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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pensamentos políticos


1. “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”. 
Eça de Queiroz

2. “Errar é humano. Culpar outra pessoa é política”. 
Hubert H. Humphrey

3. “A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”. 
Winston Churchill

4. “A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. 
Voltaire

5. “Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros”. 
Voltaire

6. “Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”. 
Ronald Regan

7. “Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”. 
John Galbraith

“O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo”. 
Elias Murad

8. “Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades”.
Charles Tocqueville

“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política”. 
Ernest Renan

“A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros”. 
Henri Montherlant

9. “Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”. 
Friedrich Nietzsche
   
          10. “A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue”. 
Mao Tse-Tung

Crédito da imagem: http://camarapjq.wordpress.com

A abonada carteira


Um camarada, muito ambicioso e individualista, achava que levaria algum patrimônio dessa vida. Este possuía um excepcional apego e paixão pelo dinheiro. Os volumes, por sua ganância e obsessão  nunca pareciam-lhe o suficiente. Quaisquer trocados cedo revertiam nalguma compra de terras ou depósitos em cadernetas. Uma dupla de adoidados e logrados combinaram uma peripécia. Esta, em forma de afronta e lição, vira-se aplicado como sabedoria.
Os dois elementos, conhecidos deste como vizinhos, alimentavam nojo e raiva. Um negócio, mal acertado, tinha-lhes causado prejuízos monetários. Esta perda, por semanas e meses, incucava-lhes as ideias e pensamentos. A astúcia e esperteza consistia em criar e perpetuar. Os camaradas, em determinado horário e dia, sabiam do cidadão dirigir-se na direção do núcleo colonial. Aquela costumeira tarde da quarta-feira era o momento propício. O espaço próprio ao baralho/cadeado na sociedade comunitária. O local da reunião dos moradores da comuna. O ambiente ideal dos comentários e fofocalhadas sucedidas na localidade. O ancião, na tradicional montaria, monta no saino e toma a direção da estrada geral.
O chão batido da estrada, entre contornos e curvas (como cobra estendida numa visão panorâmica das elevações maiores na direção dos vales), estendia se no cenário rural. O trajeto, das encostas na direção das baixadas, via-se íngreme e de difícil deslocamento. As lavouras de aipim, cana, forragens, milho estendiam-se pelas margens. As propriedades,  minifundiários de subsistência familiar, valiam-se da massiva exploração econômica. Estas, com o aumento populacional, pareciam não dar conta das necessidades de subsistência de inúmeras famílias.
Os espertalhões, no papel de malandros, confeccionam uma polpuda carteira (forrada de papel com alguma nota de menor expressão caída para fora). Esta, numa primeira visão, mostrara-se abonada e recheada de dinheiro. Ela, entre uma lavoura de cana e mandioca, vira-se colocada, como extraviada, em meio ao caminho da estrada geral. Esta, como ardil, escondia um discreto fio de nylon (amarrado), com razão de arrastá-la/puxá-la, na proporção do interesse. O senhor, no percurso, aconchega-se e vê estirado o artefato. Procura, num ato repentino, certificar-se de ser uma carteira.
O cavalheiro, apesar da avançada idade e dificuldade de locomoção, desce de supetão do exuberante animal. Este, de imediato, tenta ajuntar a peça. Esta, arrastada/puxada, “parece sair caminhando diante do  cidadão”. A dupla escondida, no interior da vegetação, diverti-se com o assombro e reclamo alheio. Estes, na surdina, relegaram o artefato numa altura e saem na disparada (agachados  lavoura afora).
O ancião, com a chacota, sentiu-se muito agredido e irritado. Este desconheceu os elementos, porém suspeitou do fulano e sicrano. O xingado, em bom dom, tomou vulto. As gargalhadas, diante do esdrúxulo comportamento (em meio as plantações), tornaram-se exaustivas. O impróprio, como lorota, difundiu-se cedo pela comuna. A correção e seriedade, dentro do espírito estoico, reforçaram a irritações, raivas e xingamentos.
A dificuldade maior, por falta de barranco/elevação melhor, consistiu em querer voltar a montar o exuberante animal. O vigor físico, com avançada idade, ainda pouco colaborou para pisar no estribo e erguer-se em cima da montaria. O jeito foi caminhar e conduzir o animal. O camarada, naquele dia, absteve-se de jogar seu bife e canastra. A solução foi deixar seus parceiros na mão e passar como tratante junto aos companheiros  (diante do combinado). A afronta e chacota alteraram os ânimos e disposições (“estragaram-lhe a tarde”). O sucedido poderia ser perdoado, porém jamais esquecido.
Um passatempo predileto de uns, no seio colonial, consistia em importunar os deveras corretos e pontuais. O ser humano, com alguma inconveniência, adora tirar chacota e passar lorotas aos próximos (com razão de conhecer as atitudes e procedimentos). A monotonia rural, com o excesso de tranquilidade e falta de acontecimentos, via-se rompido com alguma afronta e peça anômala.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://luziafelizidade.blogspot.com.br