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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O filho de Deus


A idosa senhora, nos setenta anos, caminhava aborrecida e apressada. A beirada, no tranquilo tráfico, caía na principal rodovia. A desesperança, no fatigado e padecido corpo, acontecia nos iniciais quilômetros. A meia hora, na progressiva pernada, tinha transcorrido.
Os três mil metros, no total de avaliados nove, tinham sido percorridos. A meditação, na ativa fé, achou-se direcionada: “- Nenhum filho de Deus para dar uma simples carona”. O costume, no outrora banal, fora largado. O egoísmo, no privado carro, assistiu-se atuante.
Alguns passos aconteceram na direção. Um conhecido, na feição da ingerência da divina mão, parou no acostamento. O chamado, na carona, emanou no milagre. O sujeito, na dó, apontou-se anjo. A módica condução, no auxílio, foi alocada na acomodação e utilidade.
O caminho, na alegre e boa conversa, adveio no conforto e pressa. O bem privado, na ajuda e suprimento (de outrém), vira-se disponível e doado. A distinção, na admiração e consideração, caiu na gratidão. Os simples afagos e agrados disseminam apreciação e renome.
O sujeito, nas probabilidades, deve ser instrumento da ação e afeição. O pouco, no apinhado, faz singular diferença. A assistência, na compreensão, entende-se na proporção de ter precisado. Amigos são prezados e locais devem ser valorizados.
O indivíduo, no cultivo da doação e retidão, perpassa como peculiar filho de Deus. A mão divina, nas leis da física, atua e perpassa de maneira invisível e sútil na natureza.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://ievradical.blogspot.com.br/