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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

"O aroma divino"



            A primavera, no contexto do veranico de inverno (agosto), tomou conta do cenário colonial, quando as plantas deram o “sopro da vida”. Flores, de variadas espécies, tomaram conta dos ambientes, quando os insetos, “adeptos do doce” “fazem o maior carnaval”.
            O cheiro, como bergamoteiras, laranjeiras e limoeiros, em floração, espalham aromas majestosos, quando andamos pelos pátios coloniais. Um bálsamo divino aos pulmões dos moradores, quando, além das frutas e do mel, conhecem a recompensa do esforço e trabalho. Soma-se, além dos citros, floração das amoreiras, pessegueiros, pitangueiras, roseiras, orquídeas... O ambiente é fruto do capricho da mão milagrosa das mulheres, as quais mostram-se ímpares nas floreiras. Uma gama de espécies, de coloridos e formas variadas, viram-se avolumadas e domesticadas por gerações nos diversos pátios coloniais.
            O estado do jardim, das cercanias das casas, em boa dose, representam o espírito e o modo de vida dos moradores, quando capricho, dedicação e trabalho ostenta-se um modo de vida. O cuidado, no ínterim das muitas e variadas tarefas, duma propriedade agrícola, ganha atenção, quando soma-se aos afazeres da casa, cuidados familiares, cultivo/manutenção da horta... O florido parece receber com maior grado as visitas, quando entram em um ambiente repleto de vida e ostentando facetas das centelhas divinas. Outros aromas, como dos ciprestes, podem somar-se ao conjunto dos cheiros, quando acentuam-se as mudanças e oscilações do tempo.
            Os pátios, como alegria e realização, somam-se aos prazeres da vida rural, no qual têm-se convivência, diálogo, liberdade, natureza, paz... Uma distância da loucura da vida moderna, que seja barulho, drogadição, egoísmo, ganância, poluição, velocidade...

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://cuidandonossocanteirointerior.blogspot.com.br/2010/10/iniciar-semana-refletindo.html

"Os silos de ideias"


            Os homens, com o aprimoramento cultural e espiritual, escreveram uma odisseia ímpar que, com o advento da escrita, constituiu-se numa das maiores descobertas. Os indivíduos, no tempo, podem conversar com uma infinidade de gerações, que sucedem-se no contexto do desenrolar da História.
            Os humanos abandonando a caça e a coleta, em função do aumento populacional, descobriram a agricultura e a criação. Animais e plantas, domesticados e bem abastecidos, viram-se muitíssimos produtivos, quando poderiam acumular reservas. O conhecimento e a experiência, com o contínuo manejo, foram criando abundâncias, que precisaram de controle e guarda. Adveio a ideia da edificação de locais próprios à armazenagem, no qual diante das intempéries do tempo, pudessem ser estocadas as reservas. Criou-se outra necessidade da infraestrutura e segurança, no qual havia dimensão de quantidades. Estes precisaram duma comunicação no tempo e na distância, quando advieram as escritas e os livros. Estes, a semelhança das reservas alimentares, constituíram-se em depósitos de ideias e vivências, quando, apontamentos literários tornaram-se silos de conhecimentos e estudos. Os muitos e variados registros, em forma de fragmentos e livros, necessitaram de depósitos próprios, que são as chamadas bibliotecas. O acúmulo das produções estabeleceu tesouros, que narram a epopeia humana na sua trajetória terrena. Qualquer um, de acordo aos interesses e necessidades, pode falar com os acontecimentos e fatos do passado com razão de reinterpretá-los no presente com o desejo de vislumbrar luzes no futuro.
            Almas, em formação ou polidas, podem comunicar-se e interagir com estudiosos e sábios nestes silos, quando, a cada consulta e reconsulta, encontram pérolas da História. Os silos armazenam grãos; livros guardam ideias; bibliotecas ostentam as fortunas do porvir.   


Guido Lang
Jornal NH, p. 18
28 de setembro de 2007