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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

As moedas entaladas


Dois malandros, com vistas de conhecer o consciente coletivo, resolveram inovar com algum estratagema. Eles, escondidos num prédio, afixaram valores numa rua. Os pedestres iam e vinham em meio a tentação de ganhar algum valor fácil. As atitudes e comportamentos, os mais diversos e esdrúxulos, tomaram forma.
O beltrano e fulano, diante duma empresa de fachada frontal envidraçada, resolveram colar três moedas. Elas, de um real cada, viram-se adicionados ao asfalto mole (recém colocado). Estas, afundadas no interior da camada, davam os ares da sua visualização. Elas viam-se incrustadas no pinche e a extração ostentava-se difícil. A possibilidade de coleta não passava duma brincadeira de mau gosto (com os ingênuos e gananciosos).
Os pedestres percorriam o espaço. Uns, em meio a admiração e espanto, viam aquelas moedas, porém faziam-se indiferentes. Outros, de imediato, queriam apanhá-los e nada de conseguir extraí-los. Eles, diante da observação alheia, insistiam porém caiam no ridículo. Alguns mais, em meio a desconfiança, paravam e depois seguiam adiante.
Um bom número de curiosos, de forma discreta e meio distante, já reparava o desfecho da situação. Observação atenta, das atitudes e posturas alheias, dava ares da graça. Uma turma, de uma dezena de escamoteados  caia nas gargalhada e risadas. A atitude esdrúxula de uns dava motivo de comentários e conversas. O fato desenrolou-se por uns bons momentos.
Um certo casal de idosos acorreu numa certa altura ao lugar. Estes, homem e mulher, carregavam sacolas e pareciam bastante humildes. Eles, deparando-se com o dinheiro, vislumbraram duas vezes as moedas. Queriam ter certeza de tratar-se de valores correntes. O senhor, com algum chute (com o pé direito), tentou extrair e nada de soltar. As vários unidades de sacolas abaixou e procurou pegar com a mão as ditas cujas. Nada! Mantinham-se firmes e semi-enterradas!
Ele, com sua idade avançada (estimado em perto dos oitenta), pensou um pouco. Pegou, no fundo do bolso (da calça), algum canivete. Abriu-o e, com a ponta, enfiou-o fio debaixo dos três metais. Ele, um atrás do outro em segundos, extraiu-os com a maior facilidade e rapidez. As partes limpados, puderam logo voltar ao comércio. Os expectadores perderam seu passatempo e os anciões retomaram o caminho. O casal ignorou o fato de terem sido observados como chacota e cobaias. A idade com a suas sabedorias!
O hábito de divertir-se com a burrice e curiosidade alheia mantém-se uma sina humana. Quaisquer artefatos, nos momentos oportunos, fazem uma extrema diferença. O indivíduo pode ser humilde e pobre porém jamais ingênuo e trouxa.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Urbano”

          
Crédito da imagem: produto.mercadolivre.com.br
          

O valor das coisas

  
  Quanto vale o seu patrimônio?
   Anos de trabalho suado?
   Incontáveis férias sem sair de casa?
   Intermináveis noites sem dormir?
   Admiro as pessoas que trabalham duro pra vencer na vida.
   Mas desconfio de quem abre mão da própria vida pra acumular coisas.
   Eu disse acumular...
   Que é diferente de ter.
   Se você tem, espero que faça bom uso disso pra ser feliz.
   Porque muita gente, em vez de possuir, é possuída.
   Ter um carro lindo e esperar que ele jamais arranhe, amasse ou pegue chuva, é ficar escravo de um bem que foi construído para servir.
   Ter louça boa e jamais sujá-las de molho é menosprezar o prazer de comer.
   Usar as melhores roupas só em ocasiões especiais é descuidar da própria aparência.
   Reservar os melhores lençóis do enxoval só para os hóspedes é fazer pouco do seu sono tão merecido...
   Não importa o valor ou o tamanho do seu patrimônio.
   Se você construiu, usufrua!
   Passar a vida acumulando bens sem tirar proveito, transforma a sua passagem por aqui numa coisa morna e sem graça...
   Que pode ser esquecida minutos depois que você partir.
   Heranças devem passar de mão em mão gastas pelo uso...
   Marcadas por lembranças felizes e repletas de emoção.
   Tenha você o que tiver, use, compartilhe, divida com quem ama...
   Ninguém leva nada pro túmulo.
   Se quiser acumular alguma coisa, que seja amor.
   Isso, sim, é bem que vale a pena preservar com cuidado..
   Porque é a única coisa que se leva desta vida.

