Translate

sábado, 21 de dezembro de 2013

O estranho escambo


O solteirão, morador das grotas, carecia de maiores chances de arrumar e constituir relações. A solução consistiu em improvisar e pagar intimidades!
A situação financeira, como trabalhador braçal, via-se parca e sofrida. Algum enamoramento, diante da escassez  feminina, via-se difícil e restrito!
A situação, diante dos “favores e necessidade da ímpar fruta”, consistia em abrir a mão! O jeito, diante das particularidades, foi improvisar um estranho escambo!
O beltrano, na sexualidade, precisava e sofria muito. A fulana, afamada e curtida na praça, foi requisitada. Ela, diante da carestia e cotação, superfaturou os favores e mimos!
O indivíduo, “um eterno pé rapado”, concordou na contrapartida em serviços. Um préstimo, como trabalho, valeria por certo número de horas. O instinto sobrepôs-se a razão!
Este, com arado, enxada e semeadeira, labutava dois dias e meio de jornada por uma degustação. O contratado, por escassos serviços, lavrou, limpou e plantou a inteira roça!
A senhora, no final, colheu abundante e magnífica safra. Os parcos instantes, ao jornaleiro, custaram sangue e suor. O comentário próprio difundiu o esdrúxulo acerto!
As profissionais, na arte de satisfazer instintos, externam: os homens, com carências, prometem fundos e mundos; satisfeitos, nos desejos, ignoram palavras e promessas!
Os machos, nas privações íntimas, submetem-se aos abusos e ônus. “Cada qual sabe onde o sapato mais aperta e machuca”!

                                                           Guido Lang
“Contos do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.zanotti.com.br/blog/?p=3376

As tradicionais saidinhas


O religioso, inspirado na pregação, externava ameaças e promessas. O silêncio, no culto dominical, via-se completo. Os membros refletiam nas chocantes e duras alocuções!
O cidadão, recém convertido a congregação, deparou-se numa dúvida. Ele, na real, queria mesmo a salvação divina? Estaria interessado em viver na monotonia do paraíso?
A correção, nas alturas, seria deveras. As almas, como salvas, careceriam dos tradicionais pecadinhos. A rotina, sem fofocas e novidades, seria cansativa e enjoativa!
A ideia então foi de ir ao inferno. O lugar, na junção das “perdições do mundo”, manteria festas e folias! O diabo, na astúcia dos argumentos, poderia ser conversado e dobrado!  
As saidinhas, nos bailões e noites, poderiam continuar! As intimidades, nos efêmeros e prazerosos instantes, seguiriam inscritos na sina semanal!
A prática, como exercício, revigorava corpo e alma. A retidão, nas alturas, entendia-se como privação. A solução consistia em incorrer em riscos! “Quem não arrisca, não petisca”!
Afinal de contas! Qual humano vê-se livre dos pecados e recaídas? A pessoa, na meteórica passagem, abstém-se em ser ferro puro. O indivíduo, na vida, faz difíceis escolhas!
As promessas de salvação, inspiradas nas interpretações humanas, perpassam como suposições. Uns, para ganhar o pão de cada dia, comercializam crenças e instituem dogmas!
Ameaças e fobias, como princípios da fé, denunciam riscos e suspeitas! As crenças e ideias malucas angariam igualmente adeptos e simpatizantes!

                                                                               Guido Lang
“Contos do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://digitalblue.blogs.sapo.pt/9535.html