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domingo, 31 de março de 2013

A brincadeira do rabo



Um camarada, boa vida e folgado, adorava as festanças e passeios. A família, com suas saídas e vindas, sofria as consequências das afrontas e dispêndios. O dinheiro, tão poupado e suado, “via-se canalizado para o ralo”.
Os amigos, parceiros das barulheiras e bebedeiras, perguntaram sobre as desfeitas. Estas de deixar a jovem mãe e filhos em casa (na proporção deste encontrar-se na folia). O parceiro, no entender dos companheiros, “deveria ter dó e peso na consciência”. Os familiares padeciam nas dificuldades e preocupações. O marido, numa imprudência,  gastava o suado dinheirinho (“nos bailes e bebedeiras de beira de estrada”).
O cidadão, como resposta, externou a pérola: “- O homem, tendo uma exclusiva mulher nas intimidades, assemelha-se aos cachorrinhos. Estes, na ingenuidade e tenra idade, adoram brincar com o próprio rabo”. Quê dizer diante da concepção e filosofia dessas? A espécie contém membros de todos os gostos e paladares! Algumas ideias assemelham-se a duas! Cada qual tem o que merece!
Algumas companhias e parcerias mostram-se sinônimos de aborrecimentos e problemas. Certas realidades descobre-se unicamente na proporção da convivência. O indivíduo pensa conhecer com quem dorme!

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://www.thompsonhotels.com

Os ratos e as doninhas



As doninhas e os ratos empreenderam uma guerra perpétua entre si, na qual muito sangue foi derramado. 
As doninhas sempre eram as vencedoras. Os ratos pensaram que a causa das suas frequentes derrotas era não terem nenhum general líder no exército que os comandasse e que eram expostos aos perigos pela falta de disciplina. 
Eles escolheram então como líder um rato que era muito renomado, com força e deliberação, de forma que eles poderiam ser melhor ordenados na batalha.
Quando tudo estava aprontado. O exército disciplinado. O rato líder proclamou guerra contra as doninhas.
Os generais recentemente escolhidos colocaram em suas cabeças uma palha, pois poderiam ser mais bem distinguidos das suas tropas. Logo iniciada a batalha, uma grande derrota subjugou os ratos e eles debandaram tão rápido quanto eles puderam, fugindo para suas tocas.
Os generais, não podendo entrar por causa dos ornamentos nas suas cabeças, foram todos capturados e comidos pelas doninhas.

Moral da história:
A grandeza tem suas desvantagens!

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://sitededicas.ne10.uol.com.br

sábado, 30 de março de 2013

A diferença dum detalhe



Uma senhora, para fazer companhia ao finado, estampou sua foto na lápide (do jazigo familiar). Esta, fotografada nos tempos do casamento, encontrava-se a relembrar a agradável parceria e o feliz matrimônio.
Um conhecido, de terras distantes, foi visitar os antepassados (no cemitério comunitário). Ele, como filho da terra (porém migrante desde tenra idade), procurou dar uma olhada nos recentes falecimentos. O visitante, deparando-se com a série de lápides, achou aquela do casal. O cidadão ficou muitíssimo assombrado: “ – Beltrana de tal! Esta também faleceu! Como não se ouviu falar disso?”
O fulano, na saída da necrópole, deparou-se com uma inacreditável presença. A finada, como aparente assombração, deu as caras em carne e osso! O fulano, num instante, acreditou tratar-se dum fantasma. Este, de imediato, amarelou e gelou!
O camarada relembrou-se do modesto detalhe. Este havia cochilado em verificar a data do falecimento. A fulana encontravam-se estampada de foto, porém ainda encontrava-se viva. Ela unicamente tinha antecipado sua imagem (junto ao finado marido). A desconfiança de pais, em carecer de ganhar uma lápide dos filhos, faz antecipar uma situação.
A precaução é uma forma de evitar aborrecimentos e atropelos. Um singelo detalhe  faz diferença. A tradição, como crença de má sorte, inibe estampar fotos em lápides (na proporção de estar vivo). Quem de nós não convive com equívocos?

