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sábado, 1 de março de 2014

O bucólico roubo


A mulher afligia-se no detalhe. Peças de roupa, no espaço cercado e fechado do prédio, sumiam da varanda do apartamento. Um enigma atribuído a algum fantasma!
As hipóteses foram variadas nos palpites. As aspirações visavam decifrar a charada. Olhos atentos abrangeram os quadrantes. Algum chamariz serviu de tentação!
O curioso: as peças, escolhidas a dedo, sumiam misteriosamente no varal estacionário. As queixas, a imobiliária, relacionavam a dupla chave. A empresa abdicava do argumento!
Um assalariado, no serviço da fábrica, viu-se liberado no imprevisto. O fulano, na casualidade, achegou-se antes do normal à moradia. O panorama via-se de mão na botija!
O espetáculo exprimiu-se prodigioso. A habilidade e ousadia saltavam aos olhos. O gênio humano direcionava-se a esperteza e estrago. A escolha recaía nos exemplares íntimos!
A vizinha, no andar de cima, fisgava com anzol as unidades. O caniço, com manivela, permitia excepcional pesca. O segredo, no súbito, despontou a realidade dos acontecimentos!
Uns, por ninharia, cunham inadequada fama. A inadequação, aos quatro ventos, propaga-se nas conversas. Artifícios, até no velório, veem-se relembrados nas histórias!
O ladrão, no imprevisto, denuncia-se na vadiação. A generalizada roubalheira dissemina-se na impunidade!
                                                                     
        Guido Lang
“Crônicas das Vivências”

Crédito da imagem: http://mueller.ind.br/