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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Profecia da Terra


    “Um dia, a terra vai adoecer! Os pássaros cairão do céu, os mares vão escurecer e os peixes aparecerão mortos na correnteza dos rios. Quando este dia chegar, os seres humanos aprenderão a fazer reverência pela sagrada Terra. Aí, então, todas as raças vão se unir numa aliança para terminar com a destruição, e assim, agir por uma melhor qualidade de vida”.

                                                                                      (Olhos de Fogo, uma velha índia Cres)

Crédito da imagem:http://portalakalanta.blogspot.com.br/2011/12/os-lugares-mais-diferentes-e-raros-do.html 

Instintos apurados


        Alguns colonos, em momentos ímpares, apelaram aos afamados e ousados caçadores. Estes, nos ambientes das comunidades, vêem-se amplamente conhecidos e comentados. Ostentam, como num confronto de astúcias e instintos apurados, uma implacável paixão pelas caçadas. Veem-se, em certas situações, convocados para algum impróprio (alguém precisa dar algum jeito nalguma inconveniência).
Os moradores, diante das contínuas perdas de criações e plantações, precisam tomar alguma medida radical. O bicharedo, como gatos, gaviões, graxains, répteis, atacam as aves domésticas (angolistas, galinhas, gansos, marrecos, perus, pombos).  Os bichos/predadores precisam conhecer um remédio ímpar (susto com razão de afugentá-los ou incorrer no próprio extermínio). Os coloniais não podem conviver com a presença ou proceder ao trabalho de eliminação. Procuram daí apelar ao conhecimento/habilidade dos astutos caçadores. Estes, com exímios atiradores ou com especial cachorrada, tratam de abraçar a causa insana da eliminação. O desafio, no confronto de astúcia (humana versus animal), cedo instala-se no habitat próprio da presa.
O caçador informa-se dos detalhes da espécie. Planeja e instala tocaia própria as preferências do animal. Aos felinos costuma ser algum galo, que canta e atrai a presa. O predador, diante da fome, coloca-se nalgum momento a caminho. O caçador, para não delatar-se pelo cheiro, enfurna-se nalgum esconderijo (contra o vento com razão de não ser denunciado pelo cheiro). Estudou, com uma boa antecedência e precisão, o local do confronto e neste monta algum disfarce. A vítima, como presa, encontra-se amarrada (em meio ao desespero) e fica a espera do predador. Ele, de maneira geral, aflui desconfiado e vigilante! Parece prescindir a tragédia a partir do prato fácil, porém “a dor da fome” impulsiona-o a prosseguir na empreitada de querer apanhar o chamarisco.
O confronto de astúcias, nalgum momento/depois de alguma boa espera, acontece em certo horário, que é comum à espécie. O caçador, pelo tipo de animal, já conhece as habilidades e preferências. A primeira incursão, com um tiro bem carregado e certeiro (convicto dos transtornos em não acertar o alvo, capricha na pontaria), costuma fazer o estrago. O caçador abate o incursor (com razão de dar um basta aos constantes sumiços). Gaviões, em árvores, costumam ser abatidos a longas distâncias. A cada caçada excepcional aumenta a fama do caçador. Os pedidos de outros serviços/trabalhos fluem e recompensas, pelos dispêndios do tempo, tomam vulto. A legislação ambiental inibe/proíbe os abates, porém não tem como certas criações e plantações conviverem com vorazes predadores.
A astúcia e esperteza humana, em quaisquer ambientes - de aparência inóspita, nunca pode ser subestimada ou suprimida. Os humanos, uma vez ludibriados/prejudicados no bolso, cedo mostram a “face oculta”. Os mimos, de fácil degustação, costumam ostentar excepcionais tocaias. O caçador mata e vangloria-se com a desgraça alheia.
     Alguns caçadores, em função das ousadas caçadas e pescarias, constituíram reputação comunitária. Histórias e relatos, na tradição oral, subsistem na memória e ao tempo. Partes das presas serviram como testemunho dos acontecimentos e relatos. Outros momentos, alguma fotografia ou testemunha ocular, documenta o ocorrido/sucedido. O rejuvenescimento da fauna, com a ampliação das florestas, matos e brejos, vem recriando o velho dilema dos rotineiros ataques às criações e plantações (nas propriedades coloniais/rurais). 

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem:http://www.ipvdf.rs.gov.br/