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://poesiaretro.blogspot.com.br


A lebre e a tartaruga



A lebre estava se vangloriando de sua rapidez, perante os outros animais:
- Nunca perco de ninguém. Desafio a todos aqui a tomarem parte numa corrida comigo.
- Aceito o desafio! Disse a tartaruga calmamente.
- Isto parece brincadeira. Poderei dançar à sua volta, por todo o caminho, respondeu a lebre.
- Guarde sua presunção até ver quem ganha. recomendou a tartaruga.A um sinal dado pelos outros animais, as duas partiram.
A lebre saiu a toda velocidade.
Mais adiante, para demonstrar seu desprezo pela rival, deitou-se e tirou uma soneca.
A tartaruga continuou avançando, com muita perseverança.
Quando a lebre acordou, viu-a já pertinho do ponto final e não teve tempo de correr, para chegar primeiro.

Moral da história:
Com perseverança, tudo se alcança.


                      Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://newserrado.com

sexta-feira, 29 de março de 2013

Obesidade como afronta



A fulana, no setor de trabalho, quis “jogar alguma conversa fora”. O tempo, do horário de expediente, parecia-lhe transcorrer moroso e prolongado.
A cidadã, sem maior análise das palavras, externou: “- Sicrana! Como ficastes gorda?” Esta, a umas boas semanas e meses, encontrava-se em regime alimentar. Uma tamanha briga com a balança e boca para não ser tachada de obesa. Uma preocupação diária com adequadas e esbeltas roupas. Aborrecimentos e preocupações diante das visões no espelho... O baque, da imprópria conversa, foi grande e infeliz. Esta, noutro dia, sentiu-se adoentada (em função da baixa autoestima e dores na coluna).
Um colega, a título de implicância, precisou dar seu comentário. Este complementou a fala: “- O equívoco encontrava-se nos teus olhos! Com certeza esqueceu de usar as tuas lentes?” Alguém, nesta altura do campeonato faz referência aos sobrepesos, ofende deveras aos fofinhos.
A briga, com a vida sedentária, mostra-se grande com o controle de peso. O sabor dos artigos parece aumentar na proporção do não poder degustar. Quem de nós consegue manter o peso adequado com a idade? Poucos, com essas possibilidades amplas de consumo, conseguem manter o peso próprio.
A comida assemelha-se a poupança: tira muito da conta - ela diminui; coloca bastante valor, os números multiplicam. Nem tudo que se pensa convém externar aos ouvidos alheios. A reeducação alimentar tornou-se um imperativo social.

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://pedevela.blogspot.com.br 

O homem e a raposinha


Um homem armou uma ratoeira. Aconteceu que caiu nela uma raposinha. Vendo-se presa o malfazejo animal suplicou-lhe que se lembrasse dos benefícios que lhe havia feito, caçando e limpando-lhe a casa de ratos e de animais daninhos e peçonhentos.
- Não! Serei ingrato! Respondeu-lhe o homem. - Pois você nada fez com intenção de servir-me; só tratava era de alimentar-se. Se não houvesse ratos você teria dizimado o meu galinheiro.

Moral da história:
Muitos querem que aceitemos como obséquio (favor) o que só fazem por prazer ou utilidade própria.

                    Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                              Crédito da imagem: http://superamigos.tuningblog.com.br

quinta-feira, 28 de março de 2013

A inovada proteção



Um modesto colono, a cada safra, cultivou suas tradicionais sementes de melancia. Este possuía uma paixão excepcional pela cultura. Ela, no sabor do calor de verão, dava um cardápio especial. Algumas frutas, bem geladas e graúdas, reuniam a família ao redor da comilança. O pessoal degustava-a na proporção de fazer alguma pausa nas obrigações.
A dificuldade e o problema relacionou-se ao frequente roubo das colheitas. Alguns malandros, alheios aos esforços do trabalho (com o plantio e seus cuidados), surrupiavam sacos e mais sacos do produto. Algumas peças nem fariam a menor diferença, porém os exageros importunavam-no deveras. Este, diante da astúcia e ousadia, resolveu improvisar e inovar.
O produtor, nas beiradas da lavoura, encheu o espaço com abelhas. Elas, em inúmeras comunidades, faziam a segurança. O patrimônio viu-se cedo resguardado pelas africanas. O respeito, desconhecido pelos larápios, impôs-se rápido no ambiente.
A fama, da escamoteada surpresa, correu nos falatórios da comunidade. Uns, das abelhas, tiveram mais medo “do que o diabo da cruz”. Os ladrões certamente temiam chocar-se com alguma caixa! As necessidades criam as invenções! Conciliar adversidades é obra de espertos!
Singelos atos, no âmbito geral, fazem muita diferença. Conciliar interesses é uma maneira de avolumar patrimônio. O temor de uns mostra-se a alegria/felicidade de outros. Cada qual luta pela sobrevivência com as armas ao seu alcance. As coisas ruins até o vento encarrega-se de espalhar (na proporção das boas custarem a avolumar-se).

