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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

As fábricas de alimentos



O cenário colonial, em inúmeras localidades, conheceu monstruosos prédios, que relacionam-se a aviários, chiqueiros e tambos. Estes, a nível de inúmeras toneladas, produzem carnes, leite e ovos, que abastecem os grandes centros urbanos. Revelam-se aparentes empresas de pequeno porte, quando movimentam uma engrenagem econômica milionária. Esta, em forma de rações, recebe matéria-prima e produz outra na industrialização dos dividendos. Inovações contínuas acontecem na proporção de ainda mais ampliar a produtividade; desconhece-se os reais limites desta produção ao longo do tempo.
O curioso relaciona-se a disciplina prussiana do proprietário que necessita dedicar-se de corpo e alma no atendimento aos animais. Qualquer cochilo ou relapso representa queda de produtividade, no que desconhece-se horários noturnos, feriados e finais de semana. Uma vocação agrícola ímpar vê-se refletida neste negócio, quando os proprietários “vêm-se amarrados as propriedades”. Possui uma obrigação de cumprir metas; permite descontinuar no sistema integrado das cooperativas e empresas ligadas. A renumeração, no sistema de rodízio familiar dos cuidados, sucede-se pela criação per capita de animais e litros produzidos. Os ovos necessariamente pelas dúzias!
Inúmeras famílias avolumaram suas economias privadas para investir em instalações. Outros recorreram aos empréstimos bancários, quando necessitaram dar os imóveis de garantia de pagamento dos empréstimos. O patrimônio familiar de terras e casa, ostenta-se resguardado em mão de grandes empresas bancárias, enquanto os débitos, com  a evacuação de produção, podem ser pagos. O fato criou uma nova situação que os participantes nem querem ouvir falar. Eles tornaram-se empregados nas próprias propriedades, que, ao longo das décadas de colonização, foi o símbolo de autonomia, liberdade e independência.
Os antigos, com os peitos estufados, diziam: “-Somos donos do nosso próprio nariz! Podemos tirar folga ou trabalhar conforme as nossas próprias conveniências”. Novos tempos, novas realidades na proporção das mudanças econômicas. Uns poucos, de maneira nenhuma, “deixam-se laçar como boi manso no potreiro”; mantem-se arredios e desconfiados com as grandes empresas. Procuram arrastar-se com a singela produção até alcançar a aposentadoria e os filhos esvaziarem-se na direção das cidades.
Os “cantos das sereias” mantêm-se um espetáculo produtivo ímpar (para quem assiste de fora). Os envolvidos veem-se continuamente pressionados por exigências de mercados e preços, quando sentem-se prensados entre as macroestruturas.

Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://www.portalagropecuario.com.br/bovinos/pecuaria-de-corte/saiba-quais-sao-algumas-das-exigencias-nutritivas-do-gado-de-corte/