Translate

sábado, 19 de janeiro de 2013

Provérbios japoneses

  1. A reputação de mil anos pode ser determinada pelo comportamento de uma hora.
  2. A vida dura uma geração, um bom nome dura para sempre.
  3. Já que vai ser cachorro, seja cachorro de um grande dono.
  4. Endireita o galho enquanto a árvore é nova.
  5. Um cachorro vivo é melhor do que um leão morto.
  6. Cutuque o arbusto e uma cobra dele sairá.
  7. Ao entrar na vila, obedeça aos que nela moram.
  8. O sapo do poço, não conhece o oceano.
  9. Ganhar dinheiro é como cavar com um alfinete na areia, perder dinheiro é como jogar água na areia.
  10. O macaco também cai da árvore.
  11. Um pássaro nunca faz seu ninho em uma árvore seca.
  12. Se é para buscar abrigo, que seja sobre uma árvore grande.
  13. A grama do vizinho está sempre mais verde.
  14. Um coração alegra faz tantos bens como os remédios.
  15. O cachorro se apega à pessoa e o gato à casa.
  16. O bambu que se curva é mais forte do que o carvalho que resiste.
  17. Caia sete vezes, levante-se oito.
  18. As dificuldades são como montanhas. Elas se aplainam à medida que avançamos sobre elas.
  19. Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota.
  20. O homem justo é aquele que briga porque é necessário.
  21. Vença a si mesmo e terás vencido seu maior adversário.
  22. Até a jornada de mil milhas começa com um único passo.
  23. Quando se esquece de si mesmo, se entra em harmonia com o universo.
  24. Aquele que ri ao invés de enfurecer-se é sempre o mais forte.
  25. A árvore quer sossego, mas o vento não para de incomodá-la.
Crédito da imagem: https://woc.uc.pt/antropologia/event/dataNews.do?elementId=140&tipo=historico

