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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Negócios


Ovos de ouro 1024x768 Papel de Parede Wallpaper

"Jamais coloque todos os ovos no mesmo ninho".

Provérbio popular

Crédito da imagem: http://downloads.open4group.com/wallpapers/1024x768/ovos-de-ouro-9502.html

O ousado mentiroso



            Um gozador foi perguntar ao cidadão com a alcunha de maior mentiroso da localidade: “- Oh conterrâneo! Qual a mentira do dia?” O indivíduo, sem maior reflexão, respondeu: “- Infelizmente nenhuma! Acabo, no entanto, de saber que o teu cunhado passa mal no hospital. Os comentários dizem que está entre a vida e a morte”.
            O interrogador, com a informação, tomou correndo o veículo e “foi-se a mil” para o hospital. Este, na recepção, foi comunicado de nenhuma baixa. Tomou então o rumo da estrada, quando dirigiu-se a casa do parente. Ele nisso viu o camarada, todo sorridente, labutando na lavoura.
            Quem “tira” os outros, cedo ou tarde, vê-se trapaceado por uma pessoa mais esperta. O mentiroso, em certos contextos, tem o dom de acreditar na própria invenção.
                                                     
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 48
19 de novembro de 2005

Crédito da imagem: http://www.badini.com.br/rs/rr_mr.html

O pica-pau e o gato


FÁBULAS COLONIAIS


Um abusado pica-pau resolveu brincar de desafiar a sorte. Este vivia a testar a ousadia do gato, que, por dias e semanas, tentava surpreendê-lo. A ingênua ave, do alto de uma centenária árvore, disse: “Oh imbecil! Esqueça aquela história de fazer-me o seu prato. Conheço bem suas artimanhas, por isso, vivo a refugiar-me nos galhos e folhas”. O pica-pau, em meio a conversação e distração, esqueceu-se da voracidade da águia, que, num vôo rasante, apanhou-o e tornou o pica-pau seu saboroso cardápio.
O inteligente e sábio jamais brinca e desafia a sorte. O mundo está repleto de artimanhas e astúcias, por isso, todo cuidado é pouco para prolongar o tempo sobre a terra.

Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 47
12 de novembro de 2005

Crédito da imagem: http://www.cantinhodaunidade.com/2011/04/por-que-os-pica-paus-nao-ficam-com-dor.html

O Vale das Lágrimas


Os ancestrais, com a carência de recursos médicos e “perdidos na floresta subtropical”, conheceram dias ásperos e cruéis nas colônias teutonienses (localizadas no Estado do Rio Grande do Sul). A morte, através da diversidade de acidentes e moléstias, mantinha “um flagelo e sonho dantesco” nas famílias dos pioneiros. Pouquíssimos clãs safavam-se dos infortúnios, que diariamente “rondavam a lei da sobrevivência”. Os cemitérios, sobretudo na ala juvenil, são testemunho de uma época, quando encontra-se sobrenomes de todas os clãs.
A cólera, febre amarela, gripe espanhola, peste bubônica, pneumonia, tifo, varíola, como exemplos comuns, foram temidas epidemias, que alastravam-se nos cantos e recantos das picadas (linhas). Estas, como “flagelo demoníaco”, ceifavam valiosas vidas, quando desconhecia-se a ação dos microorganismos. Os micróbios atacavam de forma mortal diante da limitada eficiência de chás e ervas ou recursos dos remédios caseiros. As famílias careciam de dinheiro para custear médicos, que eram raros e residiam longe.
Algum morador ou viajante, da cidade à colônia, poderia introduzir germes de moléstias, que, com limitadas condições higiênicas e permanente convivência com criações conheceram a fácil proliferação. As epidemias e mortes causavam “pavores comunitários” quando famílias, com algum contágio dum membro, conviviam com o aparente abandono e isolamento. Alguma patologia, em horas, difundia aos quatro quadrantes, quando os temores viram-se divulgados e instalados no meio comunitário.
As localidades, entre 1862 e 1930, tornaram-se “um vale de prantos” quando o choro, lamentações, lágrimas... sucediam-se nas propriedades coloniais. A morte era um “fantasma permanente”, quando pais enterravam o mais valioso nas suas vidas – a própria carne através dos seus filhos. Os flagelos, em diversas almas amarguradas, trouxe desânimo e desesperança, que auxilia a explicar os suicídios. Os escritores de pastores, nos registros de óbitos, parca referencia fazem aos sucedidos cotidianos dos moradores, que expressam as dores do espírito...
A medicina moderna, com campanhas de saúde pública, dedetização, introdução de antibióticos e melhorias de condições higiênicas, reverteu o quadro de flagelo, mas histórias dos ancestrais permanecem vivas dos dias derradeiros da colonização. Queira Deus! Que outros “dias tenebrosos” jamais abatam-se sobre as esbeltas colônias e o vale das lágrimas fique como registro dum passado remoto.

Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 43
15 de outubro de 2005

Crédito da imagem: http://vivendoja.blogspot.com.br/