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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O derradeiro respeito


O filho das colônias, na migração campo-cidade, revelou-se extraordinário e hábil artesão. A marcenaria advinha na destreza profissional. A madeira, no artefato e serviço, primava pela eficácia e perfeição. Os arranjos, no círculo social, caíam na estima e menção.
A consorte, esmerada e laboriosa, auferiu peculiar e singular afago. As prodigiosas mãos, benzidas e direcionadas na inteligência, arquitetaram o brio no móvel. A matéria, na obra bruta (das tábuas), granjeou encanto e proveito. A cama, no casal, marcou-se concebida.
O reforço, no mexe e move, carecia de inventar os “censuráveis e habituais grilos”. O barulho, na energia da fantasia, amolava agrados e amores. A altivez, no fruto da diligência e suor, imprimia encanto e satisfação. O artifício acalentara os calores e lazeres.
O operoso, na adversidade da existência, foi cedo chamado. A leucemia, no mediano e precoce tempo, transportou ao derradeiro repouso. O leito, na deferência do espólio, caiu na peculiar concessão. A filha, no epílogo dos (três) brotos, granjeou lembrança e presente.
A esposa, fiel amante e sócia, aspirava cautela de fortuita desfeita. A convivência, no eventual conjugado, brotaria na familiaridade. A intimidade, no sólido leito, cairia no atributo de ofensa e traição. O apego e veneração, na memória dos finados, externa amor e conceito.
Os detalhes, no gênero humano, retratam crédito e nobreza. Alguns benzidos, no antecipado tempo, assistem-se chamados e convidados à derradeira fatalidade.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.coresdacasa.com.br/