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://ahortadocouto.blogspot.com.br

O Sol e as rãs



Correu boato de que o sol ia casar-se; e logo as rãs se assustaram, multiplicaram orações para que tal não acontecesse.
- Um Sol já nos custa a suportar. Com a sua presença os charcos e os lagos ficam secos. Mal podemos achar um ou outro esconderijo que nos conserve algum frescor, alguma umidade. O que será se, casando-se o Sol, tiver filhos?

Moral da história:
É prudente evitar que se multipliquem os maus.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                            Crédito da imagem: http://www.tecnologiaetreinamento.com.br

quarta-feira, 27 de março de 2013

O velado espetáculo


Os jantares bailes, junto aos encontros esportivos (do campeonato amador), são os grandes eventos coloniais.
Estes, nos centros comunitários e campos varzeanos, reúnem o público das colônias.  Os momentos, de convivência e lazer, são ímpares (para “renovar as baterias das preocupações e do trabalho semanal”). As entidades comunitárias visam o lucro e os moradores, na proporção do lazer, almejam o reconhecimento social. A necessidade humana é grande de mostrar-se aos semelhantes.
Os bailes, às diversas idades, promovem as danças de salão. Inúmeros casais, nos diversos ritmos, tem sua principal diversão. O pessoal adora bailar para despreocupar-se e praticar exercícios. Uns, em tardes e noites inteiras, divertem-se ao som das músicas (dos conjuntos ou eletrônica). A comilança, como distração, ocorre tradicionalmente nos bailes dos sábados.
Uma classe de indivíduos excepcional relaciona-se aos habilidosos casais dançarinos. Uns, para mostrar o dom, aproveitam a oportunidade para dar shows nas pistas. Eles querem externar suas habilidades e ganhar admiração. Os enamorados, nas inúmeras comunidades, vêem-se conhecidos pelos particulares espetáculos. O curioso: uns pensam estar dançando no ritmo próprio da música e a realidade nem sempre corresponde aos fatos.
Alguém, a título de brincadeira e gozação, instituiu o título de casal “Melhor Dançarino”.  Júris anônimos, com pessoas escolhidas a dedo, indicariam este casal. Os conceituados, em tais bailes, poderiam externar a magnificência. Uns pares esmeram-se deveras na habilidade corporal (para ganhar porventura algumas cervejas como prêmio).
A conversa, na prática, não passou de mera lorota/trote! Os músicos, no contexto do início dos bailes, nem bem iniciaram a animação e os interessados já encontraram-se marcando ponto nas pistas. A honra e a satisfação consistia em dançar a primeira peça!
A música de bandinha, como estilo preferencial, encheu em segundos a quadra com dezenas de pares! Versa a sabedoria comunitária: “Um casal dançarino mostra-se sempre bem vindo a quaisquer eventos para dar o seu parcial espetáculo!”
As pessoas costumam salientar-se naquilo que gostam. O ser humano, junto aos seus, precisa da admiração e reconhecimento para sentir-se feliz e realizado. Pé de valsa ostenta-se uma aptidão estimada e valorizada na convivência comunitária.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://www.groupon.com.br 

O ladrão e o cão


Um ladrão quis entrar em uma casa, mas a guardá-la estava um cão feroz, que com seus latidos o impedia. Para fazê-lo calar-se, o ladrão atirou-lhe um pedaço de pão com veneno. 
- Deseja que por este pão eu lhe venda o meu dono, que me dá de comer, e que me confiou a defesa do que é seu.
Não podendo corromper essa fidelidade, nem iludir essa vigilância o ladrão foi ver se achava alguma casa mais descuidada.

