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sábado, 26 de dezembro de 2020

UM FELIZ 2021 A TODOS!


OS PLANTADORES DE FLORESTA (EM TEUTÔNIA/RS)

Guido Lang

Pacatos colonos, extraviados entre encostas, morros e vales das inúmeras localidades, realizavam um trabalho insano. Estes, a partir de 1970, levam um novo colorido ao cenário colonial, quando as áreas agrícolas, outrora roxas no período de plantio, ganharam um verde definitivo.
Um trabalho silencioso, praticado no cotidiano dos dias semanais, encheu de árvores as antigas lavouras. A acácia e o eucalipto, numa floresta reflorestada e rejuvenescida, cobrem o cenário das roças, que, numa labuta braçal, foi duro conquistar pelos pioneiros. O antigo chamado dos bois, no empenho da aração ou transporte de carroça, deu espaço ao ronco de motosserras, que extraem dividendos do plantio de mato. As fumaças, nos cantos e recantos, vêem-se subir no interior das propriedades, quando utilizam a matéria-prima à fabricação do carvão vegetal. Caminhões, volta e meia, cortam as estradas coloniais ou comunitárias, no que vêem-se carregados de madeira.
O tamanho da odisseia aprecia-se a partir de alguma encosta, quando um verde de árvores estende-se por quilômetros. Um quadro real da mudança de ciclo econômico, no que o minifúndio ganhou novos ares. As culturas anuais, praticadas por décadas, caíram no desleixo diante da inovação e mecanização agrícola, quando as encostas de morros e pequenas propriedades não puderam competir com os latifúndios do Brasil Central. Uma visão indescritível há décadas para aqueles que tiveram o privilégio de conhecer a pujança agrícola do passado. Os novos tempos acompanham o rejuvenescimento da fauna, que, com abundância de matas, ganha novo alento e refúgio.
Os plantadores, através de intensiva procura nos viveiros, não finalizaram sua façanha, quando novas áreas, a cada safra, conhecem o cultivo arbóreo. O comércio da madeira promete ser um negócio bilionário, quando os asiáticos precisam de matéria-prima, a sociedade de papel e o mundo de ar. O Vale do Taquari faz sua parte na recomposição da natureza.

* Fonte: Guido Lang. Jornal O Eco do Tirol, p. 03. 01 de outubro de 2005.

* Crédito da imagem: https://www.acidadeon.com/.

AS BRILHANTES ÁGUAS DO RIACHO (EM TEUTÔNIA/RS)


Guido Lang

As águas calmas e límpidas de um córrego cortavam uma pacata comunidade colonial. Um colorido original, proveniente das pedras cristalinas, vinha do fundo daquelas águas, que assumiam inúmeras cores.
O avermelhado, azulado, esverdeado, como exemplo, chamavam a atenção dos forasteiros e moradores, porque este excepcional cenário geográfico parecia esconder algum valor monetário.
Diversas pessoas, com a “cabeça virada”, em relação ao enriquecimento fácil, visitavam aquelas paragens com o intuito de extrair alguma riqueza mineral. As visitas sucediam-se, principalmente, nos feriados e finais de semana, quando eles peneiravam as águas e o solo daquele riacho. Muitos, sob o argumento da pescaria, andavam, às margens daquele curso fluvial, com o objetivo de achar e levar algumas amostras daquelas rochas. Outros, protegidos pelo mato das periferias, escondiam-se em meio à vegetação com a finalidade de não “cair na gozação comunitária”. Alguns caçavam nas circunvizinhanças do escorredor natural, mas ficavam antenados com eventuais achados de pedras.
Inúmeros “garimpeiros”, esporadicamente, procuravam os estudiosos de minerais e compradores de pedras preciosas com o desejo de oferecer amostras. Estes, de antemão, conheciam a origem daquele material, que era proveniente do lento esfriamento da lava vulcânica.
Um industrial, com intenção de confeccionar bijuterias e joias, ofereceu alguns centavos pelos exemplares catados no leito daquele regato, no entanto, não pagava o pesado ônus da extração.
Os seres humanos, fascinados pelos diamantes, esmeraldas e ouro, parecem nunca assimilar a lição do insumo da garimpagem. Diversos elementos, cedo ou tarde, caem na mesmice rotineira do enriquecimento fácil a partir da extração de minerais.

