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terça-feira, 4 de novembro de 2014

A abrangência humana


O lagarto, no interior da tubulação, sentia-se deveras resguardado e sossegado. O refúgio, no interior do chão, pintava alheio a abrangência humana. As esporádicas saídas, na necessidade de alimentação, aconteciam no gosto das acaloradas e ensolaradas tardes.
O pátio, na propriedade, caía na atrevida visitação. Os ovos e pintos, nos assaltos as aves, ocorriam na distração do criador. As galinhas, na inoportuna presença, circulavam na atenção e precaução. O alvoroço, na singular manifestação, delatava ataques e presenças.
O sujeito, na condição de brutal, inovou no engenho da caçada. O artifício, na alongada taquara, assentou estopa. Os tecidos, umedecidos na gasolina, foram introduzidos num buraco. Os cães, noutro orifício da tubulação, advinham na expectativa e tocaia.
O animal, no sufoco das chamas e fumaças, procurou livrar-se das circunstâncias. A existência, na carência de oportunidades, aprontou tolhida. Os Homens, nas avarias, faltam da clemência e regular sequelas. Os problemas peculiares exigem singulares soluções.
O costume e habilidade, na agilidade e receio, perdem diante da inovação e razão. A ferocidade, na exaltação, faz os humanos sobrepujarem os irracionais.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lagarto-marau-rs-dsc00972.jpg