Moral da história:
Não acredites de leve na generosidade de quem mostra querer obsequiar-te com presentes, e nunca, por consideração alguma, atraiçoes aos que em ti houverem confiado.

                                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                               Crédito da imagem: http://expressopradois.blogspot.com.br

terça-feira, 26 de março de 2013

Os contínuos cuidados



Um produtor, pouco aficionado a pecuária, mantinha um potreiro. Este, tomado pelo brejo e mato, ganhou a companhia duma vaca.
O animal, semi-abandonado ao Deus dará, conseguia produzir uns míseros litros de leite. A produção diária mal atendia as necessidades do consumo familiar. O proprietário, diante do escasso retorno e temer perder o capital, resolveu passar no troco o infeliz ser.
O comprador, como conhecedor e dedicado criador, tomou as necessárias medidas (para reverter o quadro adverso). Ele, conforme os conhecimentos do bom criador, administrou os rotineiros sais minerais, combateu as tradicionais verminoses, cuidou do cio com a inseminação, melhorou o trato com silagens...
O bicho, em poucos dias, começou a ostentar outro visual. A produção começou a multiplicar-se nos litros. A vaca, em semanas e meses, tornou-se uma campeã no plantel. O investimento e trabalho, com o domínio dos conhecimentos e habilidades da profissão, deu os almejados dividendos e retornos financeiros.
O idêntico aplica-se a quaisquer negócios. A domesticação, seja de aves, bovinos, caprinos, insetos (abelhas) ou suínos, exige contínuas atenções e reparos. A mão do produtor, com a bênção divina, mostra-se a razão da sorte. A casualidade, como mero extrativismo, ostenta-se difícil em angariar ganhos. O tempo dispendido, nas correrias, absorve eventuais lucros. A sorte tem nome: conhecimento, dedicação, trabalho...
As famílias, com os seus filhos, seguem o receituário. Estes, através dos muitos diálogos e explicações, exigem os devidos cuidados e ensinamentos. A convivência, como companhia, transcreve os exemplos das práticas familiares. O olhar revela-se a melhor escola da vida. A experiência, com uma supervisão superior, supera milhares de palavras.
A história, de deixar livre e solto (em nome da autonomia e liberdade), leva a enveredar em caminhos escusos. O olho dos pais evitam aborrecimentos e atropelos futuros. A sabedoria popular versa: “diga com quem andas e tirei quem és”.
Quaisquer patrimônios exigem muitos cuidados e reparos. Certas cobranças precisam de coragem e persistência, porém os frutos mostram-se muito benéficos e doces. Os investimentos precisam gerar os merecidos proventos. Os resultados norteiam os passos das ações humanas. O óbvio também precisa ser dito e explicado!

Guido Lang
”Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://www.waltercaldeira.com.br 

O cão e a máscara



Procurando um osso para roer, um cão encontrou uma máscara: era formosíssima, e de cores tanto belas quanto animadas; o cão farejou-a, e reconhecendo o que era, desviou-se com desdém e pensou: a cabeça é decerto bonita, mas não tem miolos.

Moral da história:
Sobram neste mundo cabeças bonitas, porém ignorantes.

                        Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                  Crédito da imagem: http://produto.mercadolivre.com.br

