha espalhado o dinheiro debaixo dum tapete (da entrada da porta frontal). Os larápios, apressados e agitados, pisaram e repisaram nas notas, porém deixaram de localizá-las no descuido e inexperiência. Estes esqueceram-se de averiguar o lugar óbvio.
A felicidade de uns é a infelicidade de outros. A generalizada impunidade incentiva a malandragem. O excesso de malandros leva a escancarada roubalheira. A pilhagem, sob diversas formas cobertas ou veladas, parece impregnada no gênero humano. Os lugares menos imaginados costumam ser os mais seguros.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://produto.mercadolivre.com.br