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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Os adversos moldes


O sujeito, na classe de profissional autodidata e braçal, encorpa no pesado o sustento. O ofício, na condição de pedreiro, exige destreza e energia. O horário, na entrada e largada, calha no clássico cronômetro. O trabalho, na densa argamassa e pedra, avulta horas e suor. O apropriado assistente, no acessório, apressa e facilita a obra. O enigma, no bom apresto da massa, advém na propriedade dos afazeres. O laborioso, no fecho das semanas, avalia na ponta da língua as empilhadas horas. O cálculo, no crédito, flui no saldo espontâneo. O dinheiro, no construtor/dono, decreta cobertura no atenho. O numerário, no amontoado semanal da pesada mão, escorre no frouxo modo. Os achaques, na porção do baralho, bebida, cigarro e folia, absorvem o fruto do trabalho. A expressão exibe: O sujeito, no difícil auferir dinheiro, precisaria gastar na segura mão. O amassa-barro, no afortunado, acorre na infrequência da sorte do apostador. As impróprias atitudes, no prático, educam nos adversos moldes.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria"

Crédito da imagem: http://virusdaarte.net/pedro-pedreiro/


A miscelânea de funções


O sujeito, no instruído das colônias, assimilou alma aprimorada e mudável. Os pais, na circunstância das matas, morros e roças, versaram em instruir nas obrigações e problemas. Os misteres, na labuta rural, acorriam na pluralidade de afazeres e funções. O filho das colônias, nos acasos e bruscos, deve idealizar e improvisar saídas. A expressão, na ciência empírica, denota manejar variedade de ações e utensílios. O operoso, no experto, deve saber de tudo um pouco. A fórmula, no teste, abarca arrumação, construção, cozinha, criação, plantação... O fato, na conjuntura das migrações, tornou indivíduo característico nas cidades. O disciplinado, no chão do campo, tornou-se especial no plano das oficinas. A utilidade, na inteligência, avalia-se nas épocas das crises. A contratação, no ofício, anda baixa e escassa. O prático, no contíguo dos afazeres, ganha expressão na ascensão dos postos. Os pais, no calejado das vivências, tratam de educar filhos nos preceitos das origens.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/41060-vida-rural-ii.htm

Pintura de Antonio Gomes Comonian.

Imagem meramente ilustrativa.


Os segredos dos porões


As habitações, no modelo de edificação dos antigos, caíam nos benévolos e extensos porões. As espessas obras, em madeiras e pedras, desafiam ações do tempo. Os ambientes, no decurso das estações e gerações, variaram valiosos paióis. Os residentes, em produções e petrechos, formaram depósitos e dispensas. Os utensílios, no abrigado e estirado, descrevem evolução das ciências e técnicas. Os ajuizados, no período da nacionalização (1939-1945), trataram de sepultar acervos (bibliográficos). Os poupadores, no numerário em reservas, versaram de soterrar jóias/moedas... Sensatas moradas, em colunas, inventaram de improvisar camuflados castelos e fortes. O ambiente, no extremo calor ou frio, assistiu-se no abrigo das intempéries. Os ataques, na mostra da Revolução Federalista (1893-1895), sinalizaram defesa e esconderijo. As famílias, no agradável do fresco e sombrio, trataram de consagrar atmosfera. Os porões, no padrão das edificações, contam ciência e fortuna dos idealizadores.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1438086

Imagem de Rene Hass, 2011.


O presságio dos galos


Os alaridos, na circunstância das localidades, sinalizam presença das criações. Os galos, nas caladas manhãs e tardes, apontam aparências e pátios. A cantoria, no alento da idade, exterioriza solicitação e volúpia.  O anseio, no camuflado, incide em aliciar ou manter harém. Os residentes, na vivência dos filhos das colônias, instituíram explicação e profecia. A crendice, na memória oral, transcorre gerações e paragens. A cantoria, na dicção abafada e demorada, corta ambiente e distância. O tempo, no ar rarefeito e calor infernal, assinala agouro e sufoco. A seresta, em três dias continuados no tom, delineia agonia e morte. Algum perecimento, no meio comunitário e circunvizinho, existiria no curso e fecho. A pessoa, no amparo final, vestiria alívio e destino. A natureza, no artifício da seleção natural, busca reciclar linhagens. Os agnósticos, nas arengas, discorrem ocasionais acasos. Os supersticiosos, no presságio, conferem escondida faculdade. As superstições, no usual, nutrem algum fundo de verdade.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://noticias.band.uol.com.br/