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domingo, 28 de julho de 2013

A discreta vigilância


Os vizinhos, das redondezas, queixavam-se do sumiço frequente de artigos da produção agrícola. Algum malandro, na surdina, apropriava-se de alheios bens e  suores!
As suspeitas, no cruzamento de informações, davam conta de esporádicos roubos. As melhores colheitas, no primeiro descuido, “criavam pernas parciais nas lavouras e matos”.
Os desaparecimentos, a título de exemplo, relacionavam-se aos abacates, abóboras, banana, espigas (de milho verde), melancias, melões, raízes (aipim)...
As famílias, num pré-combinado, estabeleceram uma acirrada e discreta vigilância. O camarada, em suspeita, via-se com os movimentos observados! Este, nalgum cochilo, iria “morder a isca!”
Um vizinho, como chamarisco, deixou amadurecer no pé determinado cacho de banana. A vigilância, a partir das instalações e tensa vegetação, mantinha-se fácil como tocaia!
O cidadão, em suspeita, incursionou pelo espaço próximo a noite. O proprietário, com a mão na botija, repreendeu-o no flagrante. O ladrão tinha-se denunciado e desmascarado!
Este, daquele dia em diante, caiu na desconfiança e falatórios comunitários. Quaisquer sumiços, num primeiro momento, faziam referência ao larápio!
Os outros, da fama alheia, valiam-se para afrontar e aprontar maracutaias. O número de pequenos furtos acentuou-se no lugarejo. Ele, em primeiro plano, encontrava-se o apontado na autoria!
Os malandros podem mudam de lugar, porém a fama acompanha-os na migração. A ladroagem, como a mentira, costuma ostentar pernas curtas. As pessoas, em meio aos cochilos e descuidos, zelam pelos bens e patrimônios!

                                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://poemasdojames.blogspot.com.br

A oportunidade de adubação


A mulher, no contexto do pátio, vivia a reclamar. As folhas, com o advento do outono, caiam e redistribuíam-se pelos quadrantes!
O espaço, com eventuais visitas, ostentar-se-ia imundo! As conversas e fofocas, em função do desleixo, tomariam forma no meio comunitário! As referências familiares não seriam das melhores!
A queixa, em resumo, consistia: “- Nada fica limpo! A gente arruma e desarrumam! A sujeira espalha-se pelo ambiente! A umidade, em véspera de chuva, complementa o aroma com cheiros de putrefação!”
O marido, como companheiro e parceiro da propriedade, procurou dar uma modesta mão. Ele deu-se a incumbência de amontoar e varrer os restos vegetais!
O trabalho, num passo posterior, consistiu em ajuntar e colocar num cesto. Este, depois de cheio, foi despejado nas cercanias das frutíferas.
As bergamoteiras e laranjeiras ganharam adubação! A horta, entre alfaces, couves, rabanetes e salsas, viram-se preservados do ressecamento!
Os resultados, com a massiva fertilidade, viram-se nos meses subsequentes. As plantas, num especial desenvolvimento e verde ímpar, agradeciam deveras pelo excepcional húmus.
Certos problemas revelam-se singelas dádivas. Marido e mulher, numa família e propriedade colonial, complementam-se nas conquistas e tarefas. A natureza, na discrição da seiva, ostenta-se um constante morrer e renascer!

                                                                               Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://indaiatuba.olx.com.br