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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O MISTÉRIO DAS GRUTAS DO BAIRRO MÔNACO - CAMPO BOM/RS

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Guido Lang

Campo Bom/RS, em janeiro de 1976, foi assolada pela notícia do achado de um tesouro arqueológico. A descoberta deu-se em função das escavações, que visavam extrair terra para a indústria oleira. O trator e o motorista, depois de labutar tranquilamente numa área de terras de Avelino Mônaco, no Bairro Mônaco (antigo Cantão dos Weber), caiu praticamente numa cratera. O condutor foi verificar a razão do buraco, quando deparou-se com um grandioso achado. Duas grutas, com ramificações menores, foram desvendadas. Elas possuíam uma dimensão aproximada de 20 a 25 metros. Os comentários, de imediato, passaram a correr o lugarejo.
Os moradores, em função da engenhosidade das construções, ficaram divididos. Muitos nem quiseram acreditar no achado, pois o solo campobonense não poderia ostentar tamanha relíquia arqueológica. Décadas de colonização tinham transcorrido e nada de excepcional tinha-se descoberto nas redondezas. O achado de grutas, nalguma coxilha perdida nestas plagas, mostrava-se algo admirável e praticamente inacreditável. A água da erosão ou formigas, para alguns, unicamente poderiam ter criado essas galerias subterrâneas que, no entanto, mostravam-se de extrema perfeição e de grandeza exagerada.
Autoridades, curiosos e intelectuais passaram a afluir ao lugar. Procurou-se percorrer o interior das grutas. As paredes foram estudadas assim como procurou-se por artefatos. Estes, num primeiro momento, pareciam inexistir, acentuando os mistérios de tamanha obra. Alguns passaram a circular livremente no seu interior, onde na gruta maior, um humano de aproximados um metro e oitenta, poderia caminhar folgadamente. A consistência das paredes internas, de barro vermelho e sem revestimento, parecia ostentar alguma semelhança com as edificações de cimento. O piso mantinha-se coberto por uma camada de terra solta, que é comum num espaço em desuso. Alguns corredores ou salas menores pareciam complementar a engenharia maior, o que acentuou a curiosidade sobre a possível origem desta obra.
A formação das grutas deu origem a suposições, que variavam conforme a imaginação e a observação dos indivíduos. Os jesuítas, na ação de catequizar os bugres, foram relembrados, quando teriam também perdido o sino do Rio dos Sinos. Estes, ao fugir dos inimigos castelhanos e portugueses, procuraram construir refúgios subterrâneos, que talvez fosse “uma antecipação do modelo das casamatas dos vietcongs no Vietnã”. A presença de tesouros e formas de imagens religiosas ou ouro seriam uma questão de tempo. Um espertalhão até pensou em proceder com escavações para chegar à fortuna.
Os índios, popularmente conhecidos como bugres, poderiam ter feito o trabalho, porque, diante da inexistência de abrigos naturais ou cavernas, necessitaram de refúgio. A proximidade com o Rio dos Sinos reforçava a hipótese, onde os nativos certamente tinham vivido da caça e pesca. A existência de antigos grupos aldeados, em Santa Maria do Butiá (na outra margem do curso fluvial), era uma confirmação dessa hipótese. Os antepassados teutos, nos seus relatos das histórias dos primórdios da colonização, faziam referência à presença de índios que, em função da velhice, não ousavam acompanhar a peregrinação das tribos.
Algumas mentes relembraram-se da implacável perseguição movida aos adeptos dos Mucker, que, em 1868-1874, criaram um cenário de guerra. Estes, próximo ao Antigo Passo da Cruz (atual Estrada Homero Firsch), tinham simpatizantes tanto como inimigos. A noite do pavor, em 25 de julho de 1874, talvez tivesse sido pretexto para alguma família, em meio ao maior sigilo e aos temores dos incêndios clandestinos, efetuar tamanha obra. O desespero diante da morte teriam os feito labutar como “formigas”. Alguém lembrou-se até dos períodos heroicos da Revolução Farroupilha (1835-1845), quando o torrão campobonense convergiu em divergências e invasões.
Os alemães ou teuto-brasileiros, de 1938-1945, também poderiam ter edificado tamanho esconderijo, quando temiam os “dias negros da perseguição movida pelo Estado Novo”. Inúmeros moradores, de um momento a outro, não podiam renegar sua cultura e língua que, a decênios, mantinha-se em uso corrente em terras brasileiras. Algum refúgio seguro fazia-se necessário, assim algum germanófilo poderia ter concretizado o empreendimento. Um espaço profícuo para esconder-se, numa emergência, da ação policial e de vizinhos. Algum morador poderia temer ser procurado em função de cultivar valores germânicos, que eram confundidos com simpatias a Hitler.
Alguns estudiosos acabaram chamados com a finalidade de fazer estudos. Estes, no período de férias, não puderam atender ao contento, quando deixou-se de encontrar respostas satisfatórias. A presença, nas redondezas, de artefatos indígenas, como cachimbos e restos de cerâmica, parece confirmar a versão da obra dos bugres. Estes, no entanto, deixaram vestígios comuns em diversas áreas campobonenses, mas que não esclarecem satisfatoriamente a dúvida. A origem dos achados arqueológicos do Mônaco, portanto, deixou um mistério, que tornou-se difícil de esclarecer devido a completa destruição desse legado ímpar.