Impressões do Paraguai


Tivemos, nos dias 02 a 04 de fevereiro de 1997, a oportunidade de conhecer aspectos do Paraguai. Viajamos pela região leste do país. Um espaço agrícola desenvolvido com predomínio da soja. Esta área, na prática, é uma continuação da porção sudoeste do Planalto Meridional Brasileiro. O cenário de terrenos ondulados e terra roxa assemelha-se muitíssimo a realidade paranaense. A soja, nesta época do ano, forma um cenário de tapete verde e ocupa dimensões vastas (a visão do viajante rodoviário).
A cobertura verde cobre os baixos planaltos. Estes, nalgumas décadas, eram tomadas pela selva ou esporádicos cultivos de erva-mate e óleos vegetais. Estas culturas, em função do baixo preço e dificuldades de colheita (mecânica), foram praticamente suprimidas. As poucas lavouras, numa questão de anos, parecem também ceder espaço a planta oleaginosa. Os resquícios da Floresta Pluvial Subtropical subsistem unicamente nas áreas úmidas. Os locais, numa espécie de banhados, onde a mecanização agrícola depara-se com dificuldades. Os baixos planaltos, na sua confluência, unicamente mantém restos de floresta (como reservas dos biomas).
A visita concentrou-se na parte sul do Paraguai. O território da junção do Rio Paraná com o Paraguai. Esta área é ocupada por comunidades nipo-paraguaias, teuto-paraguaias, teuto-brasileiras e naturais (mescla de índios com espanhóis). Os japoneses, num empreendimento do governo nipônico, ocupam os melhores solos. Estes localizam-se nos espaços mais elevados dos terrenos. As famílias residem nos seus lotes de terras. Cultivam, paralelo a soja, alguma erva-mate e “tum” (planta propícia para extração de óleo vegetal).
A criação de gado encontra alguma expressão. Esta destina-se ao abate e produção de leite. Efetua-se nos solos mais úmidos, no qual cultivou-se pastagens (permanentes). As culturas de subsistências, como cana, cítricos, mandioca, milho, tabaco, ganham maior importância nas terras dos “paraguaios” (nativos). As plantações, de subsistência, localizam-se ao longo das estradas e terrenos interiores (menos propícios a mecanização). Estas propriedades possuem dimensões diminutas (de meio a dois hectares), que, na medida do interesse dos “forasteiros de descendência asiática e europeia”, acabam comercializadas aos intrusos. Estes, de preferência, desejam lotes uniformizados, que carecem de maiores empecilhos às máquinas agrícolas.
A sociedade paraguaia apresenta acentuados contrastes. Esta condição é comum nos países terceiro mundistas. Os descendentes de asiáticos e europeus assumiram o poder econômico. Estes concentram o maquinário e as terras. Estes compreendem-se “os grandes  invasores do Paraguai”,  pois introduziram a agricultura de exportação e modelo capitalista de exploração. Os plantadores dizem-se os principais contribuintes e empreendedores do Estado Nacional.  Este, na proporção da modernidade e problemas nacionais, começa a elevar encargos e taxas.
Os guaranis, principal nação nativa, viveriam nas reservas (próximas ao Rio Paraguai). Estes, nos hábitos próprios, encontrar-se-iam em vias de extinguir-se (em função da miscigenação). A sobrevivência adviria da prática de alguma agricultura de subsistência. A comercialização da madeira-de-lei, das reservas, seria a principal fonte de renda. Estes, conforme a versão corrente, seriam vistos unicamente nas vésperas dos dias chuvosos. O período em que “colocariam os pés nas estradas”.
Os paraguaios, mestiços e naturais formam a esmagadora maioria da população. Esta sobrevive de pequenos cultivos e empregam-se esporadicamente como assalariados/diaristas rurais. Eles vivem espalhados ao longo das estradas e interiores (beira de estradas de chão batido e lavouras). Habitam humildes residências (de chão batido e de madeira). O conforto maior da inovação mostra-se a energia elétrica. Diversos moradores possuem a rede próxima à moradia, porém carecem das instalações. Os ganhos instáveis impossibilitaria custear a baixa taxa mensal.
Chama atenção que coabitam certas desconfianças entre as diversas comunidades/etnias. Elas mantém relações econômicas, no entanto, cada qual ostenta suas entidades recreativas e sociais. Cada descendência é muitíssimo consciente dos seus costumes e tradições. Os hábitos e a língua, dos seus ancestrais, mantêm-se ativa e preservada.
O Paraguai é um mercado livre às importações. O consumidor pode comprar objetos das mais diversas procedências. Os mercados, espalhados ao longo dos escassos centros urbanos, oferecem uma gama de artigos. O fato explica-se em função da escassa industrialização. Esta restringe-se praticamente ao fabrico de produtos alimentares. Os artigos brasileiros ganham muitíssima aceitação assim como os do sudeste asiático. Os programas televisivos assistidos são os brasileiros. A telefonia rural ou celular carece de uma maior difusão assim como as estradas pavimentadas. Poucas estradas nacionais são asfaltadas. As secundárias são exclusivamente de chão batido. Este fato obriga a importação dos potentes veículos japoneses. Estes, em função da tração nas quatro rodas, andam em “quaisquer caminhos esburacados e de roça”.
As fontes naturais e poços artesianos predominam nas residências. O encanamento comunitário ou rede pública encontra-se carente. As queixas, no momento, são muitas com o neoliberalismo e o Mercosul, quando os preços da produção primária encontram-se em franca derrocada. A população convive com uma superprodução de artigos, mas depara-se com a ausência de recursos financeiros (ao consumo). As margens de lucro tornam-se continuamente estreita, quando exige inovação dos produtores (com vistas de diminuir custos).
Conhecer a nação platina é uma opção interessante. Informa-nos da intensa agricultura comercial da soja. Retrata facetas da internacionalização comercial. Ostenta acentuadas diferenças culturais entre as comunidades... O camarada, na proporção de viajar, valoriza mais o torrão brasileiro. Convive-se com maior conforto, depara-se com possibilidades de emprego, obtém a harmonia étnica... A visita, portanto, possibilitou conhecer outra realidade econômica-social. Abriu novos horizontes de conhecimentos e experiências.

Fonte: Guido Lang. Jornal O Fato, n°1115, dia 25.02.1997, pág. 02 (texto reescrito).

Crédito da imagem: http://www.agrocim.com.br/noticia/Soja-Paraguai-registra-nova-expansao-da-safra-por-conta-do-clima-favoravel.html