segunda-feira, 25 de março de 2013

A antecipada morte



Uma senhora, com o marido muito adoentado, labutou anos nos cuidados deste. Ele, nos anos da convivência familiar, tinha sido uma boa companhia e parceria. A diabete, conforme a constatação médica, dar-lhe-ia pouco tempo de vida.
A mulher, para evitar atropelos e preocupações de última hora, antecipou-se aos eventuais problemas. A funerária deixou pré-combinada. O religioso, da confessionalidade familiar, deixou de sobreaviso. A roupa social, como calça, camisa, casaco e gravata, providenciado...
O marido, numa ímpar casualidade, viu a vestimenta pendurada no armário/estendida no cabide. Ele ficou adoidado com as encomendações e prenúncios. A solução, para não dar o gostinho (de verem-se livre dele), consistiu em melhorar de estima e saúde. Este, num assombroso sobro de sobrevida, tratou de revigorar-se (“diante da aparente afronta e torcida”).
A surpresa adveio no decorrer do tempo. Ele procurou viver ainda alguns bons e majestosos anos (“até bater na porta dos céus”). Este, à mulher, não queria dar o gosto de enterrá-lo com a vestimenta. O indivíduo, com sua aposentadoria/pensão, certamente pensou “em algum Ricardão fazer festa” (como companhia/parceria da esposa/viúva).
Os equívocos igualmente servem como belos exemplos de vida. A morte, em quaisquer contextos, assusta os viventes e os faz refletir sobre os desígnios. Viúva(o) é aquela pessoa que vai e não o ser que fica.

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://www.lojasdeternos.com 

A carne e o cão


Ia um cão atravessando a nado um rio; levava na boca um bom pedaço de carne. No fundo da água viu a sombra da carne; a projeção no fundo do rio era muito maior. Ganancioso, soltou a que tinha na boca para agarrar a outra, a da sombra; porém, por mais que mergulhasse, ficou logrado.

Moral da história:
Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.

                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                     Crédito da imagem:http://colunas.revistaepoca.globo.com

domingo, 24 de março de 2013

A exclusiva dedicação


As pessoas, numa comunidade urbana, admiravam-se de determinado cidadão. Este começou do nada e cedo avolumou tesouros. A família, através deste, tornou-se proprietária de prédios e terrenos.
A riqueza, de forma contínua, somava-se ao conjunto dos seus bens. Alguma quadra, pelas conversas, lhe pertenciam (em localização privilegiada). Uma construção excepcional, como edifício, era outra rendosa propriedade. Muitos o invejavam, outros o admiram pelo amplo patrimônio e mente milionária.  Alguma loja frontal, como fonte de divisa, era o local de escritório e trabalho.
Um conhecido, num certo sábado de manhã, achegou-se ao espaço. Ele queria uma atenção de minutos para uma conversa informal. O cidadão, de imediato, elogiou-o pelo apego e disciplina ao trabalho. As pessoas, nas calçadas e ruas em geral, andavam para atender seus compromissos de compra e folga como final de semana.
O fulano encontrava-se atendendo e labutando (junto ao escasso número de funcionários). Outros, na calada da manhã, precisaram acertar umas contas e verem perspectivas de negócios. Ele, como empresário, marcou as seis da manhã. O conhecido, junto com o filho, achegou-se e encontrou-o tomando chimarrão e repassando as primeiras notícias.
Um pai, diante do filho (como acompanhante), explicou: “- Entendes o fato do sicrano ser dono de tamanho patrimônio? Ele concentra-se e esmera-se na sua ocupação profissional. Este não fica até as dez horas da manhã na cama e daí pensa em iniciar as tarefas. A manhã daí transcorreu e nada de maior produção econômica! As posses tem alguma razão de serem merecidas e não surgem pela mera casualidade!”  Uma referência ao descompromissado filho e adepto de algum soninho (a mais na aurora do dia).
As pessoas ambicionam os bens alheios, porém querem distância dos encargos. Poucos ainda dão a vida pelo trabalho ou a labuta constitui-se na sua filosofia. As mãos milagrosas tem sua explicação de ser e não tem o poder por mera casualidade.  Quem, a cada dia carrega um punhadinho de terra, avolumou uma montanha até o final da existência. “Deus ajuda a quem se ajuda” ou “Deus ajuda a quem cedo madruga”.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Econômico”

