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domingo, 8 de dezembro de 2013

O cenário residencial


O forasteiro, por algum negócio, aconchega-se a localidade. Este, a boa distância, carece de vislumbrar a casa do sicrano. A ideia reside na demolição e mudança de endereço!
A solução, para poupar eventual caminho de encosta, consistiu em perguntar. A resposta, do primeiro informante, reafirma o tradicional local de residência!
O detalhe ostenta-se no avanço cerrado da vegetação. O mato tapou o panorâmico visual! A família, a semelhança dos ancestrais colonizadores, parecia perdida na floresta!
A moradia, a distância maior, vê-se inserida e isolada na cerrada mata. Os coloniais, aos escondidos, desconfiam das transparências. O desleixo denuncia a filosofia de trabalho!
O cenário residencial salienta as crenças e valores. As pessoas socializadas carecem de abrigar e refugiar-se nos matos. Elas procuram e vivem no contato com a civilização!
O indivíduo, neste grande e pequeno mundo, precisa ostentar algum cantinho próprio! O indivíduo, naquele diminuto espaço, pode dar-se o luxo de ser dono do próprio nariz!
O capricho e limpeza exigem penoso e suado trabalho. Quem tem medo de gente, pouco civilizado ostenta-se!

                                                                            Guido Lang
“Contos do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.flickr.com/groups/frenteafrente/discuss/72157608561250190/

A vocação familiar


Uma descendência, durante cinco gerações, assimilou e cultivou certo conhecimento. A tradição oral, a partir da prática, via-se a forma de repassar os segredos da atividade!
A habilidade, na agricultura familiar, viria a ser suprimida. A migração campo-cidade, sem os devidos registros, levaria ao desaparecimento das informações!
A tradição, na experiência e oralidade, era transmitida a jovem descendência. A solução, com razão de preservar, levou a compra duma modesta chácara!
O ensinamento, na prática de criar e ostentar galinhas caipiras, foi continuado e postergado. Os filhos, a título de curiosidade e passatempo, tiveram os ensinamentos!
As técnicas, na prática cotidiana, foram mantidas através da criação. Os detalhes, assimilados e descobertos a duras penas, puderam ser ensinados e perpetuados!
O difícil consiste em herdar e repassar especializações. A convivência cotidiana, pais e filhos, leva a assimilação das vocações familiares. A preocupação havia de algum descendente seguir naquele tradicional “ganha pão”!
Algumas famílias, por gerações, destacaram-se como afamados alfaiates, carpinteiros, curtidores, marceneiros, músicos, sapateiros... Os rebentos viam-se iniciados na tarefa!
Habilidades e técnicas, através das gerações, foram simplesmente sepultadas em função da carência de registros. Quem não ensina ou escreve, costuma simplesmente relegar e sepultar!

                                                                             Guido Lang
“Contos do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://ressacadihomii.blogspot.com.br/