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sábado, 8 de setembro de 2012

A revolução das corticeiras



     As corticeiras, no contexto do mato natural, revelam uma discrição, quando mesclam-se no conjunto das demais espécies. À exceção ocorre no contexto do aquecimento de agosto, quando, os ares da primavera, inspiram uma bonita floração. Elas, junto aos floridos dos ipês, rivalizam na beleza e formosura do cenário.
     Sucedeu-se, no contexto da história comunitária, um acontecido impróprio com as plantas nativas. Elas, nos anos de 1965 a 1975, “foram caçadas de forma excepcional”, quando “adveio um modismo do ciclo econômico do calçado”. As encostas e morros viram-se devassados com razão de extrair as madeiras que forneciam matéria-prima à confecção de saltos femininos de uma fabricação de tamancos/chinelos/sapatos. Algum modelista, em função da madeira leve, tinha elaborado um modelo que “cedo tornou-se um furacão”. As mulheres usavam de forma generalizada e o sucesso impunha um preço elevado à madeira.
    Compradores da matéria-prima, junto aos colonos, passaram para fazer propostas atrativas. Estes, costumeiramente com o dinheiro recebido no ato, deram autorização à derrubada “no contexto de uma ausência de maior legislação de proteção ambiental”. O florido, uma milenar qualidade da espécie, tinha-se tornado impróprio, pois a longas distâncias, das baixadas em direção das encostas, revelava-se sua localização e presença. A tamanha caçada ameaçou a extinção da espécie, porque incorria-se no perigo de não fazer sobrar  exemplares às sementes. Umas menores, com troncos pouco desenvolvidos, deram-se o encargo de salvaguardar a nobre espécie. Cortadores, diante da ganância do lucro (através do poder do dinheiro), desafiaram íngremes encostas e pedregosos espaços para extrair volumosos troncos. Cortados, arrastados morro abaixo, viam-se carregados em carroçadas e evacuadas na direção das estradas gerais ou direto nas serrarias (artesanais instaladas nas colônias).
     Uma época de outras necessidades e preocupações, porém o idêntico pela ganância pelo monetário. Exemplares esparsos, na atualidade, mantêm-se enobrecendo os cenários coloniais, quando refletem a riqueza ambiental da Floresta Subtropical Pluvial/Mata Atlântica. Deus, o Criador, sempre faz sobrar algumas sementes de cada espécie com vistas de dar uma salvaguardar a cada qual. Mantêm, desta forma, a grandiosidade da sua ímpar obra, quando caçadas implacáveis, de tempos em tempos, não conseguem extinguir espécies.

Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.flickriver.com/photos/tags/corticeira/interesting/