Crédito da imagem: http://www.guiadasdicas.com

A raposa e a cegonha


A raposa e a cegonha mantinham boas relações e pareciam ser amigas sinceras. Certo dia, a raposa convidou a cegonha para jantar e, por brincadeira, botou na mesa apenas um prato raso contendo um pouco de sopa. Para ela foi tudo muito fácil, mas a cegonha pode apenas molhar a ponta do bico e saiu dali com muita fome.
-Sinto muito disse a raposa, parece que você não gostou da sopa.
-Não pense nisso, respondeu a cegonha. Espero que, em retribuição a esta visita, você venha em breve jantar comigo.
No dia seguinte, a raposa foi pagar a visita. Quando sentaram à mesa, o que havia para jantar estava contido num jarro alto, de pescoço comprido e boca estreita, no qual a raposa não podia introduzir o focinho. Tudo o que ela conseguiu foi lamber a parte externa do jarro.
-Não pedirei desculpas pelo jantar, disse a cegonha, assim você sente no próprio estômago o que senti ontem.

           Moral da história: 
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://asfabulasdeesopo.blogspot.com.br

sábado, 23 de março de 2013

A escamoteada vingança


Um produtor rural, com o avanço da urbanização, cedo viu sua propriedade agrícola próxima à cidade. A instalação duma vila cedo causou-lhe aborrecimentos com o lixo. Este, a todo instante, via-se desovado no interior das plantações.
Um empecilho, aqueles muitos e variados plásticos, no contexto do manejo das máquinas. Ele, durante um bom tempo, procurou conviver e suportar a lixeira. O constante e progressivo acúmulo de materiais levou a pedir providência dos responsáveis do meio ambiente.
O agricultor, num belo dia, pegou os responsáveis municipais para mostrar a indecência. “Corpo mole aqui e acolá e nada de tomar providências e resolver problemas”. O cidadão, numa ousadia ímpar, achegou-se ao momento de pedir a colaboração dos moradores próximos.
Este, diante dos muitos forasteiros, cedo arrumou uma aparente desconfiança e inimizade. Alguém viu-se deveras ofendido diante dos pedidos e reclamos. Uns incompreendiam o fato da lavoura não servir de depósito clandestino de lixo. Os dejetos, diante do recolhimento dos lixos, era só colocar nas lixeiras próximas.
O plantador continuou com sua tradicional lavoura de milho. Ele precisava produzir o cereal para silagem das vacas. Uma forma de armazenar e suavizar as dificuldades de trato no inverno. A plantação, uma vez com espigas constituídas, conheceu o trabalho da máquina de silagem.
Esta, como de costume, rodeou a lavoura, porém lá adiante conheceu um estranho barulho. Algum ferro, em forma de espeto de churrasco, encontrava-se escamoteado em meio às plantas. O despercebido artefato cedo deu os estralos no interior do maquinário. Os prejuízos fizeram-se sentir no bolso e no tempo. A necessidade de redobrar as atenções, nas vindouras colheitas, fizeram-se imprescindíveis.
O indivíduo desconhece as reais intensões e interesses de muitos. Algumas pessoas, nalguma afronta, parecem ter prazer em colocar empecilhos e criar problemas. O lixo, em quaisquer realidades, consiste num grave problema social. Uns poucos malandros, num conjunto de gente boa, servem de péssima referência dum lugar.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”

Crédito da imagem:http://www.fazendaadriana.com.br

O urso e as abelhas

Urso e Abelhas

Um urso procurava por entre as árvores, pequenos frutos silvestres para sua refeição matinal, quando deu de cara com uma árvore caída, dentro da qual, um enxame de abelhas guardava seu precioso favo de mel.
O urso, com bastante cuidado, começou a farejar em volta do tronco tentando descobrir se as abelhas estavam em casa.
Nesse exato momento, uma das abelhas estava voltando do campo, onde fora coletar néctar das flores, para levar à colmeia, e deu de cara com o matreiro e curioso visitante.
Receosa do que pretendia o urso fazer em seguida, ela voou até ele, deu-lhe uma ferroada e desapareceu no oco da árvore caída.
O urso, tomado pela dor pela ferroada, ficou furioso e incontrolável, pulou em cima do tronco com unhas e dentes, disposto a destruir o ninho das abelhas. Mas, isso apenas o fez provocar uma reação de toda a colmeia.
Assim, ao pobre urso, só restou fugir o mais depressa que pode em direção a um pequeno lago, onde, depois de nele mergulhar e permanecer imerso, finalmente se pôs à salvo.
              
