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quinta-feira, 27 de março de 2014

O empurra empurra


A senhora, mãe e vó, dedicou-se a família. A vida, em décadas, visou o bem estar. Os rebentos, na jornada, criaram-se em sete. As alegrias e dilemas foram incontáveis na peleja!
Os filhos, na idade própria, tomaram a direção das cidades. As famílias foram constituídas. A sobrevivência tornou-se a essência das atenções e preocupações!
A original, no falecimento do marido e pai, viu-se desfeita. A enviuvada mãe continuou a jornada no recanto familiar. A questão, no avanço da idade, revelou-se no descaso!
A senhora, na carência e solidão, ficou curtindo os finais dias. Os filhos, genros, noras e netos foram empurrando a situação. Os cuidados, da idosa, careceram da especial atenção!
Os responsáveis, absorvidos nos negócios e profissões, abstiveram-se do esmero. A anciã, no desleixo e ostracismo, ficava perambulando no desfecho dos dias!
A descendência ignorou o voluntariado nos cuidados. Os membros possuíam indisponibilidade de tempo. O caso, no ocaso de certo dia, resultou na notícia do perecimento!
A cortesia e gentileza tornaram-se dilema. O dinheiro passou a comprar os serviços dos cuidados. O indivíduo, na existência, carece de vislumbrar o conjunto das misérias!
O cidadão pensa conhecer a índole dos próximos. A avançada idade, no decurso dos anos, espelha o real apego e consideração familiar!

Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://saude.sapo.pt/saude-em-familia/senior/artigos?pagina=4