Lena Gino
 
Crédito da imagem: oexploradorcultural.blogspot.com

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O dia de hoje



Hoje levantei cedo pensando no que eu tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.Posso reclamar por estar chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar da minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar pelos meus pais não terem me dado tudo que eu queria ou posso agradecer por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer à Deus por ter uma moradia. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saírem como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

Charles Chaplin (1889-1977)

Crédito da imagem: blogdoobscuro.wordpress.com

O modesto dom


Uma certa menina, criada nas colônias e em meio a um punhado de irmãos, precisou tomar o destino das cidades. Empregou-se, como doméstica, numa casa de conhecidos. O objetivo consistia em conciliar estudo e trabalho. O ganho básico consistia basicamente na subsistência. O dinheiro, como ganho, não passava de uns trocados de bolso.
Uns poucos anos transcorreram e conheceu um moço. O namoro tomou sentido. O trabalho, no ínterim, continuava na proporção de constituir família. Pode, junto aos estranhos, assimilar uma série de tarefas. O valor do trabalho aprendera como legado familiar. A principal consistia na arte de cozinhar. Conheceu, como excepcional cozinheira, o principal segredo da cozinha:  a qualidade dos alimentos consistia em boa dose nos temperos.
A formação de família levou a necessidade de constituir algum negócio. Fazer o que com a profissão de doméstica? Pensou e repensou a nobre função. O casal, como solução numa esquina da cidade, improvisou uma modesta lancheria. Esta, em função da qualidade da alimentação ofertada, cedo tomou a dimensão de restaurante.
A outrora doméstica, agora patroa,  vivia a aprimorar os dotes da cozinha. Ela, através da contínua prática, descobrira seu divino dom. Deus, como a cada qual, dá uma vocação. Esta tinha-a no poder dos apetitivos e maravilhosos pratos. Os fregueses ávidos, com os variados cardápios, cedo lotaram o ambiente. O ponto tornou-se referência da comida colonial. Os anos, de persistente dedicação e trabalho, trouxeram o enriquecimento e a qualidade de vida.
A fulana, diante do volume das comidas à grande clientela, cedo coordenava uma equipe de cozinheiras. Estas faziam os pratos, porém ela dava as ideias e sugestões. O dom não mais existia no trabalho prático em si e sim no controle da qualidade. A esperteza vivencial consistia: tornar uma modesta vocação num empreendimento comercial e meio de sobrevivência.
Fica a lição da escola de vida: cada qual precisa descobrir seu dom e com ele ganhar a subsistência. Os aparentes encargos cedo assumiram ares de brincadeira e diversão. O indivíduo não pode ser bom em tudo, porém numa coisa salienta-se nos conhecimentos e habilidades (junto aos demais). Precisa ganhar o seu “ganha pão” com a especialidade. Descubra a sua vocação e ganhe com ela a vida. O encargo cedo torna-se uma alegria e satisfação.
Deus escreve certo em linhas tortas”. Procure especializar-se naquilo que lhe interessa e dá prazer. O gosto e a paixão levarão a constituir algum empreendimento. A riqueza humana encontra-se na diversidade.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem:http://www.gemacarioca.net/faenza-em-copacabana/ 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Último Adeus! (Boate Kiss)


Data muito triste em Santa Maria/RS e que, sem sombra de dúvida, jamais sairá da memória de todos àqueles que conviveram com esta tragédia. Mais de mil jovens saíram na virada do dia 26 para o dia 27 afim de comemorarem a vida. Não sabiam que esta seria sua última festa! Estavam bonitos e com o seu melhor sorriso nos rostos. Muitos pais nem sabiam que as suas “crianças” (podemos assim chamar este grupo de adolescentes que quase não vivera a vida ainda; a maioria tendo entre 18 e 24 anos) tinham ido ao evento.
Após as duas e meia da madrugada, um incêndio, provocado por acionamento de um sinalizador na boate KISS (cuja chama espalhou-se pelo isolamento acústico de natureza altamente tóxica), acabou por ceifar a existência de mais de 230 jovens.
Qual terão sido suas últimas lembranças? Qual foi o seu desespero ao sentirem que não conseguiriam sair dali? Qual foi a tristeza ao se virem em seus derradeiros momentos de vida? Tudo isto nos passa na cabeça quando pensamos no assunto! Certamente não há como saber o que elas presenciaram ali! Sabe-se, no entanto, que aquele foi um verdadeiro filme de terror! Nada pode ser feito para voltar atrás! Os entes perdidos jamais retornarão!
Temos de tomar consciência para que esta lástima nunca mais se repita! Precisamos orar pelos mortos, para que Deus cuide de suas almas, e ajudar as famílias atingidas neste momento de aflição!
Repito: nada pode ser feito para retornar ao passado.
No entanto, somos incumbidos a impedir que este acontecimento novamente ocorra em outra parte do país ou do mundo.
Deixo os meus sentimentos as pessoas enlutadas! Coloco-me na pele daqueles que perderam suas vidas, porque, se não não fosse uma prova de final de semestre na faculdade, eu também estaria lá. E talvez seria mais uma vítima fatal desta avassaladora calamidade!
Perdi amigos, não sinto nem de perto a dor dos pais dos falecidos, todavia é com grande pesar que escrevo estas palavras. Não era desta forma que eu desejava ver os seus nomes estampados na imprensa internacional, mas sim, como competentes profissionais dedicados a melhorar o mundo.
Alguns deles nunca mais verei, isto é um fato. Seus corpos foram levados a cantos distantes, já nas primeiras horas depois do incidente (porque não residiam em Santa Maria/RS), e, por isso, nem um último adeus pude-lhes dar. Aonde será que estão enterrados? Em algum distante lugar do globo em que talvez eu nunca irei encontrá-los.
Não acredito que isto aconteceu!!!
Eis aqui minha breve homenagem!!!

