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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Aniversário de 1 ano do blog

O primeiro ano de muitos anos de vida!


Crédito da imagem: http://dicasdasabrina.com.br

A galinha


Era uma vez uma pequena galinha que achou alguns grãos de trigo.
- Vamos plantá-los e teremos pão. Querem me ajudar?
- Não! - responderam em coro os bichos que povoavam a granja.
Ela semeou, e o trigo cresceu.
- Vamos colhê-lo! - Propôs ela.
- Eu não! - exclamou o pato.
- Vou perder o meu seguro desemprego - Protestou o ganso.
- Ficarei sem meus benefícios sociais - Resmungou o porco.
E a pequena galinha fez a colheita sem auxílio de ninguém.
- Quem me ajuda a fazer o pão? - Perguntou ela.
- Isso significa horas extras - Murmurou a vaca.
- Perderei as minhas vantagens sociais - Gritou o marreco.
- Para mim, seria uma discriminação social - Retorquiu o ganso.
E a pequena galinha preparou e assou o pão sozinha.
Mas, quando o pão ficou pronto, todos queriam comê-lo.
A galinha disse:
- Mas eu posso comê-lo sem que ninguém me ajude.
- Exploradora! - Mugiu irada a vaca.
- Suja capitalista! - Berrou o pato.
- Violam os meus direitos! - Reclamou o ganso.
E o porco se pôs a grunhir. Os animais organizaram uma passeata. Num grande cartaz, pintaram a palavra “injustiça”, e gritaram muitas obscenidades contra a pequena galinha.
Até que chegou o cobrador dos impostos. Por arte dos outros animais, ele convenceu a galinha de que devia pagar uma grande parte do seu pão. O fruto do imposto, portanto, beneficiaria aos outros.


Resultado: Todos comeram. Mas a granja nunca mais voltou a ter pão.

Ronald Reagan (1911 - 2004)

Crédito da imagem: http://www.criacionismo.com.br

Os elogios da bonança




Uma caneleira preta vivia seus dias de esplendor e glória! Admiradores e bajuladores não lhe faltaram nos dias de opulência e saliência! Cada próximo pedia aconchegos e mimos!
A árvore, localizada no interior do brejo e margem do mato, ostentava excepcionais folhas, frondosos galhos e magnífico tronco. Quaisquer viventes, na proporção da passagem, reparavam a exuberância e magnitude.
Uns forasteiros chegaram a comentar: “ - Que ímpar caneleira essa! Por que não a derrubam para fazer guias, sarrafos ou tábuas?” O extrativismo vegetal visto como mera possibilidade financeira! A ganância despertada a serviço da obtenção de dinheiro!
Aves, em nome da diversão e proteção, procuravam refúgio no interior da copa. Estas, nos vôos e sobrevôos, viviam a defecar pelas cercanias dos galhos e tronco. O discurso, em meio às justificativas dos atos, consistia numa aparente gratidão (para adubar as volumosas raízes).
Algumas miúdas sementes, inseridas como excrementos, passaram a germinar e trazer o germe da concorrência e morte! A caneleira, em meio aos elogios e euforia, esquecia-se da astúcia e esperteza dos humildes!
O vegetal, com tamanhos admiradores e referências, parecia acreditar e agradecer pelas muitas bajulações e conversas. Estas, aos próximos, dizia: “- Nenhuma outra planta a minha altura para fazer sombra!”
O vento, com a proximidade da chuva, certo dia avolumou-se no horizonte. Este, como força da movimentação do ar, abateu-se numa forte e repentina rajada. Dois grossos galhos, de supetão, viram-se danificados e derrubados!
As feridas abriram uma tremenda clareira. As miúdas plantas, germinadas a partir das sementes, cresceram e começaram a fazer concorrência. Os aventureiros valeram-se da oportunidade para destroná-la do nobre posto. Esta, em poucos anos, vira-se condenada e sufocada!
Os autoelogios costumam ostentar cheiros impróprios. A bonança e opulência atiça a ganância. Quaisquer excessos inserem o potencial das desgraças e distorções.

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.riodosul.sc.gov.br