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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A achegada dos filhos


Uma família, em meio às dificuldades de cada dia, criou meia dúzia de filhos. Um desafio, como produtores rurais, sustentar tamanho número de bocas!
O objetivo, na época própria, era constituir auxiliares ao trabalho familiar. Os rebentos, antes do imaginado, cresceram rápidos e seguiram a sina!
O primeiro passo, diante das oportunidades e propostas, foi abandonar o lar. A preocupação essencial era ganhar o pão de cada dia e profissionalizar-se no trabalho!
Um membro após o outro tomou a direção do mundo. O destino revelou-se as cidades. O pessoal, num “vap e vup”, espalhou-se aos quadrantes. A distância tomou sentido!
Os pais, a cada anoitecer, estranharam a realidade do silêncio. Eles, a cada escurecer, imaginaram o presenciar da achegada dos filhos. Eles deveriam estar em casa neste horário!
A ausência e saudade consistiram em ver ninguém chegar. O ambiente carecia daquela agitação e bagunça. O espaço, na exclusiva presença dos genitores, parecia inerte e triste!
A vida começava a revelar a melancolia do desfecho da jornada. Os anos transcorreram apressados. A idade, a cada aniversário, parecia fluir mais rápido!
As realizações e valores, duma civilização e geração, caem por terra antes do imaginado! O indivíduo, no presente, revela-se um mero elo entre o passado e futuro!
Certas descobertas e experiências assimilam-se unicamente com o peso dos anos. Os filhos crescidos e independentes, trazendo os netos, proporcionam a dimensão da transitoriedade da existência!

                                                                                           Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências” 

Crédito da imagem: http://globoesporte.globo.com/platb/philrajzman/page/4/

A distância do trabalho


Dois assalariados, numa época, labutaram numa década no idêntico estabelecimento. As partes, a cada dia, conversavam e trocavam informações!
A condição de veteranos, na ascensão profissional, levou a mudança de setores do serviço.
O curioso relacionou-se aos encontros. Os funcionários, no mesmo prédio, labutavam os dias e meses. A distância, dos locais de trabalho, era de menos de uma centena de metros!
Um, nos serviços, fazia o expediente no andar de baixo e outro andar acima. O contato, deveras ocasional, fazia-se unicamente nas entradas e saídas!
A preocupação essencial consistia em seguir a sina da sobrevivência. Os ambientes, cenários, colegas e horários mudaram nas andanças e mudanças dos cargos e postos!
A amizade e cumprimentos sustentaram-se nos esporádicos encontros e reencontros. As afinidades, com a falta de convivência, passaram a ser diminutas e restritas!
Os amigos, numa existência, carecem de preencher uma mão cheia. Os familiares, numa emergência, revelam-se unicamente os verdadeiros companheiros e parceiros!
A realidade revela: as pessoas encontram-se distantes nos interesses e perto nas distâncias. Os relacionamentos, nos ambientes urbanos, carecem de criar maiores afetos e vínculos (prevalece a ideia: “cada um para si e Deus para todos”).

                                                                                               Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://ladyvih.blogs.sapo.pt