Com profunda tristeza e com votos de que Deus console a todos,
Júlio César Lang.
28 de janeiro de 2013


A bondade alheia


Um certo senhor, no interior das lavouras, foi ver o desenvolvimento das plantações. Estas, como eucaliptos, mandiocas e milhos, cresciam deveras. Uns poucos dias, no contexto das chuvas e insolações de verão, fizeram o desenvolvimento (em meio ao mormaço). O produtor, na prática, queria averiguar as necessidades de alguns reparos/suplementos. Alguma adubação ou herbicida para reforçar o crescimento e vigor das culturas.
As plantas estabeleceram sua lógica existencial. Elas, apreciando a alegria e esperança estampado no rosto do proprietário, admiraram-se da postura (de consideração e satisfação). O plantador, aos quatro ventos, parecia agradecer e sorrir. Os milhos, cedo conversaram entre si, sobre a tamanha felicidade. Os eucaliptos e as mandiocas, nas fábulas das plantas, explanaram sua concordância. A opinião, praticamente unânime, dizia: “ – Que homem bom aquele fulano! Faz o possível e o impossível ao nosso bem estar! Outras muitas pessoas, com o idêntico espírito desse cara, deixariam/fariam o mundo bem melhor. A desgraça e miséria certamente não seriam tamanha!”
Os animais, das suas diversificadas criações, somaram-se aos comentários e opiniões. “Que homem caprichoso e dedicado a profissão! Um legítimo empreendedor e inovador nas atividades primárias! A sua propriedade assemelha-se alguma horta/jardim! Faz tamanho bem a tantos! Apostamos que não haja contras!” As vacas, de maior longevidade, pareciam os mais contentes e realizadas. Estas, em função do leite, recebiam os melhores pastos e rações. Elas pareciam endeusar a bondade do criador e plantador. A desconfiança única residia no sumiço misterioso, da noite para o dia, de algumas parcerias.
As ervas daninhas, eliminados e sufocados como espécies, alimentavam no entanto um ódio mortal. O cidadão, sem dó e piedade, aplicava herbicidas. As capinas mecânicas eram uma constante. As sementes nem tinham nascido e já recebiam venenos. As opiniões, dos muitos adversários, versaram:“- O fulano, antes de morrer, precisaria conhecer o idêntico remédio! A esperança das vítimas era de ‘Deus escrever certo em linhas tortas’. Tudo que plantamos, colhemos lá adiante na vida”. A estada deste, no entender das daninhas, parecia um diabo personalizado e a sua propriedade um inferno em chamas.
O dono, bom para tantos ruim para muitos, pensava somente no exclusivo e único objetivo: lucro. A extrema caridade e dedicação, nas aparências, nada tinha haver com bondade e generosidade (“de bom cristão”). Este, como quaisquer outros humanos, pensava somente no dinheiro. A necessidade/obsessão era angariar/ganhar para cumprir os seus muitos débitos e encargos. O aparente bem alheio, na prática, não passava de preocupação com a fartura do bolso/da carteira. Os equívocos, da interpretação dos acontecimentos e fatos, encontravam-se na cabeça dos próximos e não na mente do dono.
A bondade ou maldade encontra-se na cabeça de quem interpreta. O indivíduo somente vê o semblante dos próximos, porém o coração ostenta-se uma tremenda incógnita. Cuidado! Certas bondades e favores escondem segundas intensões. O dinheiro, como sangue do sistema econômico, move os comportamentos e propósitos humanos.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias"

Crédito da imagem:
https://www.google.com.br/searchq=milhos&hl=ptBR&tbo=u&tbm=isch&source=univ&sa=X&ei=xBoHUe3sEoe68wTatYDwDg&ved=0CC4QsAQ&biw=1360&bih=659#imgrc=_

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O anel

Houve certa vez um rei sábio e bom que já se encontrava no fim da vida.
Um dia, pressentindo a iminência da morte, chamou seu único filho, que o sucederia no trono, e do dedo tirou um anel.
- Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando viveres situações extremas de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele.
O rei morreu e o filho passou a reinar em seu lugar, sempre usando o anel que o pai lhe deixara.
Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho que desencadearam uma terrível guerra.
À frente do seu exército, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, vendo os companheiros lutarem e morrerem bravamente, num cenário de intensa dor e tristeza, mortos e feridos agonizantes, o rei lembrou-se do anel. Tirou-o e nele leu a inscrição:
- ISTO TAMBÉM PASSARÁ!
E ele continuou sua luta. Venceu batalhas, perdeu outras tantas, e no fim saiu vitorioso.
Retornou então ao seu reino e, coberto de glória, entrou em triunfo na cidade. O povo o aclamava.
Nesse momento de êxito, ele se lembrou de novo de seu velho e sábio pai. Tirou o anel e leu:
- ISTO TAMBÉM PASSARÁ!

