Translate

domingo, 21 de outubro de 2012

Versos de ouro de Pitágoras



1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.
2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.
3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.
4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.
5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.
6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.
7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.
8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,
9. Porque o poder é limitado pela necessidade.
10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões,
11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.
12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.
13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.
15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos;
17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for.
19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.
20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.
22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.
23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.
24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.
25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora:
26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,
27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.
28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas,
29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.
30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.
31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.
32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.
33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo,
34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.
35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.

Pitágoras (571 a.C - 496 a. C)

Crédito da imagem: http://proezasalquimicas.blogspot.com.br/2012/06/versos-de-ouro-de-pitagoras.html

Um comparativo ímpar


    O pacato cidadão, morador dos recantos das localidades, tem dificuldades de entender o “funcionamento da engrenagem governamental”. A divisão de poderes e funções de cada qual (Executivo, Legislativo e Judiciário) encontra-se um dilema. O contribuinte, diante das reclamações da coisa pública, trata de ir reclamar na prefeitura. Procura, como primeira possibilidade, falar com o prefeito (tinha-me pedido o voto).
    Um aluno, do ensino primário, adveio com uma dúvida. Este, em algum lugar, tinha lido ou ouvido falar de governo de transição. Procurou, ao pai, perguntar o termo! Este ficou a refletir de como explicar o interrogado. Uma dificuldade, na proporção de não ser mestre/professor, para uma criança de tenra idade. Esta, com seus aproximados nove anos, mereceria uma resposta compreensiva e inesquecível. O curioso, neste fato, relaciona-se ao escasso esclarecimento do termo no contexto da pacata vida comunitária.
   O genitor, com algum estudo no ensino fundamental, lembrou-se das tradicionais figuras de linguagem. Saiu com esta: “- Governo transitório assemelha-se ao pneu de estepe. O condutor fura algum dos quatro (nalguma estrada de chão). Obriga-se a colocar o reserva (estepe). Procura daí dirigir-se a borracharia; consertar o efetivo e recolocá-lo na sua função original. O reserva mostrou-se uma improvisação, que durou na proporção do efetivo encontrar-se estragado (impedido). Um paliativo transitório até o conserto do real”.
   A criança, para complementar, perguntou sobre os assessores/secretários. Qual a função destes num governo transitório?  “- Aí a coisa aperta/complica!” disse o falante. Explicou: “- O motorista costumeiramente troca o estepe! Os secretários são os caroneiros. Eles geralmente gostam de opinar e lamentar e, na sequência, cuidar da guarda dos parafusos. Uns auxiliam, outros atrapalham, porém poucos definem. Ajudam, na real, diluir os custos do deslocamento e dar sugestões”. O filho concluiu: “- Obrigado pai! Entendi e compreendi o termo! Prometo não esquecer tão cedo à explicação”. 
    Os colonos, de maneira geral, tem uma capacidade incrível de dizer muito em poucas palavras. Uma arte de explicar o difícil em singelos exemplos e palavras. A capacidade da síntese revela-se uma habilidade de sábios.

Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://jornalismob.com/2010/04/21/como-falar-de-brasilia-hoje/