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sábado, 11 de agosto de 2012

Os singelos sinais



Os dias frios, nublados e úmidos, no sabor do inverno, são flagelos para animais, humanos e plantas. A falta dos divinos raios do Astro-Rei, coloca a prova as condições de vida, quando a natureza, num testemunho de fogo, encarrega-se de fazer uma seleção natural (“procura testar a eficiência do velho para abrir espaço ao novo”). A realidade, na situação dos fatos, mostra a “ausência de dó e piedade”, quando somente os fortes tem o contrato da vida renovado.
O Sol, na proporção do solstício de inverno, começa a aquecer e ampliar a luminosidade no Hemisfério Sul, quando paulatinamente singelos sinais de mudança brotam no contexto dos dias tenebrosos. Olhos atentos, na direção da fauna e da flora, vislumbram sopros de vida, quando os “entocados saem à superfície”.
Os antigos, a gerações, degustiam os singelos sinais, que, no desfecho de julho e início de agosto de cada jornada, vislumbram os suspiros da natureza. Os coloniais no contexto das lidas diárias das propriedades, apreciam-nas com afinco, quando muitos dizem “este inverno já deu o que deu”. O vislumbre, no alento, sucede-se no florido das árvores (corticeiras, ipês, pereiras, pessegueiros...) que, das baixadas na direção das encostas, “ostentam possibilidades de plantar”. As ações das coiviras no cantar e saltitar começam a procurar lugares de ninho. Amoreiras cobrem-se de folhas e flores. Enxames de abelhas ousados tomam o rumo do vôo nupcial das rainhas. Sabiás cantam melodias divinas. A brotação dos vegetais aflora aos quatro ventos...
Os humanos vêem acirrado o instinto primitivo de mexer com a terra e plantas. Trabalho nas propriedades não falta e tarefas acumulam-se em todos os cantos e recantos. Espécies, há semanas entocadas ou migradas, afluem às paragens. A vida em um bailado majestoso ruma a multiplicação e renovação, com razão de eternizar-se no tempo. O Criador, aos olhos das suas criaturas, revela a sua real face, quando nas entrelinhas predomina o amor e os propósitos da sobrevivência.

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://mauriciomiele.blogspot.com.br/2012/07/agosto-pra-tudo-1-ipe-roxo.html 

A fábula da galinha e do pombo



            Conta, a tradição colonial oral, numa propriedade rural havia dezenas de aves, que nos diversos cochos, comiam a ração em conjunto. Galinhas e pombos relacionavam-se bem no criatório, quando cada qual respeitava os devidos espaços. Aconteceu em uma época das galinhas estarem cansadas de pôr ovos e “almejarem alguma folga/férias”.
            Estas, certo dia, ficaram conversando com alguns pombos quando pediram conselhos. Elas conhecendo a realidade do bom conselho (de não custar nada), foram falando: “-Amigas galinhas! Finjam estarem adoentadas com os piolhos das quais o dono não dá um jeito de exterminar/limpar!” As ingênuas galinhas procuraram seguir a risca a recomendação, quando desleixaram na nobre tarefa de pôr ovos. O patrão, ao anoitecer, recolheu os frutos do dia, quando se admirou do escasso resultado da colheita: “uns poucos ovos”. Ele, para sua senhora, disse: “-Ó companhia e parceria de inúmeras tarefas! Vamos esta noite dar um jeito nestes pombos que defecam tudo e trazem piolhos as galinhas.” Os pombos, conhecidos como “ratos de asas”, foram apanhados e levados ao armazém/venda, quando como pombos brancos foram utilizados em ritos religiosos (nas cidades).
            Cuidado! Muito cuidado com os conselhos! Estes, nalgum momento, podem ser a tua própria desgraça. Tarefas atrasadas, inúmeras vezes postergadas, nalgum momento, tomam vulto.
           

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”


Crédito da imagem: http://eudesalencar.blogspot.com.br/2010/05/pomba-da-paz-uma-pinoia.html