Legrand (sem dados biográficos; parece que o autor do texto não quis divulgar o seu nome real).

Crédito da imagem: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-454500038-anel-aco-inox-com-dourado-chave-grega-inspirartz-_JM

O natural

Um produtor, dentro da agricultura familiar de subsistência, mexia com uma porção de produtos. Este, a título de exemplo, abatia animais, fabricava melados, enlatava frutas, trançava fibras... Diversos itens, volta e meia, acabavam desperdiçados/respingados. Este, no ínterim, pode observar o comportamento dos seres vivos.
Aves e insetos ostentam uma extrema sensibilidade. Estes, para manter as espécies nos bilhões de anos, precisaram adaptar-se aos diversos meios.  A fauna, há milênios antes dos homens, mantinham-se já presentes no planeta. O homo sapiens “encontrava-se em projeto”. Os primeiros, aos milhões, habitavam os muitos ambientes terrestres. Os homens, como vantagem, adequaram-se aos hábitats mais inóspitos e artificiais.
O colonial, a título de curiosidade, chamou atenção a um detalhe. O bicharedo, de maneira geral, distingue entre os víveres. Estes, entre as opções artificiais e naturais, procuram pelo último. O cidadão, a título de experiência, improvisou uma situação. Exemplo: colocou dois cochos de água próximo a um mato:  uma natural e outra clorada. Os bichos, domésticos e selvagens, precisaram escolher entre as partes. A escolha parecer-lhes-ia fácil: a natural. Idem água corrente ou parada: optam pela primeira.
O indivíduo, como escola de vida, precisa seguir certos hábitos. Priorizar, dentro das possibilidades, os ambientes/artigos naturais em detrimento dos artificiais. O organismo assimila melhor. Esta realidade aplica-se para aqueles que almejam alcançar a longa vida. Aqueles dispostos a aumentar o número de dias na passagem terrena. Quaisquer excessos nas muitas realidades costumam ser incentivo a brevidade. O rústico, por incrível que pareça, predomina sobre a comodidade/conforto. Exemplos: caminhar em detrimento do andar; água em vez de bebidas; calor em vez refrigeração...
“Cada cabeça com sua sentença”. Muitos, de inúmeras maneiras, “queimam parte dos estoques de dias”. Abusam das benesses do organismo com os exageros. Os vícios, como bebidas, doces, fumos, remédios, falam mais alto que a disciplina do bom senso (comer e beber de tudo, porém de forma moderada). O camarada, na real das posses, mostra-se unicamente dono da própria vida. O resto tem-se a impressão de ser dono. A sabedoria, portanto, consiste em cuidar ao extremo da existência (como dádiva divina). Quem ama a Deus, ama a si próprio.
Os acontecimentos, quaisquer que sejam, tem um propósito maior. Os muitos dias inclinam-se na direção do natural e rústico. Exercite/prive o corpo e acabarás dando alguma sobrevida de dias. A vida é feito de escolhas e cada qual, de uma ou outra forma, faz as suas. Aqueles de vida mais difícil/rústica costumam ter o maior número de dias nas colônias.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://latestwallpaperonline.blogspot.com.br/2011/04/natural-wallpaper.html   

domingo, 27 de janeiro de 2013

LUTO EM SANTA MARIA!!!

Eu iria ir na festa na Boate KISS, em Santa Maria/RS. Não fui devido a uma prova na universidade.
LUTO PELOS AMIGOS E CONHECIDOS QUE PERDERAM A VIDA NESTE LOCAL! QUE DEUS CUIDE DE SUAS ALMAS! FILME DE TERROR! SEM PALAVRAS...



