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terça-feira, 25 de junho de 2013

Os dois de trinta


Um camarada, por décadas, foi o tradicional motorista de ônibus. Os moradores, das linhas e núcleos coloniais do singelo lugarejo, conheciam-no como companheiro e parceiro!
O condutor, com a emancipação política-administrativa do distrito, recebeu convite para candidatar-se a vereador. Ele, por uma popular agremiação partidária, acabou sendo o cara mais votado e presidente da câmara.
A votação recorde, na próxima legislatura, levou-o a candidato a prefeito. Outra admirável e retumbante vitória.
O fulano, no sabor das urnas, tornara-se o representante máximo do principiante município! A fama e as viagens aumentaram muito no exercício do mandato!
A prefeitura foi assumida numa excepcional cerimônia. As carências e dificuldades cedo advieram com a escassa outrora formação escolar. Os anos de escola viram-se parcos!
Os estudos complementares, com família e horários esticados, revelaram-se uma impossibilidade. Este, em síntese dos conteúdos teóricos, sabia mal redigir o essencial!
A redação de algum documento oficial revelou-se uma completa inviabilidade! A solução consistiu em saber assessorar-se (de forma confiável e esperta).
O agora prefeito, numa ocasião ímpar, necessitou preencher um cheque de extrema urgência. O valor correspondia a sessenta mil. A dificuldade residia na questão da grafia!
Ele, na impossibilidade de poder perguntar por auxílio, precisou encontrar algum atalho. A solução, como esperteza matemática, consistiu em fazer dois de trinta.
Os adversários denegriram e riram-se da esdrúxula resolução. Este, com astúcia e sabedoria, soube safar-se da inconveniente dificuldade e situação!
O camarada pode ser burro, porém precisa saber ajudar-se! As experiências e sofrimentos, no cotidiano das situações, preenchem costumeiramente as deficiências escolares. Os pacatos cidadãos geralmente ostentam-se os mais carismáticos e conhecidos!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.creditoecobranca.com

A deficiência sexual


Um curtido e vivido boi, domesticado nos anos (debaixo da canga no trabalho rural), mantinha-se como maioral no potreiro. Ostentava-se o chefe incontestável no espaço!
Este, com avançada idade, ainda dava as coordenadas (através da força e tamanho). A concorrência (os boizinhos) conhecia seu mando (por meio das fortes e pontudas chifradas).
A conhecida vaca Mimosa, numa altura, entrou no cio. Algum macho precisava “satisfazer os instintos da carne” (tarefa da fertilização). Este, como maioral mandante, candidatou-se à tarefa. O trabalho, em função da idade e peso, ficou na deficiência e negação!
O velho Brasino, a todo instante, afugentava e atrapalhava os ousados jovens. Ele, diante de esporádicas incursões, não atendia a necessidade (dever de casa). O comportamento atrapalhou todo processo de reprodução!
O criador, numa altura, precisou intervier para reverter o quadro adverso! Estes, em meio às bagunças, brigas e folias no campo, não podia arcar com prejuízos e revertérios intermináveis. A função, a seu contragosto, viu-se delegada a outrém!
O idêntico, de alguma forma, aplica-se a uns e outros. Estes mais atrapalham do que ajudam nos auxílios e tarefas. Os dispostos vêem-se afugentados e atrapalhados das necessidades (em função de temores). Quem, como princípio, não quer ajudar, que não atrapalhe no expediente!
A cabeça, depois de certos anos, almeja atender as obrigações, porém o corpo fraqueja nas tarefas. A idade, na proporção do tempo, produz suas diárias dores e mazelas! Os instintos reprodutivos, aos amantes e ativos, encontram-se acirrados em quaisquer momentos e ocasiões!

                                                                                                 Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem:http://aprendendoe.blogspot.com.br