Translate

terça-feira, 26 de março de 2013

Os contínuos cuidados



Um produtor, pouco aficionado a pecuária, mantinha um potreiro. Este, tomado pelo brejo e mato, ganhou a companhia duma vaca.
O animal, semi-abandonado ao Deus dará, conseguia produzir uns míseros litros de leite. A produção diária mal atendia as necessidades do consumo familiar. O proprietário, diante do escasso retorno e temer perder o capital, resolveu passar no troco o infeliz ser.
O comprador, como conhecedor e dedicado criador, tomou as necessárias medidas (para reverter o quadro adverso). Ele, conforme os conhecimentos do bom criador, administrou os rotineiros sais minerais, combateu as tradicionais verminoses, cuidou do cio com a inseminação, melhorou o trato com silagens...
O bicho, em poucos dias, começou a ostentar outro visual. A produção começou a multiplicar-se nos litros. A vaca, em semanas e meses, tornou-se uma campeã no plantel. O investimento e trabalho, com o domínio dos conhecimentos e habilidades da profissão, deu os almejados dividendos e retornos financeiros.
O idêntico aplica-se a quaisquer negócios. A domesticação, seja de aves, bovinos, caprinos, insetos (abelhas) ou suínos, exige contínuas atenções e reparos. A mão do produtor, com a bênção divina, mostra-se a razão da sorte. A casualidade, como mero extrativismo, ostenta-se difícil em angariar ganhos. O tempo dispendido, nas correrias, absorve eventuais lucros. A sorte tem nome: conhecimento, dedicação, trabalho...
As famílias, com os seus filhos, seguem o receituário. Estes, através dos muitos diálogos e explicações, exigem os devidos cuidados e ensinamentos. A convivência, como companhia, transcreve os exemplos das práticas familiares. O olhar revela-se a melhor escola da vida. A experiência, com uma supervisão superior, supera milhares de palavras.
A história, de deixar livre e solto (em nome da autonomia e liberdade), leva a enveredar em caminhos escusos. O olho dos pais evitam aborrecimentos e atropelos futuros. A sabedoria popular versa: “diga com quem andas e tirei quem és”.
Quaisquer patrimônios exigem muitos cuidados e reparos. Certas cobranças precisam de coragem e persistência, porém os frutos mostram-se muito benéficos e doces. Os investimentos precisam gerar os merecidos proventos. Os resultados norteiam os passos das ações humanas. O óbvio também precisa ser dito e explicado!

Guido Lang
”Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://www.waltercaldeira.com.br 

O cão e a máscara



Procurando um osso para roer, um cão encontrou uma máscara: era formosíssima, e de cores tanto belas quanto animadas; o cão farejou-a, e reconhecendo o que era, desviou-se com desdém e pensou: a cabeça é decerto bonita, mas não tem miolos.

Moral da história:
Sobram neste mundo cabeças bonitas, porém ignorantes.

                        Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                  Crédito da imagem: http://produto.mercadolivre.com.br