A corda no pescoço

Um certo criador, no interior do potreiro, mantinha sua criação bovina. Os bois, terneiros e vacas recebiam água, alimentos e cuidados. Uns até nome possuíam. Os bichos, em boa parte, forneciam leite, tração e esterco. O proprietário, volta e meia, atirava-lhes alguma forragem (cerca adentro). Em outras oportunidades, com espigas e raízes em punho, administrava bocadas de mimos. Um artifício sútil para amansá-los e apanhá-los (na proporção dos cuidados e trabalhos).
O boi Brasino, arredio e desconfiado, não tinha maneiras. Ele, por alguma razão do instinto, mantinha-se distante e xucro. O dono constantemente dava-lhe uma atenção especial. Este mostrava-se afável e atencioso. Através de espigas de milho ou raízes de mandioca (estendidas), nada de apanhá-los. O animal parecia conhecer as artimanhas e segundas intenções humanas. Este, sem alguma razão maior, nada faria de graça. O bicho, por singelo mimo, não trocava a liberdade pelos encargos da tração. Pode, em inúmeras oportunidades, apreciar a realidade com os velhos colegas de canga.
O proprietário, curtido e esperto colono, tirou uma sábia lição da história. O bicho, em função da astúcia e persistência, escondia uma admiração e estima. Os seres, espertos e nobres (por natureza), mostram-se dignos duma especial atenção e consideração.  A longa vida, em boa dose, residia no estratagema. A preocupação contínua, de querer viver muitos dias sobre a terra, faziam-no a não “embarcar na primeira canoa furada para atravessar o rio da existência”. O instinto de autopreservação falava mais alto e aumentava seus dias e semanas.
O criador, como consumidor e produtor, recebia amplas e constantes ofertas de créditos, empréstimos e financiamentos. Umas aparentes facilidades e mimos a primeira vista. Imaginava comprar sem maiores dispêndios monetários. O tempo, com a história dos juros compostos e embutidos, revelaria “o tamanho do buraco” (com débitos e valores escorchantes). Os encargos dos serviços bancários, a semelhança do sucedido com inúmeros precipitados vizinhos, fariam dele um “mero empregado/funcionário na próprio solar familiar/propriedade”.
As noites de insônia, com dívidas impagáveis e trabalho maçante (“correndo atrás da máquina para angariar dinheiro”), tornaram-no um escravo dos débitos. Os seus pais, de maneira nenhuma, tinham-lhe ensinado “implorar descontos e esmolas nos bancos” (prorrogação ou renegociação de débitos). O princípio básico era nunca gastar acima dos ganhos/posses. Uma matemática imprópria gastar além das possibilidades. A autonomia e liberdade eram itens inegociáveis!
Este, no contexto das muitas e “generosas” ofertas, lembrou e relembrou da astúcia animal. O indivíduo, de maneira nenhuma, “envereda em caminhos com dois pesos e duas medidas”. O cidadão, com o beneplácito do governo, deixar enjaular-se/laçar-se pelos bancos e financeiras. “Ser dono do próprio nariz” era uma dádiva divina. A liberdade financeira é um princípio familiar de gerações.
Aquela história de ouvir as conversas treinadas dos vendedores, “para colocar a corda no pescoço”, ostenta-se burrice e ilusão. Os estranhos desejam resolver seus problemas de caixa. Eles, “no afundamento alheio e desgraça financeira”, ligam a mínima aos estranhos. Os aborrecimentos e transtornos acabam sendo do tomador. O arredio e xucro, portanto, é sinônimo de esperteza e sabedoria.
Os administradores, dos bens alheios, costumeiramente nem sabem cuidar da sua carteira, caso contrário, não estariam ofertando créditos. A liberdade, em todas as suas consequências e dimensões, ostenta-se um valor inegociável. Aprender com o exemplo alheio é sinônimo de sabedoria. “O rato esperto carece de seduzir-se pelos mimos ofertados nas ratoeiras”.
                                                                          
 Guido Lang
                                                “Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”  

Crédito da imagem:http://carcara-ivab.blogspot.com.br/2012/01/o-boi-do-mineirim.html 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Mensagem da Canoa


Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.
Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
- Companheiro, você entende de leis?
- Não – Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
- É pena, você perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa:
- Seu barqueiro, sabe ler e escrever?
- Também não – Responde o remador.
- Que pena! – Conclui a mestra!
- Você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado, pergunta:
- Vocês sabem nadar?
- Não! – Respondem eles rapidamente.
- Então é uma pena – Concluiu o barqueiro. - Vocês perderam toda a sua vida!”
"Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes!"

Paulo Freire (1921-1997)

