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sexta-feira, 19 de abril de 2013

O princípio básico


Um camarada, como pacato cidadão, começou a vida econômica do nada (com o tradicional princípio de “uma mão vazia atrás e outra vazia na frente”). Este, para sobreviver, precisou labutar em inúmeras profissões e tarefas.
O trabalho, a título de exemplos, começou como colono, cortador/sapateiro, técnico agrícola, garçom, educador... O princípio, em todas as empreitadas, consistiu em ostentar honestidade. “Ganhar o pão de cada dia” com transparência nos negócios e trabalhos. Conquistar a confiança e consideração dos chefes, colegas e patrões.
A vida, nos seus aprendizados diários, ensinaram-lhe alguns sigilos financeiros. O segredo do dinheiro consistia em fazê-lo produzir por si só do que realmente trabalhar. Este, a partir de contínuas e esparsas sobras, precisava comprar à vista (com pedido dos descontos), evitar desperdícios de toda ordem (mesmo em meio as maiores farturas), investir cotas na geração de dividendos...
O básico, como segredo dos segredos, consistia em nunca gastar mais do que os reais ganhos. Algumas sobras, mesmo em míseros reais (a cada final de mês), eram uma realidade perene (numa espécie de fundo de autofinanciamento). Alguma despesa imprevista via-se custeada com valores dessas reservas e, na primeira oportunidade, repostas na quantidade.
Os negócios mantinham uma sabedoria básica. Jamais subtrair algum real devido a alguém. O preferível era doá-lo do que descontá-lo! Os comentários e falatórios, decorrentes dessa subtração, eram bem mais maléficos e onerosos (do que o real poder de compra desse modesto valor). As conversas e desconfiança cerravam portas aqui e acolá. O crédito, recebido como dádiva, abria janelas e portas (em função das amigáveis e boas referências).
O hábito, dentro das possibilidades, era ostentar um espírito de doador. Amigos, conhecidos e vizinhos, na proporção das disponibilidades e visitas, recebiam alguma dádiva/lembrança/mimo. Este, como consideração e satisfação, proporcionava outras bênçãos (numa espécie de corrente humana).
A vizinhança, a título de exemplo, eram uma espécie de segurança às necessidade proeminentes e infortúnios. As pessoas, aos forasteiros, davam amistosas referências da boa parceria. Amigos e conhecidos mantinham-se predispostos a ampliar e intensificar relações.
O comportamento revela uma singela realidade. Os negócios e oportunidades brotam na medida da amizade e bondade. Estes, na conquistada confiança, encontram-se nos cantos e recantos dos espaços. Quaisquer iniciativas, com as mãos milagrosas, frutificam em ricas bênçãos e oportunidades. A sorte acompanha-o nas várias andanças e atropelos. As diversas vocações, em função do tempo, não conseguia dar cabo a todas!
A vida é curta para vivermos no egoísmo e ganância. O cidadão precisa pouco para viver e o muito convém compartilhar como dádiva com os semelhantes. Deus dá-nos em abundância e pouco custa dividir quantias dessa fartura. O real tesouro reside na grandeza de espírito e pouco nas acumuladas porções materiais.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Econômico”

Crédito da imagem: http://www.efecade.com.br

O bezerro e o boi velho


Tinha um lavrador um boi já velho, mestre no ofício de puxar carros; deu-lhe por companheiro um bezerro ainda mal domado e todo serelepe. O boi velho viu um insulto em semelhante parceria.
- Olha - disse-lhe o lavrador - não te emparelho com ele na minha estima. O junto a ti, para que com o teu exemplo aprenda. Aproveite, poderás lhe deixar carregar o maior peso e de tanto te acharás aliviado.

Moral da história:
Cumpre dar aos mancebos boa companhia de homens sisudos e circunspectos; uns e outros com isso aproveitam.

                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                         Crédito da imagem: http://ptax.dyndns.org