Moral da História:
É mais sábio suportar uma simples provocação em silêncio, que despertar a fúria incontrolável de um inimigo mais poderoso.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                            Crédito da imagem: http://sitededicas.ne10.uol.com.br

sexta-feira, 22 de março de 2013

Um mimo escolar


Um professor, durante décadas, atuou nas escolas das periferias urbanas. Este, como filho das colônias, adorava trabalhar com o pessoal carente e modesto. Ele, com os milhares de alunos passados em suas mãos, pode aprender muito da experiência e vivência. Os alunos, do cotidiano dos lares e ruas, traziam os acontecimentos, informações e malandragens.
O profissional, em termos gerais, descobriu a desmotivação de inúmeras crianças (em precisar ocupar-se com os conteúdos teóricos). Os estudantes, com raras exceções, careciam de atrativos com a arte de calcular, escrever, ler, interpretar, refletir, transcrever...  A esperteza como paliativo de solução foi dar-lhes algum mimo.
Aqueles ágeis e interessados, na proporção de concretizar as tarefas propostas (de cada dupla de períodos), ganhavam um tempo (de cinco a dez minutos) à de prática de esportes. Uma forma de exercitar os músculos (do muito sentar).  Os concluintes, depois de acompanhados e avaliado na qualidade das tarefas, podiam ocupar-se dum esporte (futebol ou vôlei).
Os resultados, em dias e semanas, viram-se magníficos. As choradeiras e lamúrias, do “de novo professor”, foram suprimidas. O alunado vira-se atento e predisposto a iniciar os estudos da disciplina. Os tradicionais desinteressados e morosos obrigaram-se a estudar e trabalhar nos conteúdos. Eles ambicionavam os idênticos benefícios e vantagens dos colegas (dedicados e esforçados).
O rendimento, em função duma modesta estratégia, mudou toda uma metodologia e rotina. O ensino, do valor do estudo como trabalho, foi primordial assim como “primeiros os encargos e depois os prazeres”. A prática foi possível unicamente com o aval da coordenação e direção escolar. O profissional, em momentos, obriga-se a fazer aquilo que nem sempre bem concorda.
Singelos mimos fazem muita diferença no geral e produzem magníficos frutos. Os resultados medíocres exigem mudanças de enfoque e prática. Os paliativos nem sempre são adequada solução, porém são caminhos para suavizar ônus. Sábio é aquele que consegue extrair água de pedra! Cavoucar ouro em meio à terra seca!

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Urbano”

Crédito da imagem: http://www.educacaoassis.com.br

O mosquito e o touro

figura

Um mosquito que estava voando, a zunir em volta da cabeça de um touro, depois de um longo tempo, pousou em seu chifre, e pedindo perdão pelo incômodo que supostamente lhe causava, disse: "Mas, se, no entanto, meu peso incomoda o senhor, por favor, é só dizer, e eu irei imediatamente embora!"
Ao que lhe respondeu o touro: "Oh, nenhum incômodo há para mim! Tanto faz você ir ou ficar, e, para falar a verdade, nem sabia que você estava em meu chifre".

Moral da história:
Com frequência, diante de nossos olhos, julgamo-nos o centro das atenções e deveras importantes, bem mais do que realmente somos diante dos olhos do outros. Quanto menor a mente, maior a presunção.

                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                            Crédito da imagem: http://sitededicas.ne10.uol.com.br