As pedras impróprias


Cachoeira e pedras Wallpaper
Um certo chacareiro, numa encosta de morro, mantinha algum potreiro. O local via-se cortado por um valo. O escoadouro de águas, por décadas e gerações, mantinha-se tomado por centenas de pedras. Estas, durante centenas de anos, foram avolumadas pela ação humana e as intempéries do tempo. Elas, de várias direções, advieram roladas morro abaixo.
O dono, apreciando o pastoreio do gado, vislumbrou um empecilho naquelas peças. Estas, na prática, ostentavam um desperdício de espaço. Um local próprio ao esconderijo de todo tipo de bicho peçonhento. Um conjunto de plantas espinhentas, volta e meia, aranhavam e espetavam os animais e obrigavam seu consequente corte. O gado, numa eventualidade imprópria, poderia machucar-se ou ser picado por alguma inconveniência.
O cidadão, diante do dilema, precisava encontrar um paliativo aos impróprios. Este, antes de qualquer iniciativa, precisou fazer uma boa auto-reflexão. Ele, como as gerações passadas (quatro), ficaria na indiferença ou colocaria mãos a obra? Os empecilhos, com seu subconsciente de empreendedor, sinalizavam alguma construção. Queria dar uma destinação agradável aos empecilhos.
A solução foi de paulatinamente colocar as mãos a tarefa. Este, a cada final de semana, procurou tirar duas a três horas, para amontoar e reassentar pedras. Uma forma de suar e tirar impurezas do corpo assim como sair da rotina do maçante trabalho urbano. O cidadão, depois de iniciado os trabalhos, parecia ter uma obsessão em empilhar pedras. Elas, esparramadas pelo lugar, levaram-no a imaginar alguma utilidade ímpar.
O camarada, agora improvisado construtor, começou em puxar um cercado sobre o valo. Uma cerca reforçada para garantir a eficiência. Procurou assentar bem as peças maiores e as menores preenchiam estas. O segundo passo, no interior do avolumado, foi complementar as pedras maiores com as singelas pedrinhas. Elas davam a real fixação do cercado. Uma tarefa maçante e pacienciosa. Curiosos e familiares, de imediato, viram nisso um desperdício de esforço e tempo. Uma judiaria em vão! Alguém logo disse: Por que perder tempo nisso e esgotar-se em vão? Possui dinheiro e tempo para jogar fora? Não tem mais o que fazer?
A persistência e teimosia continuaram umas boas semanas. O trabalho, aos poucos, foi revelando a dura realidade: falta de material. O punhado de pedras, outrora um excepcional estorvo centenário, agora mantinha uma sublime função. Constituir uma queda d’agua para embelezar e enobrecer o cenário colonial e familiar. A chácara cedo reforçou seu conceito de espaço de lazer e recreação. O lugar, daquela ocasião em diante, tornou-se referência nos períodos chuvosos e vazante maior dos córregos. A maravilha das águas, com seu barulho ininterrupto, originava uma melodia aos ouvidos e reforçava a tranquilidade do sono dos moradores próximos.
Quaisquer empecilhos, na proporção da dedicação e trabalho, encontra uma nobre e sublime função social. O indivíduo precisa orientar-se por suas próprias concepções e princípios e nada de maiores ouvidos ao “norte alheio”. Algum trabalho impróprio, realizado com disposição e empenho, cedo transforma-se numa satisfação e realização. Primeiro: muito bem pensar; decidido: colocar mãos a obra.
                                                                                                 
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”

Crédito da imagem: http://www.downloadswallpapers.com/papel-de-parede/cachoeira-e-pedras-14152.htm

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A poupança verde

As pessoas, num domingo ensolarado, gritam e torcem no estádio. Uma excepcional partida, pelo campeonato amador, sucede-se na localidade. Imprensa, escrita e falada, encontra-se a registrar e transmitir o jogo. Os torcedores, de inúmeras localidades, afluem ao evento. O estacionamento encontra-se tomado de veículos. As cercanias do campo tomadas pelos apaixonados torcedores. Outro acontecimento esportivo ímpar na história do clube e da pacata localidade.
Um pai e filho, neste ínterim, não puderam desgrudar-se dum objetivo maior. Eles, com a umidade dos desfechos do inverno e lunação própria, fixaram algum propósito maior. Este objetivo tinha cotas. Precisariam, como trabalhadores urbanos (improvisados de colonos nos finais de semana), transplantar mudas. O tempo, naquele final de semana, favorecia a atividade agrícola. A dupla, numa determinação ímpar e teimosia própria, colocou mãos a obra. Eles inspiravam-se na fartura econômica futura.
Alguns espaços íngremes de morro foram enchidos com o eucalipto. Uma antiga lavoura, com a migração massiva campo-cidade, fora relegada das culturas anuais e reavaliada na sua função social. O mato, dessa vez reflorestamento, retoma o seu lugar tradicional. O dono, com o auxílio do filho, obriga-se a tarefa de cultivar. O genitor abre os buracos e o rebento coloca/fecha as mudas.
O sonho, daqui a décadas, consiste em produzir toras e ostentar florestas. Uma poupança familiar alheia “as manipulações bancárias e maquiagens dos índices econômicos/estatísticos dos governos”.  A família, com os dividendos almejados, espera nalgum dia “sentar na sombra na proporção de outros trabalharem”. Os propósitos, determinados e obcecados, impulsionaram a tomar o final de semana como dia qualquer. As mil mudas, da cota da safra, precisava conhecer a destinação própria. As desculpas, em meio às necessidades, não funcionaram de outros compromissos e ocupações. A ideia encontrava-se direcionada a poupança do futuro.
Idênticas realidades, em todos os finais de semana, ocorrem no meio colonial. Os donos de máquinas ocupam-se na confecção de silagens. Proprietários trabalham na semeadura de lavouras (recém colhidas). Carvoeiros cortam matos para abastecer fornos. Os leiteiros recolhem a produção colonial. Colonos reparam as criações (aves, porcos e vacas). Os fornos ganham a contínua vigília dos queimadores de lenha...
Trabalhadores anônimos, alheios aos benefícios trabalhistas (adicionais, horas extras e férias), labutam de forma contínua e persistente nos seus empreendimentos. O sistema não pode parar e alguém precisa cuidar da sua manutenção. Alguns, em meio aos maiores eventos ou velórios, encontram-se a labutar. O meio rural assemelha-se a ares de empresas familiares. Os colonos ganham na proporção de seus investimentos e trabalhos.
Os propósitos determinam as atividades e comportamentos. O pensamento, direcionado ao futuro, ostenta-se característica marcante do homem rural. O dono, como sendo seu próprio empregado/funcionário, ostenta-se dedicado e eficiente no trabalho da empresa. Os encargos trabalhistas vêem-se renegados como proprietário.
                                                                     
