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sábado, 4 de agosto de 2012

A ESTÉRIL NOGUEIRA

Um colonial adquiriu uma vigorosa arvorezinha de nogueira, que visava enriquecer o pomar. A planta conheceu solo fértil, quando, em poucos anos, tornou-se uma esbelta e frondosa árvore. Esta, a uma boa distância, era um destaque no contexto da vegetação, porque era um vegetal exótico no ambiente das plantas nativas.
Os forasteiros admiravam-se da bela visão, no que interrogavam sobre a produção de nozes. O plantador tinha o inconveniente de dizer que a mesma não produzia. As pessoas incompreendiam as causas, no que um belo dia o agricultor deu um fim ao vegetal. Cortou-a para fazer lenha, porque a finalidade original, da fruta, não tinha sido alcançada. Passaram-se alguns meses e alguém disse as causas do insucesso: a esterilidade encontrava-se ligada a falta de companheiros, pois sucedia-se uma insuficiente polinização.
A solidão é motivo de grandes males. Esbelta e forte, diante da esterilidade, pouco engrandece a espécie. As aparências nem sempre revelam a realidade dos fatos.

Guido Lang
Edição virtual
Livro "Histórias Coloniais"

A FÁBULA DO JOÃO DE BARRO


Um joão de barro (Furnarius rufus), no desfecho do inverno, edificou sua casinha em meio a chuva, frio e sol. Alguns pássaros falaram: "-Olha o esforço inútil do nosso amigo joão de barro que labuta em meio as intempéries do tempo. Poderia esperar dias melhores!" Este cedo terminou sua penosa empreitada, que absorveu-lhe tempo durante dias e semanas. 
A ave, num curto espaço, pode deliciar-se dos benefícios da sua construção, enquanto os amigos e vizinhos passaram a labutar penosamente nos dias ensolarados. Alguns invejaram-o, enquanto ele e sua companheira deliciavam-se dos confortos da edificação.
Os filhotes achegaram-se cedo, enquanto os demais ainda encontravam-se a confeccionar os ninhos. A maior alegria e satisfação foi cantar de felicidade, quando, subiu no topo do ninho, estufou o peito e cantou para a comunidade.
Qualquer casa humilde ou mansão vê-se edificada com sacrifício e cedo faz a alegria de seus construtores. Trabalhe sempre, nos dias chuvosos, frios e ensolarados, e assim serás muitíssimo abençoado pelo criador. A moradia é o melhor retrato dos seus ocupantes.

Guido Lang
Edição virtual
Livro "Histórias das Colônias"

Crédito da imagem: http://ivy-okami.blogspot.com.br/2012/04/joao-de-barro.html





O ASSOBIO

Um ingênuo menino, começando as noções de economia, foi agraciado com um certo valor monetário. Este ficou muito faceiro e não sabia como gastar o dinheiro. Procurou, noutro dia, ir numa loja de brinquedos, quando compraria algum joguinho.
Ele, no percurso de ida, deparou-se com um camelô, que oferecia assobios. O som envolveu-o e pagou caro pelo artefato. O menino deu o seu precioso dinheiro em troca duma “felicidade”. A criança, por uns momentos, ficou contente com a sua compra, porém passou-lhe despercebido o tormento dos familiares. Os estridentes assobios infortunavam pais e vizinhos, que externaram comentários generalizados. Alguém perguntou-lhe pelo valor pago pelo “insuportável barulho”, quando mostraram-no o exagero. O aparelho do assobio nem valia um décimo da quantia despendida; orientaram-no das coisas apetitosas e bonitas, que poderia ter comprado com o valor pago.
O menino, no seu impulso e carência de prudência, chorou de raiva e remorso, porque conheceu o desgosto causado pelo arrependimento e a efemeridade dos assobios. O fato ficou na memória do menino, que, uma vez adulto, relembrava-se do assobio a cada dinheiro desprendido. Ele, no consumismo barato que ronda o mundo, vê como muitos deixam-se fascinar por "assobios nas suas contas diárias".
O trabalho e a economia são o único modo de enriquecer de forma sólida. O indivíduo, a todo instante, depara-se com “a venda de assobios”. O dinheiro e o tempo são conquistas irrenováveis, por isso não podem ser desperdiçados.

Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 031
23 de julho de 2005
Livro "História das Colônias"