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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O fiel companheiro


O morador, afoito caçador, perdeu o peculiar amigo. O animal, nas perseguições, assistia-se inseparável nas jornadas. As incursões ostentavam-se ímpar brincadeira!
O companheirismo entendeu-se por uma dúzia de anos. O apego, cachorro-dono, concluía-se em conhecimentos e habilidades. A relação ostentava-se alegórica!
O primeiro, nas atitudes e tempo, vivia para o proprietário. O dono, na atenção e tratamento, tinha o cão na condição de distinto filho. A simbiose entendia-se perfeita!
As peripécias, na circunstância da caça, foram atraentes. Brejos e matos, campos e lavouras, córregos e poços foram esquadrinhados na busca das desatentas presas!
A astúcia, na junção de interesses, instalara analogia e ternura. As partes avaliaram-se a partir de modestos chamados e olhares. O animal, em síntese, carecia unicamente discorrer!
O infortúnio, na idade, separou amigos. O cão antecipou-se na partida. A morte, na ocasião própria, achegou-se ao batido corpo. O velho Fiel dirigiu-se a outra instância!
O funeral, na tradicional jabuticabeira (junto ao pátio), foi dolorido. O afastamento, no desgosto, igualava-se a falecido filho. Lágrimas e soluços escorriam no semblante!
A especial e singela pedra, na alusão, sinalava o exato lugar. As peripécias, das coexistências, resguardavam-se nas lembranças. Parceiros afastam-se e lembranças ficam!
Animais e pessoas, de mútua forma, afeiçoam-se na convivência. Amigos verdadeiros, no literal da palavra, veem-se parcos na existência!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://canillfoxhoundamericano.blogspot.com.br/