Guido Lang
                                                 “Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”

Crédito da imagem:http://aguasamericanas.com/ecom.aspx/Produto/eucalipto-toras--citrodora-arapongaspr 

Não desista nunca

Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem vai acreditar?
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe.
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e esta convicção fizer parte integrante do processo.
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um rio.
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra.
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá.
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para trás.
Estoura a sua ponte.
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça.
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio da ponte.
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão... eu também não.
Realmente não é simples.
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos desaparecerão.
É só não se desesperar.
Seja no mínimo um pouco paciente.
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são:
ESTOURAR A PONTE ANTES DE ATRAVESSÁ-LA: Você começou a sonhar... sonhar... sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de algo melhor.
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e competências o realize.
Pergunto, vale a pena insistir?
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho, estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para outros sonhos!
ESTOURAR A PONTE NO MOMENTO DE ATRAVESSÁ-LA: Acredito que tenha ficado claro, mas cabe o reforço.
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja, a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum. Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores.
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem destino.
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar...
ESTOURAR A PONTE DEPOIS DE ATRAVESSÁ-LA: No início comentei sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma sorte.
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é sucesso.
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer o que gosta.
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores, onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e não desfrutar daquilo que realmente deseja.
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e encontraram os objetivos do outro lado.
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não, enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização.

A visão sem ação, não passa de um sonho.
A ação sem visão é só um passatempo.
A visão com ação pode mudar o mundo.

Martha Medeiros (1961-____ )

Crédito da imagem: http://www.horacioalmeida.com.br/2011/02/14/quem-morre-martha-medeiros/

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Profetas do tempo

Os colonos, em função das chuvas, dependem do sucesso das suas colheitas e criações. A irrigação, na maior parte das culturas de grande porte, mostra-se incipiente. A solução consiste em aguardar e interpretar “as boas graças de São Pedro”. Este, na crendice popular do santo das chuvas, dá as rédeas das frequências e volumes das precipitações.
Os produtores, ao longo do processo de colonização, desenvolveram um vasto conhecimento (empírico) sobre o comportamento das condições meteorológicas. Os produtores, de maneira geral, são “profetas do tempo”. As suas observações, em inúmeras oportunidades, ganham dos modernos meios de previsão. A aparelhagem aponta o âmbito geral (nos macroclimas dos Estados e país). Os coloniais, a partir da atenta observação das alterações da atmosfera (estado chuvoso, nublado ou ensolarado), ligam-se nos microclimas. Aquela sucessão do tempo do seu lugarejo (inserido no âmbito geral). Os milímetros de chuva, na sua propriedade, são do maior interesse privado.
Cada morador, com suas particularidades de observação, ostenta-se um modesto meteorologista/singelo “profeta do tempo”. Possui suas constatações, pela longa convivência no espaço local, ditam as condições. A convivência contínua no ambiente criou um acentuado conhecimento empírico. Alguns itens, através da tradição oral, repassados de pais para filhos (através das gerações). Os equívocos, de maneira geral, ocorrem unicamente no contexto das extremas estiagens. Os sinais das chuvas, no verão, podem estar presentes, porém faltam nuvens (cúmulos e nimbus) para aliviar os rigores do calor.
Algumas normas gerais, dessas práticas empíricas, relaciona-se: 01) O Sol nascer ou pôr-se duma coloração alaranjada. 02) As mangueiras das canalizações aparecerem suadas (em meio ao sabor do calor dos ambientes). 03) Aves com asas estendidas ao sol de rachar com razão de secar partes íntimas do corpo e interior das asas.  04) Alaridos, fora do horário normal das cantorias, de araquãs, bugios e saracuras; 05) As criações, de maneira geral, mostra-se muito agitado e irrequieto; 06) Mudanças de Lua, de Cheia para Nova, favorece o quadro instável. 07) Floridos ocasionais de algumas espécies vegetais. 08) Diminuição da vazão de água das nascentes... Os sinais prenunciam as mudanças da atmosfera e daí inserem os desígnios.
O quadro, de abates, castrações, colheitas, plantios, mostra-se observado nas atividades coloniais. A germinação de sementes, qualidade das colheitas, entrada de máquinas (no interior das lavouras), qualidade de forragens/pastagens... dependem do volume e tempo próprio das precipitações. Singelos detalhes, com excepcionais diferenças, ligam-se aos sucessos ou insucessos nas atividades primárias.
A idade, com os anos de observações e reparações, ensinam certos conhecimentos e realidades. O sucesso, de quaisquer empreendimentos, depende da esperteza assimilada no cotidiano das vivências. O presente depende muito das previsões ocorridas no passado. Os sortudos não apostam unicamente na mera casualidade, porém tem seus segredos para angariar a sorte.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem:http://guiadevoo.com/page.aspx?Pgid=cumulus_nimbus 

