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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A sã consciência


   Um trabalhador, exímio conhecedor da realidade rural, ganhou uma proposta irrecusável. Dinheiro sempre falta aos humildes! Abriu-se um frigorífico e careceu-se de gente ao trabalho. Milhares de animais, num único mês, seriam abatidos. Ele, como calejado carneador, ganharia a tarefa de dar o golpe final! O ato de misericórdia! Significava dar a facada certeira e final para centenas de vítimas.
     Este, aos conhecidos, contou o fato da proposta especial. Um bom dinheiro, para elevar o padrão familiar, seria ganho. Um amigo, ouvindo a realidade dos fatos, interroga de supetão: “- A questão da consciência como fica? Ser instrumento de tamanha desgraça para tantos? Será que nalgum dia não sentirás remorsos? Olha lá! ‘Tudo que se planta, colhe-se lá adiante’. Possuímos o direito de exterminar e digerir os mais fracos?  A necessidade de dinheiro justifica certos comportamentos?”... O indivíduo, no momento, ficou assombrado com o excesso de franqueza e questionamento.
      O trabalhador, em função das necessidades monetárias e vantagens trabalhistas, aceitou a tarefa. A consciência nas caladas da noite, porém atormentava a mente. As perguntas soavam diante dos ouvidos. O indivíduo precisa ou não prestar contas dos atos terrenos? Eis uma interrogação crucial! As minhas crenças como ficam? O dinheiro compra os princípios básicos da consciência? A necessidade de dinheiro justifica certos atos e comportamentos? Não existem meios mais corretos de ganhar o sustento? O indivíduo, para ganhar o pão de cada dia, precisa ser instrumento da morte? O princípio cristão aceita essa prática?  Como fica a sorte na minha vida?
       O desejo básico, do indivíduo digno e são, consiste em colocar a cabeça no travesseiro sem maiores preocupações e tormentos. Existem inúmeros meios de ganhar a vida e nada melhor do que labutar afinado com a consciência. O ser cristão transparece nos atos e gestos do cotidiano (com o relacionamento com todo tipo de próximo!).

Guido Lang
                                                                                     Livro: “Singelas Histórias do cotidiano da Vida”

Crédito da imagem: http://badibangagold.com/?m=201107 

Sabedoria (às avessas) Colonial


    1. Quem precisa dar o exemplo geralmente serve como péssima amostra.
    2. Alemoa, sem flores pela casa/pátio, assemelha-se a mulher sem marido.
    3. Algum barro, ocasionalmente acrescido nalguma comida, acaba gerando toucinho.
    4. Para quê todo o sacrifício com vista de unicamente levar alguma pá de terra?
    5. O diabo, nas loterias e sorteios, joga o dinheiro no monte onde menos precisa.
    6. O cidadão, caminhando para exercitar-se, carece na real dum bom trabalho.
    7. A visita advém de surpresa e a família carece de carne, algum galo paga a vida.
    8. De grão em grão a galinha enche o papo e, em época de crise, dificilmente enche.
    9. Melhor defecar nas calças, para quem não tem dinheiro, do que comprar carro.
   10. Mostra-se melhor acreditar nalguma crença do que ostentar-se cético.
   11. Se o traseiro funciona a contento, o corpo no resto segue a receita.
   12. A galinha velha fica mais caseira até ficar choca.
   13. Os animais obesos costumeiramente são péssimos reprodutores.
   14. Os parentes, como visita, costumam servir para colocar defeito e fazer olho grande.
   15. Os coloniais, agindo bem ou mal os indivíduos, falam de deus e de todo mundo.
   16. O homem, apaixonado pela sua mulher, poupa-lhe as tarefas onerosas e pesadas.
   17. Cachorro que abandona o dono e o pátio não merece o trato.
   18. Os casais, nos ares da primavera, compreendem e entendem-se melhor.
   19. O colonial, com mulher trabalhadeira, pode passar mais tempo na venda.
   20. Quem tem cabelo comprido não pode reclamar do alheio (no seu prato).
   21. Qualquer bichinho, por menor que seja, tem sua brincadeira e sexualidade.
   22. A mulher esperta trata bem seu cachorro com razão deste não sair pedindo comida no pátio alheio.
   23. Nada melhor que casa de alemão, comida de italiano e vida de brasileiro.
   24. A qualidade dos frutos define a importância da árvore.
   25. Certas pessoas só tem terra debaixo das unhas.

(Reunidos, a partir da tradição oral e vivência colonial, por Guido Lang)

Crédito da imagem: http://bufunfagora.blogspot.com.br/