Fonte: Livro "Histórias do Cotidiano Campobonense - Coletânea de Textos" (páginas 27 e 28 - ano 1998), de Guido Lang.

* Crédito da imagem: https://br.depositphotos.com/…/stock-video-hole-ceiling-cav…

* Imagem meramente ilustrativa.

* Digitação: Júlio César Lang

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O estigma por herança

A licantropia, na lenda, pode ser resultado de uma maldição, de um pacto com o diabo, de incesto ou mesmo da predestinação.

Guido Lang

Ao estudioso convém não acreditar em estrupícios. No entanto, a natureza esconde muitos enigmas. O sensato ente, no convívio social, sobrevinha na conduta esdrúxula e reservada. O fulano, por algum infortúnio, via-se agraciado no estigma. Uma família, na massiva desconfiança do comportamento do sujeito, deixou “montada arapuca”. Alguma bebida e comida, em aparência de lavagem, acabaram estiradas propositalmente no pátio. A sexta-feira, em Lua Cheia, sucedeu na visitação. O consumo, no prato, conduziu na “armadilha da caneca de água fervida”. O líquido, nas costas e pelagem, viu-se acertado em cheio. O homem animal, como um raio, esvaziou-se da paragem. A surpresa, no posterior, recaiu sobre o sensato semelhante. Ele, no exato lugar das costas e pele, apareceu com queimaduras provocadas pela água. O cidadão, em excepcionais ocasiões, assumia expressão de monstro. A pelagem, no disseminado do corpo, reafirmava suposição. Os humanos, por herança, carregam sinas. As histórias de lobisomem, na tradição oral, são comuns nos interiores.

Livro: Crônicas das Vivências

Crédito da imagem: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/lobisomem.htm

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Os “olhos abençoados”

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Guido Lang

O sitiante, no seio da propriedade rural, mantinha excepcional capão de mato. A vegetação, na exuberância natural, via-se irrigada pela presença de “olho da água” (poço). O calor e umidade, no contexto do solo fértil, faziam brotar vida. O lugar, no resguardado das ondas de frio, conheceu aproveitamento peculiar. O apiário, na paixão do dono (pelas abelhas), floria nos instalados pedestais de pedra. Os troncos, no embelezamento, ganharam introdução das orquídeas. A consorciação, na exploração diversificada, enobrecia riqueza vegetal. O incumbatório, em plantação, sobrevinha no fim da geração de mudas. As inúmeras variedades, na possível proliferação, foram amarradas nos muitos troncos. Os vegetais exóticos, na antecipada hora, assumiam exuberância de nativas. O intercâmbio, em exemplares, fazia-se na razão do enobrecimento da biodiversidade. O produtor, no interior dos espaços, precisa instituir consorciações e inovações. Os ambientes, dos inóspitos aos propícios, escondem potenciais inimagináveis de riquezas e vida. O empreendedor, em “olhos abençoados”, vislumbra oportunidades nos variados contextos dos cantos e recantos.

Livro: Ciências dos Antigos


Crédito da imagem: https://g1.globo.com/

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A atenção especial

Guido Lang

A plataneira, no conjunto do embelezamento, crescia com ares de raquítica. O afloramento na superfície, da rocha matriz do subsolo, inibia pleno desenvolvimento da planta (no contexto da concorrência vegetal). O morador, em “habilidoso filho das colônias”, deu-se tempo e trabalho. A muda, no específico, ganhou atenção especial. A tarefa, no ínterim dos inúmeros atropelos da propriedade, foi de auferir adubação orgânica. O esterco, em aves, viu-se administrado no anterior das chuvas. As folhas, em miúdas, puderam crescer igual às árvores coirmãs. O exemplo, no trabalho agrícola, demonstra a importância dos detalhes. O criador e plantador, no seio profissional, repara obra. As anomalias, no possível tempo, recebem atenção e correção. O ofício, em profissional do campo, requer muito conhecimento da natureza e habilidade no trabalho. O agricultor, portanto, verifica-se um perito na sua peculiar área de atuação. O visual, na morada e propriedade, espelha apego ao espaço e ciência do labor.

Crédito da imagem: https://www.luanreflorestamento.com.br/content/images/fotos/72/5818711cba746.jpg