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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Nosso medo



         Nosso medo mais profundo não é que sejamos inadequados. Nosso medo mais profundo é que sejamos poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: 'Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e famoso? " Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus. Bancar o pequeno não serve ao mundo. Não há iluminação em se encolher para que as pessoas não se sintam inseguras ao seu redor. Nascemos para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós. Não é apenas em alguns de nós, está em todos nós. E quando deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. Quando nos libertamos do nosso medo, nossa presença automaticamente liberta os outros. 

                                                            Nelson Mandela (1918-)

O pedido amoroso

Singelas experiências e vivências ocorrem no cotidiano das localidades e propriedades. Os acontecimentos e fatos, por faltas de registros, sucedem-se como nunca tivessem transcorridos. Os autores, como tradição oral, guardam-os na memória e, com seus perecimentos, enterrem-os nas tumbas (juntos aos cemitérios). Cada vida, na prática, descreve algum excepcional livro. O curioso: pouquíssimos se dão a tarefa de redigir suas histórias e memórias (como legado à descendência).
Um certo menino, na idade escolar/pré-adolescência, enamorou-se por certa colega/vizinha. Esta, determinada e esperta nas resoluções, salientava-se no conjunto das meninas. O guri, numa certa ocasião (no recreio), externou sua admiração e desejo de futuro namoro. Aquele despertar sucessivo dos instintos másculos na direção, de nalgum dia, constituir descendência e família. A fala, a grosso modo, consistiu: “- Oh bonita e elegante amiga e colega! Quero, nalgum dia, casar e viver contigo! Constituir uma família!”
A menina estática e surpresa, repleta de fantasias e sonhos, externou os sinceros desejos do coração (diante do inesperado pedido fantasiado de brincadeira). Esta,  de modo curto e grosso, respondeu seus reais sentimentos: “- Caso com qualquer outro e menos contigo! O teu tipo não faz meu gênero! Pode tirar o cavalinho da chuva!” O enamorado, nos anos subsequentes e com outras iniciativas, sofreu muito diante da negativa e rejeição. Outro moço, bem falante e galanteador, caiu nas suas graças e conduziu-a ao altar. As dificuldades econômicas-financeiras do casal, ao longo dos anos, abateram-se na família.
O camarada pedinte, diante da dura realidade do desprezo, concentrou os conhecimentos e energias. Este angariou o firme propósito de vencer na vida. Os esforços foram direcionados ao estudo e trabalho. A esperteza maior revelou-se na administração financeira e eficiência nos negócios. O tino econômico mantinha um dom. A adversidade e negação contribuiu para o aprimorar das vocações. O rapaz, tendo nesta altura sua família, tornou-se abonado e conceituado.
A menina,  agora  mãe e vizinha,  deparava-se continuamente com as carências e os percalços. Via porém a cada dia o progresso e sucesso alheio (do ex-pretendente). A escolha, na parceria, fizera fundamental diferença na dignidade e qualidade de vida. Esta, em muitos momentos, imaginou-se naquela abastança e bonança,  porém preferiu viver nas dificuldades e problemas (do que conviver com alguém sem amor). O indivíduo, antes de quaisquer intimidades, precisa se agradar e gostar da parceria, caso contrário, quaisquer relacionamentos encontram-se fadados ao insucesso.
Certas decisões e escolhas, em meio as muitas resoluções da vida, fazem excepcionais diferenças. Uns, “mesmo podendo estar  pintados de ouro”, não são da nossa afinidade e agrado. O casamento, para tomar vulto, precisa do consentimento de ambas as partes. O indivíduo, ao meio aos muitos afazeres e passatempos, não pode ser bom em tudo (salienta-se nuns e desleixa noutros). O dinheiro compra as necessidades materiais, porém as imateriais encontram-se inseridas no coração.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://casamento.vocedeolhoemtudo.com.br/acessorios/aliancas-de-casamento-em-ouro/