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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tito Júlio Fedro

       

01. Suportai o mal de agora para que não sobrevenha outro pior.
02. Quem cobiça o alheio perde, de modo justo, o próprio.
03. Quem deseja recompensa da parte dos maus por algum serviço, erra duplamente. Primeiro, porque presta serviço a indivíduos indignos. Depois, porque já não pode se afastar   sem represália.
04. Quem ficou, uma vez, conhecido por alguma fraude torpe, perde a credibilidade mesmo quando fala a verdade.
05. Na mudança de governo dos cidadãos, além do nome do seu dominador, para os pobres nada  muda.
06. Os mentirosos costumam arcar com as penas de seu próprio malefício.
07. Ninguém retorna de bom grado para o lugar que o feriu.
08. Todo aquele que perdeu a antiga dignidade é, em sua pesada queda, alvo de zombaria até dos covarde.
09. Aqueles que dão maus conselhos a indivíduos cautelosos, além de perder o trabalho,    também, sofrem afrontas pesadas.
10. O insensato, com frequência e ar jovial, ofende os outros com pesado insulto e assim atrai para si perigos imprevisto.
11. Os pobres é que levam a pior, quando os poderosos se degladiam.
12. Quem se entrega a homem iníquo para ser protegido, depara-se com a ruína enquanto procura ajuda.
13. Aprendemos mediante exemplos que os homens são explorados pelas mulheres de modos variados, quer amem, quer sejam amados.
14. A pobreza dos homens está segura, mas as grandes riquezas estão expostas a perigo.
15. Preço igual costuma ser dado por quem é menosprezado.
16. Quem não se adapta para ser cortês, muitas vezes, paga caro pela soberba.
17. Quem nasce infeliz, além de levar uma vida lamentável, também, após a morte, o destino o persegue.
18. Nada mais útil que falar com sinceridade. Esta norma deveria ser aprovada por todos, mas a franqueza costuma ter preço pesado.
19. Quem corrige o mais sabido, fala para o vento.
20. O avarento, mesmo o que lhe sobra, não dá de boa vontade.
21. Fingir pode ser de proveito, no começo, mas, com o tempo, a verdade aparece.
21. Devemos atentar para o significado, não para as palavras.
22. Se o homem se prontificasse para renunciar a tudo quanto é de seu, viveria mais seguro. Ninguém vai cobiçar de um indivíduo reduzido à pobreza.

(Fonte: Fábulas de Fedro, São Paulo, Editora Escala, 2006, pág. 138, reunidos por Guido Lang).

Obs. O fabulista Fedro viveu 22 a. c. – 44 d. C.

Crédito da imagem: http://kdfrases.com/frase/100359

Os voluntários do Ferrabraz (Mucker)



Foto: Jacobina Mentz Maurer

      Os diversos voluntários do Ferrabraz, apesar da mal sucedida incursão, foram primordiais para o sucesso militar.

