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domingo, 14 de abril de 2013

Os absurdos da vida


A fecundidade humana caiu a índices assustadores nas últimas décadas. As famílias possuem ausência ou baixo número de filhos.
As causas deste comportamento são diversas. A criação de descendência tornou-se algo muito arriscado e oneroso. O risco advém dos caminhos escusos da criminalidade e drogadição. Os custos decorrem dos altos investimentos em educação e oportunidades profissionais.
O fato, no seio familiar, criou uma nova realidade. Inúmeros indivíduos, sobretudo da ala feminina, apegam-se a animais (para satisfazer o instinto maternal). Estas, em função de dificuldades de achar alguma parceria masculina interessante ou problemas de saúde, optam pela companhia de cães e gatos.
Os bichos, a semelhança de filhos, ganham uma atenção e mimo excepcional. Estes, a todo instante, constituem-se agradáveis parcerias (para ocupar a mente e o tempo). A solidão, num ambiente cercado de semelhantes, ostenta-se um estresse e flagelo. A companhia animal alivia parte dessa solidão.
Uma moça, a título de exemplo, deparou-se com um tradicional vira-lata (do local de trabalho). Este, abandonado e esfomeado no ambiente urbano, residia no espaço central da cidade. Ela, em função do apego e consideração pela espécie, fez um gesto ímpar.
A moça dirigiu-se a lancheria próxima. Ela, ao amigo cachorro, comprou pastéis como refeição. Um gesto interessante e nobre! A cidadã, há uns metros distantes (na praça principal central), esqueceu-se dum detalhe.
O mendigo, como morador de rua, encontrava-se igualmente esfomeado e esfarrapado! Quem, no final das contas, mereceria maior atenção e mimo? Os animais ou os semelhantes? Animais, para muitos, parecem incomodar menos como gente! A confiança parece maior nos bichos do que nos próprios humanos!
Os exemplos e as práticas externam as crenças e valores. O indivíduo, dentro das possibilidades, precisa estar disponível aos próximos. Um singelo cumprimento e sorriso, no âmbito geral, faz muita diferença e satisfação. Quem não tem suas contradições e incoerências nesta existência?

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Urbano”

Crédito da imagem: http://www.groupon.com.br

A serpente e a lima


Entrando uma serpente na casa de um ferreiro picou uma lima, e como esta lhe resistisse e fosse dura, com mais força lhe aplicou as presas.
Todavia em vez de conseguir cravá-las, ficaram-lhe elas abaladas, e a boca cheia de sangue.
Então a lima lhe disse:
- O que fazes? Não vês que sou de aço e de boa têmpera! Nem todas as serpentes do mundo me podem fazer mal; inerte lhes resisto, e se persistem, em pouco tempo ficam desdentadas.

Moral da história:
Uma vida honesta e pura é como a lima: por mais que a serpente da calúnia lhe queira cravar as presas, nada consegue.

                     Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                 Crédito da imagem: http://heresiascatolicas.blogspot.com.br