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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um singelo hábito


Um pacato cidadão, criado no interior, adveio à cidade. Este, bem situado (depois de muitas dificuldades e trabalho), manteve o singelo hábito.
Aquela prática, dentro das possibilidades, de cumprimentar os estranhos e próximos. Um bom dia, uma boa tarde ou uma excelente noite, no âmbito das idas e vindas, abriam possibilidades de amizades, conhecimentos e relacionamentos.
A prática, como princípio de vida, recaia sobre todos. Ele evitava qualquer distinção entre os semelhantes. Qualquer indivíduo, não importando a condição econômico-financeira, ostentava-se um companheiro e parceiro.
A consideração e carinho, em especial, aplicava-se aos mais humildes e marginalizados. O relacionamento, nas descontraídas conversas informais, revelavam valiosas e veladas experiências e vivências.
As pessoas, como aparentes excluídos, conheciam (como ninguém mais) “as podridões e sujeiras do submundo”. Elas, andando por tudo, narravam e relatavam cada homérica história (“de arrepiar os cabelos”). Elas, como marginalizados pelo sistema, precisavam muito mais das palavras amigas e cordiais.
Uma modesta conversa e troca de gentilezas mantinha-se uma tremenda necessidade. O incrível, diante dos eventuais imprevistos, era encontrar alguém disponível para auxiliar e reparar! Conheciam a dor de pedir e não receber! O curioso: o cidadão conheceu um do grupo, todo grupo conhecia-o!
A vida, no tempo, ensina certas experiências e valores. O cidadão, na existência, nunca pode dizer: “- Dessa água eu não bebo!” Um singelo gesto, de amizade e consideração, faz enorme diferença para desamparados e necessitados!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://pt.m.wikipedia.org

Um comentário impróprio


Um educador, no ensino fundamental, encontrava-se a dar sua tradicional aula semanal. Este, diante de costas do quadro verde, encontrava-se a escrever algum conteúdo específico.
Um aluno, nos comentários comuns entre as tarefas, explanou a sua pérola. Este, achando-se muito esperto e íntimo, desafiou: “- Professor! Como diriges uma carroça (carro) tão velha? Precisarias comprar um veículo novo!”
Alguns colegas, daquele grupinho dos malandros, deram gargalhadas e palmas. Estes, conhecendo a figura do professor (de não deixar por menos), ficaram na expectativa da resposta! Uma interrogação, no ambiente de estudo, fora de contexto dessas!
O profissional, num breve instante, para a atividade. Ele, de forma direta (olho no olho), encarra o espertalhão. Este, numa aparente indiferença, prossegue na cópia do quadro!
O profissional, com sua tradicional afiada língua, então rebate: “- Beltrano! Acho estranho ‘algum expresso canelinha’ (que anda a pé) querer opinar sobre o meu veículo! Aceito, de bom grado, opinião de entendidos e especialistas. Ouvir agora, quem está bem pior, revela-se uma burrice e chatice!”
Uns, em função da amizade e intimidade, adoram intrometer-se na vida alheia. Alguns elementos, achando-se deveras importantes e interessantes, precisam de limites. Os educadores, nas suas práticas cotidianas, vêem-se questionados pelo alunado!
A mania imprópria de preocupar-se com os bens alheios (em detrimento aos próprios). Alguém, aos malandros, precisa dizer e ensinar umas e outras boas! Educador, no contexto das aulas, escuta muitas abobrinhas e impróprios.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://maonarodablog.com.br