    Os incêndios dos Muckers, em diversas localidades, despertaram a ira da colonada, que sentiu-se insegura diante dos trágicos acontecimentos. Estes procuraram socorro nas autoridades constituídas, que mobilizaram forças militares e policiais com vistas de atacar os insubordinados do Ferrabraz. Os ataques receberam todo o apoio e orientação dos adversários dos Muckers, que também organizaram forças de combate. O êxito militar custou a ser concretizado, quando, em tentativas anteriores, não se conseguiu chegar ao reduto dos sectários da Jacobina Mentz e do João Jorge Maurer. Os colonos, em função da demora ao ataque do exército, efetuaram uma incursão militar, no dia 26 de julho de 1874, para combater os seguidores da seita.
      Inúmeros patriarcas, em função dos iminentes perigos, afluíam as redondezas de Campo Bom/RS com vistas de auxiliar as tropas do Coronel Genuíno Olímpio Sampaio e posteriormente do Major Francisco Clementino de Santiago Dantas. As terras campobonenses foram utilizadas como acampamento; atendiam, no local, os feridos, efetuava-se a retirada das tropas e planejava-se as ações militares. Os combatentes voluntários, estimados em redor os 300 homens e oriundos de membros das diversas famílias lusas e teuto-brasileiras, afluíam dos mais diversos rincões de Sapiranga/RS. Os lugarejos, de maior fornecimento de elementos, eram Campo Bom, Lomba Grande, Sapiranga, Dois irmãos, Linha Nova, Mundo Novo (Taquara), São Leopoldo... Os comentários, da época, relacionaram-se também a presença de muitos aventureiros, que, a todo custo, ‘’almejavam colocar a mão no cobiçado tesouro dos Muckers’’.
      Alguns membros da tropa inclusive tinham experiência militar; tinham participado das guerras européias, conflito no Prata, Revolução Farroupilha, Guerra do Paraguai... Outros mantinham habilidade com o manejo das armas em função das caçadas e incursões contra os nativos. A maioria, com extrema afinidade com o terreno, conhecia atalhos e caminhos, que eram desconhecidos aos combatentes governamentais. As suas indicações e orientações eram primordiais com o objetivo de instruir as táticas militares empregadas. A vigília de caminhos e prédios residenciais, tinha sido outra incumbência, quando inexistia a presença das tropas. Estes voluntários, nos dias anteriores aos combates, pareciam ostentar uma aparente desorganização; os membros agiam a belo prazer.
      O sub-delegado Daniel Kolling, de Dois Irmãos, deu-lhe uma ideia de ação. As investidas militares pareciam desanimadas e ineficientes diante das duas dezenas de combatentes Muckers. Estes pareciam ostentar maior astúcia e organização; escondiam-se em meio aos troncos e trincheiras do Ferrabraz. Os atacantes, em duas a três frentes, pareciam um alvo fácil, quando eram abatidos e feridos. A colonada, exímia conhecedora da área e das estratégias dos adversários, resolveu, sob pedido ao comandante Tenente Coronel Augusto César, efetuar uma empreitada. Esta, sob pronto de vista militar, parecia satisfazer aos militares, que consideravam o conflito, em boa dose, ‘’uma guerra de estrangeiros em solo pátrio’’. A alemoada precisaria chegar a um contento em meio as apuradas incompreensões e ódios fraticidas.
      O ataque coordenado por Kolling e na retaguarda com uma turma de praça, concretizou-se no dia 26 de julho de 1874, quando aproximados 50 colonos empunharam armas. Estes, divididos em três colunas incursionaram, ‘’aos trancos e barrancos’’, ao território inimigo. A cautela, em meio à marcha, foi imensa com vistas de surpreender a cidadela da Jacobina; foram, num piscar de olhos, surpreendidos por infernal volume de projéteis. A coluna procura avançar em meio ao tiroteio, enquanto as duas outras (colunas) não chegaram. Alguns voluntários acabaram atingidos, quando começaram a tombar os primeiros feridos e mortos. A alternativa consistiu em retroceder com vistas de não sofrer uma derrota fragorosa. Pode-se, desta forma, conhecer a agilidade e espírito guerreiro dos Muckers (de humildes colonos a temidos combatentes). Estes, entrincheirados no Ferrabraz, encontravam-se isolados e perseguidos como assassinos. O resultado, da frustrada incursão, foram inúmeros feridos de ambos os lados e quatro mortos. Os vitimados, com sua façanha imortalizados no Monumentos às Vitimas dos Mucker (no Cemitério de Amaral Ribeiro).
      Os diversos Voluntários do Ferrabraz, apesar da mal sucedida incursão, foram primordiais para o sucesso militar. As informações dadas definiram as estratégias das ações bélicas. Este acontecimento sangrento jamais pode ser apagado na memória dos diversos envolvidos, quando o solo sapiranguense foi manchado por sangue de irmãos.

(Fonte: Autor Guido Lang, Revista Pauta nº 31, Ano III, Abril/1997, pág.13)

Crédito da imagem: http://www.domaracional.com.br/Muckers.htm