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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A EXTENSÃO TERRITORIAL CAMPOBONENSE

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Guido Lang

Uma dúvida instalou-se ao longo da vida autônoma de Campo Bom. Esta surgiu com a autonomia político-administrativa, quando necessitou-se definir a extensão territorial da municipalidade. Campo Bom foi criada pela lei nº 3707 de 31 de janeiro de 1959, que também demarcou suas divisas. A delimitação, no entanto, não determinou a exata área do município, que com a passagem dos anos, teve oscilações. O tamanho exato, em função da carência de medições, nunca foi conhecido e, na atualidade, convive-se com uma estimativa. 
Campo Bom é dominada por uma miscelânea de acidentes geográficos, que relacionam-se a baixadas, colinas e morros. Uma oscilação acentuada nas limitadas dimensões territoriais, que, em poucos quilômetros, variam dos três aos trezentos e dez metros de altitude. Alguns arroios cortam essa área geográfica, que, em meio aos morros testemunhos, encontram-se cercados por estreitos vales. Os banhados, neste conjunto, pipocam nas diversas dimensões, que comprovam a mescla de terras baixas com elevações limitadas. Os solos argilosos e arenosos são predominantes, que advieram da decomposição de seres vivos e do desgaste sucessivo de morros. Uma camada de lava basáltica, há milhares de anos, veio cobrir a parte norte, que relaciona-se ao Cerro de Dois Irmãos. Os resquícios de deserto, nos períodos de maior estiagem, costumam manifestar-se e surgem em forma de solo arenoso e dunas. 
O elemento humano, a partir de 1826, começou a interferir ou a mudar a paisagem original. Os campos foram arados, banhados aterrados, matos derrubados, morros cortados, cursos fluviais assoreados... Os resquícios da vegetação natural são uma extrema raridade, pois o homem, através de gerações, “meteu a mão” nos diversos elementos da natureza. Alguma semelhança, da mata reflorestada e rejuvenescida, talvez sobrevive no território campobonense. A urbanização, com a ampliação das casas e ruas, vem acentuando a paisagem artificial, que se manifesta em todos os recantos territoriais. O clima subtropical normalmente é ameno, mas, num único dia, pode experimentar grandes oscilações. A presença de massas líquidas, existentes nos banhados e em cursos fluviais, contribui para amenizar os excessivos rigores climáticos. 
O município campobonense, em 1959, foi constituído nessa limitada área territorial, quando ficou encravado entre Dois Irmãos, Novo Hamburgo e Sapiranga. A área de Quatro Colônias foi incluída nas suas dimensões, pois os moradores, em função da proximidade, obstáculo da serra e relações familiares, ligaram-se ao núcleo colonial de Campo Bom. A Barrinha, de Novo Hamburgo, aceitou anexar-se ao município de Campo Bom, que contribuiu para aumentar um pouco o espaço territorial. A extensão exata, no momento da emancipação, foi calculada em 57 quilômetros quadrados. Um espaço limitado, em 1959, para constituir uma municipalidade, porque muitos temiam o custo administrativo da máquina pública no futuro. A elevada renda per capita convenceu do contrário e a autonomia tornou-se uma realidade. 
As dimensões territoriais da comuna, acompanhada nas publicações de diversas épocas, foram conhecendo uma elevação. A estimativa inicial, no momento da emancipação chegou a 57 Km²; por volta de 1974 (data do Sesquicentenário da Colonização Alemã) apresentou a área de 59 Km² e, na atualidade, acredita-se no tamanho de 60 Km². Um arredondamento de números transcorreu neste período histórico ou, no início, cometeu-se um equívoco de três quilômetros quadrados. Uma extensão acentuada para um diminuto município, que em relação à área, é um dos menores do Estado e do país. Este erro grande em relação às medições territoriais nunca foi verificado com vistas a desfazer a dúvida. Esta certamente continuará por muito tempo, pois em meio aos muitos problemas econômicos e sociais, as prioridades são outras. O registro fica como mera curiosidade e integra o cotidiano dos fatos do torrão municipal.


Fonte: Livro "Histórias do Cotidiano Campobonense - Coletânea de Textos" (páginas 67 e 68 - ano 1998), de Guido Lang.

*Crédito da imagem: http://www.construtoraconcisa.com.br/

* Digitação: Júlio César Lang