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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O estratagema da sorte



     Um criador, de porcos, vivia queixando-se do insucesso da sua criação, que mantinha-se raquítica.
   Procurou as inúmeras razões do fracasso, quando acha-se com problemas na instalação das pocilgas, carência de insolação, proliferação de vermes... Os bichos, no contexto da vizinhança, ostentavam-se os mais impróprios, quando poucos, na época do “ouro branco” (abundância da comercialização da banha, que dava dinheiro que nem um metal precioso) tinham interesse em intercambiar animais. Este comércio mantinha a nobre incumbência de melhorar as espécies. A má sorte parecia acompanhá-lo por uns bons anos, quando o desânimo fazia-o priorizar aves e gado. Achegou-se, um belo dia, a visita de um aparentado, que há uns bons meses quisera efetuar a visitação. Aquela alegria e satisfação de trocar experiências e ideias, quando o acesso a publicações ostentava-se restrito e o rádio/televisão nem em sonho. Um determinado momento chegou para reparar o bicharedo, quando o visitante olhou as diversas criações. Receitou, ao parente, um estratagema para corrigir a falta de sorte nos suínos. Disse-lhe: “-Vai pregar um prego nos cochos da água e nunca deixe o nível abaixo da altura deste utensílio. Renova de dia em dia a qualidade do líquido quando o criador dará-lhes as bênçãos”. 
     O receituário, com algum auxílio familiar, viu-se seguido à risca. O agricultor descobriu a necessidade de administrar boa quantidade de água límpida aos animais.
      A sorte, de uma hora para outra, mudou o quadro adverso, quando conheceu a importância de singelos porém significativos detalhes.
     Qualquer empleitada exige o conhecimento dos segredos do negócio. Quem capricha e trabalha ganha as graças divinas.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”