quinta-feira, 21 de março de 2013

A deficiência


Um senhor, com deficiência física (paralítico), tornou-se importante referência comunitária. Este, na proporção dos ditos normais passearem nos finais de semana, ocupava-se em criar ideias e instruir-se nas leituras. Ele, em décadas, tornou-se excepcional liderança regional. As dificuldades foram canalizadas na direção do aprimorar e inovar o espírito.
O cidadão, em poucos anos, tomou o caminho da política. A preocupação restringia-se as querelas municipais (nada de maior ascensão nas esferas do Estado e União). Ele, nestas décadas de atuação, conseguiu os cargos de vereador e prefeito. Este, nas derrotas e vitórias, pode conquistar muitos adversários e partidários. O sabor, da empolgação e rejeição, fazia parte das querelas partidárias.
Um determinado morador, numa “dessas espécies raras da inadequada formação cultural”, externou sua pérola. O indivíduo, nas conversas informais, dizia: “- Quê o fulano quer como político? Um inválido desses deveria viver no aconchego da casa! Nada de correr pelas estradas e pernoitar tarde nas noites em reuniões políticas!” Ele era um desses ferrenhos adversários e opositores. Uma referência ao nome do fulano, na sua presença, era uma espécie de implicância e ofensa pessoal.
O político, no calor duma campanha, ouviu falar dos comentários impróprios do sicrano. Ele, num encontro ocasional das partes adversas, ouviu da própria boca do morador a indigesta alusão. O senhor, de forma educada, escutou a conversa. Este, na sua esperteza e malícia, rebateu: “- O cidadão encontra-se mais abençoado com uma deficiência física do que ser um dito normal tendo uma mente do tamanho dum grão de milho”. O ouvinte caiu na real da sua burrice e o “chapéu bem lhe serviu”. Adeus alusão posterior à deficiência alheia!
Alguns empecilhos servem como trampolim as realizações maiores. A força de vontade de uns é digna das maiores conquistas e realizações. “Certos momentos é bem mais sábio silenciar do que falar”. “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Existência”

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Os viajantes e o plátano

figura

Dois viajantes, exaustos, depois caminharem sob o escaldante sol do meio dia, decidiram descansar à sombra de uma frondosa árvore.
Após deitarem-se debaixo daquela refrescante e oportuna sombra, um dos viajantes, ao reconhecer que tipo de árvore era aquela, disse para o outro:
"- Como é inútil esse Plátano! Não produz nenhum fruto, e apenas serve para sujar o chão com suas folhas."
"- Criaturas ingratas!" Disse uma voz vinda da árvore. "Vocês estão aqui sob minha refrescante e acolhedora sombra, e ainda dizem que sou inútil e improdutiva?"

Moral da História:
Alguns homens menosprezam os melhores benefícios que recebem apenas porque nada tiveram que pagar por estes.

                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

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quarta-feira, 20 de março de 2013

As histórias familiares


Um senhor, pelos anos de experiência e vivência, tinha adquirido e ouvido muitas histórias e relatos. Elas, na sua compreensão particular, constituem-se numa pérola familiar (desperdiçada diante do desinteresse alheio).
A descendência, como filhos e netos, faziam descaso e indiferença. A imaturidade e preocupações variadas permitiam escasso tempo para narrações e relatos. Estas, em menos ou mais anos, acabariam carregadas para sepultura. Algum descendente, lá na idade madura, acabaria lamentando o fato do desleixo e perda desse patrimônio oral.
O cidadão, diante da apatia das atuais gerações, procurou um paliativo. Este, dentro das reminiscências, dava-se a nobre tarefa e tempo de redigi-las. Ele, a cada dia, apontava algumas histórias (com o objetivo de manter viva as memórias). Os rebentos, na sua ausência física, poderiam lê-las e relê-las (como uma espécie de curiosidade e diálogo). A redação permitiria a constituição de livros.
O interessante, com relação aos estudiosos das ciências sociais, relaciona-se aos estranhos. Estes, a título de estudos de épocas e temas, poderiam valer-se desse conhecimento e registros às pesquisas. A história comunitária e familiar via-se postergada no espaço e tempo.  A singela preocupação, como legado da cultura imaterial, levou a produção duma valiosa contribuição literária. O material, depois de escrito e impresso, sempre encontraria eventuais interessados numa variada leitura.
As pessoas, de alguma forma duradoura e esperta, precisam encontrar uma maneira de deixar seu legado. O inverno da vida aconchega-se antes do imaginado, portanto nunca é demais alguns registros. Astutos aqueles que chegam à velhice na proporção de tantos abandonarem a vida na juventude. Aqueles que encontram soluções simples para problemas sérios ostentam-se indivíduos inteligentes e sábios. Quem de nós não gosta de ouvir uma interessante e pitoresca história?

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://poetaeliasakhenaton.blogspot.com.br