Shakespeare

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. 
Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.      
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa - por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. 
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.        
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

William Shakespeare (1564-1616)

Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A renovação

Um eleitor, num determinado município, queria ver a renovação do quadro funcional. Queria “ver fora aquela corja partidária”. Esta, a algumas boas administrações/gestões, mantinha-se “no cocho”. “Aves indigestas, como chupins”, no interior do serviço público. Bons salários para pouco trabalho; muita conversa para pouca ação; encargos de primeira e serviço de terceira qualidade... O contribuinte, no seu entender, paga muito imposto para péssima aplicação dos recursos.
O camarada, com a eleição, arregimentou amigos, familiares e parentes. “Vamos votar maciçamente na oposição. A necessidade de renovar dessa vez não podemos perder. Imagina mais quatro anos com aquela gente no governo e nos sugando” foi seu discurso. Participou, no embalo da campanha, de vários comícios e reuniões políticas. Inúmeras promessas, de melhorias, foram esplanadas nos encontros.
Conversas acaloradas e debates acirrados, entre oposição e situação, transcorriam nos cantos e recantos do município. Os temas comunitários ganharam a primazia das conversas informais. A empolgação e torcida, em boa dose, cedo constituiu-se em fanatismo. A eleição ocorreu no clima esquentado e vigilância acirrada nas urnas.
O dia adveio e eleições realizadas. Acusações e histórias mútuas, na surdina, sobre a compra de votos (com favores e mimos). A oposição finalmente venceu e a situação precisou “prepara-se para arrumar as malas”. As esperanças renovadas são de novas caras na gestão pública, enxugamento da máquina administrativa, projetos inovadores com melhorias, necessidades básicas como prioritárias... Governo novo, ânimo redobrado, sangue renovado... Uns três meses, após a posse, “alguma trégua com razão de engrenar a máquina”. O tempo transcorre e dura realidade dos fatos transparece.
O eleitor, muito das antigas caras, cedo enxerga no quadro do serviço público. Os quadros de carreira do funcionalismo mantêm-se na ativa. Inúmeros partidários da coligação, fanáticos eleitores e parceiros dos comícios, ganharam cargos de confiança. Vários conhecidos e parceiros “arrumaram algum graúdo osso”. A empolgação revelou sua explicação. Outros antigos adversários, ferrenhos adeptos da situação e inimigos declarados da oposição, viraram partidários do novo governo (“uns belos vira casacas”).
Uns, com ousadia, colaram adesivos, de última hora, nos seus veículos (como tivessem sido da oposição). Velhos partidários, da campanha da vitória, começaram desavenças homéricas e bandearam-se à oposição. Facções derrotadas aproximaram-se do governo e ganharam alguma secretaria... A dinâmica política desconheceu lógica e norteia-se pelos propósitos do erário.
O cidadão conheceu facetas da realidade política. Um campo minado às pessoas de boa formação e índole. Um mimetismo corrente para os aproveitadores e oportunistas! Estes, de quatro em quatro anos, adaptam-se e readaptam-se as gestões (com razão de levar alguma grana dos volumosos dividendos públicos).  A ideologia ostenta-se um belo discurso de campanha, porém cedo cai por terra (em função das necessidades do cotidiano). Entra e sai governo, com algumas poucas exceções, continua a lambança. A preocupação escassa de racionalizar a máquina e oferecer o maior volume de bons serviços aos contribuintes.
O servidor, no cotidiano, agrada uns e desagrada outros. Os contribuintes, no entra e sai dos governos, paga os ônus das festanças e gastanças. Um bom ou ruim governo desagrada uns e contenta outros. A oposição cria brigas e intrigas e a situação canta conquistas e vitórias, porém no fundo “é farinha do mesmo saco”.  A política, a todo momento, surpreende com escusas histórias e desperdício de recursos.
                                                                                       
Guido Lang
                                                        “Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem:
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