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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A vida tem valor



Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas do hoje, porque o terreno do amanhã é por demais incerto para os planos e o futuro tem costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não importam ... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais ...
Descobre que leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas num instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
Aprende que não precisamos mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que a vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para tornar a pessoa que se quer e que o tempo é curto ...
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, porém se você não sabe para onde está indo, qualquer ligar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão e que ser flexível não significa ser fraco ou não Ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que a pessoa que você espera que o chute quando você cai, pode ser a única que o ajude a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que aprendeu com elas, do que quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais de sues pais em você do que supunha ...
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

William Shakespeare (1564-1616)

Crédito da imagem: mensagensdeus.blogspot.com

As excepcionais carnes


Um churrasco, no passado, era sempre um acontecimento especial. Os moradores, nos eventos comunitários, afluíam dos cantos e recantos da localidade (com razão de degustar  boa carne). Inúmeros já faziam caso duma excelente galinhada e imagina então duma churrasqueada. Esta, regada a bebidas e saladas, costumeiramente era de origem bovina ou suína. Os assados, na atualidade, tornaram-se uma prática domingueira (nos seios familiares). Assar alguma carne ostenta-se um alívio às senhoras na cozinha e a incumbência dos maridos em fazê-lo nas churrasqueiras.
Um certo cidadão, nas colônias, começou a namorar determinada moça. Os apaixonados, de famílias tradicionais, conheciam-se desde a infância. O namoro, nas idas e vindas, tinha tido a duração de algumas poucas semanas. Os pais, da moça, primeiro necessitaram dar o aval do relacionamento. O jovem, dali em diante, pôde passar a frequentar a casa. Este, a cada final de semana, encontrava-se no lar da enamorada. A família, do genro em potencial, pode conhecer facetas das manhas e virtudes. O rapaz, entre as várias vocações, salientava-se na habilidade de exímio caçador.
Um certo dia, depois duma boa convivência,  adveio o convite de degustar um churrasco (na casa do rapaz). Os pais da moça, em alta consideração e estima, procuraram dedicar um momento especial à visita. As duas famílias reforçariam vínculos com a excepcional refeição. O prato, num domingo, não poderia ser outro: o tradicional churrasco. As residências, em quaisquer moradias, improvisam ou possuem um lugar próprio aos assados. Aquele lar, com churrasqueira ou forninho, não podia ser diverso. A preocupação, com a visita inicial, estaria numa boa convivência e conversação. O aperitivo, no ínterim do preparo do assado, atiçava o estômago ao apetite.
O rapaz, como não poderia deixar de ser, procurou caprichar nas carnes e temperos. Uma abundância e diversidade para o escasso número de pessoas. Algum carvão especial, a base da acácia ou angico, constituiu boa brasa. Alguma caipira, com cachaça de alambique e limão taiti, para agradar convidados. As brincadeiras e conversas, com camaradagem e gargalhadas, rolavam soltas. Os homens, no ínterim, assentaram-se na beira da churrasqueira. O objetivo consistia em fazer assar as carnes. As mulheres, no interior da cozinha, tinham preparado as saladas e sobremesas. Afinal, numa visita dessas,  nada poderia faltar! A animação, acrescida da fofoquinha, piada e risada, rompia a rotina da calma e silêncio (tão comum nos dias da semana). Os espetos, estendidas sobre as brasas e repletos de cheirosas carnes, “traziam o aroma ao nariz e convite ao paladar”.
O cheiro exalava pela propriedade e vizinhanças. A cachorrada, lá adiante, prescindia a oportunidade de degustar alguns bons ossos. Os gatos, comis diversos cheiros, mantinham-se abusados e irrequietos. Alguns restos, nalguns pratos, certamente sobrariam. A dificuldade, com tamanha fome, era aguardar o momento oportuno. Alguma gordura respingada ou migalha descartada via-se cheirada e lambida. Alguma ousada galinha (caipira) achegava-se para querer tirar algum naco. Esta atiçava seus instintos carnívoros dos outrora dinossauros.
O tempo transcorreu e adveio o aviso. A carne pronta e adveio o assento a mesa posta.  A ceia, precedida de alguma oração rápida de agradecimento, levou o pessoal avançar sobre o cardápio. Um alimento dos deuses! Uma ceia de Kerb! Os elogios, do sabor das diversas carnes, não faltaram por parte dos hóspedes. O desafio era experimentar um naco de cada parte. Todos, em meia hora, viram-se fartados e satisfeitos. Uns tiveram a inconveniência de exagerar nas quantidades. Ceia concluída, adveio o momento da caminhada e posterior cesta. Uma forma complementar a digestão e revigorar os ânimos.
O visitante, neste passeio, interroga sobre a gama de carnes. O agrado, como curiosidade, merecia uma boa referência. Este pediu o nome daquele e desse pedaço. O provável genro, de bom grado, disse-lhe: “ - Aquela branca era de rã; outra mais avermelhada de tatu; alguma mais mole de rabo de lagarto; estas de aves incluía araquã, pombo, saracura... Uma diversidade exótica, típica da fauna regional, para reforçar o vigor dos instintos. O pessoal fala muito dessa variedade de carnes deixar o camarada ativo às intimidades sexuais”. O sogrão, diante do exótico, “deixou cair o queixo”. Este almejaria ter vomitado aquele cardápio. Algo impensável, para sua compreensão dos padrões coloniais, “ degustar bicharedo peçonhento”.
O indivíduo, que espera o excepcional, acaba surpreendido pelo esdrúxulo. Elogios antecipados incorrem em equívocos posteriores. O deleitoso da gente não é necessariamente o saboroso do alheio. Certas realidades, uma vez concretizadas, inconvém comentar.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: paranaagronegocio.blogspot.com