* Texto extraído de "CONTOS DO COTIDIANO COLONIAL" (2000), página 79, de GUIDO LANG.

* Edição: Júlio César Lang.


sábado, 12 de dezembro de 2020

AS MARCAS DO PASSADO (EM TEUTÔNIA/RS)


Guido Lang

Umas gerações de pioneiros plantaram áreas por décadas como minifúndio diversificado. Estes, com as necessidades de suas épocas, precisaram criar e inovar com obras, que, de forma artesanal e braçal, foram introduzidas nos morros e vales.
Adveio a modernização tecnológica e urbanização progressiva, no que as elevações viram-se abandonadas do trabalho rural. As descendências, em boa parte, migravam às cidades e a mata rejuvenescida veio a reocupar o espaço. A Floresta Subtropical Pluvial cresceu, porém manteve “os rastros de civilização de outrora”. Os vestígios, em meio às árvores e cipós, fazem-se presentes nas áreas das antigas roças.
Observam-se as pegadas no trajeto das estradas coloniais; nos passos (passagens) dos arroios aterrados com pedra; nos poços cavados ou surgidos nas encostas; nos reservatórios de água escavados (para oferecer líquido aos bois); nas curvas de nível reforçadas com rocha; nos escoadouros de água das chuvas (nas periferias das plantações); na introdução de plantas exóticas nos lugares devastados; na criação de mini-pomares de citrus (bergamoteira, laranjeira, lima, limão) nas periferias dos caminhos; nas divisas de propriedades entre vizinhos; nas pedreiras abandonadas de extração de pedras-grês; nos desvios, quedas da água ou represas improvisadas nos arroios; nas marcas de edificações abandonadas... Os observadores podem lançar ideia dos grandiosos feitos desta pacata gente, que dedicou anos ou a vida para concretizar tarefas insanas. Muitos procuraram realizar tarefas que pudessem beneficiar gerações. A mudança de hábitos e valores de vida levou ao abandono desses legados, que, no entanto, revelam conhecimento e grandeza de espírito dos ancestrais.
As gerações deixam rastros da sua odisseia terrena; precisamos “ostentar conhecimentos e olhos” para apreciar os feitos. A natureza, em muitos casos, reconquista seu espaço, porém deixa intactas marcas da passagem humana.

* Fonte: Guido Lang. Jornal O Eco do Tirol, p. 03, edição 35. 19 de agosto de 2005.

* Crédito da imagem: https://www.turismo.rs.gov.br/atrativo/6604/cerca-de-pedra

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

AS QUEIXAS A SÃO PEDRO


Guido Lang

A sabedoria popular atribui a Pedro, discípulo de Jesus, a sublime missão de coordenar o tempo. Conta-se que São Pedro, como novo santo, recebeu a nobre tarefa do Deus Pai, quando este, após o seu martírio, “achegou-se aos céus”. 
Este, como alma boa e inexperiente na sublime missão, resolveu dar ouvidos, nos primeiros trabalhos, aos interlocutores humanos. Procurou ouvir as pessoas sobre seus desejos das condições meteorológicas, quando almejava atender a inúmeras perspectivas. Na tradição oral afirma-se “atender a gregos e troianos”.
As pessoas cedo deixaram São Pedro atordoado. Algum pediu chuvas; muitos, tempo bom; outros preferiram dias nublados... Estabeleceu-se uma confusão generalizada, quando havia chuva, tempo bom, dias nublados... Os humanos também deram-se por insatisfeitos e os mais inconvenientes rogaram pragas. 
São Pedro, diante da bagunça, pediu conselhos ao Criador, que lhe sugeriu seguir a velha sina. Este, de maneira geral, descreve desígnios inimagináveis sobre o estado da Mãe Natureza, quando a pequenez humana, com todos os artefatos científicos auxiliares, incompreende as oscilações climáticas. As previsões e profecias são muitas e variadas, porém o tempo não segue o rigor dos propósitos humanos.
São Pedro, alheios aos clamores, elogios e lamúrias, procura cumprir sua tarefa, que segue os critérios naturais da Terra. Os homens precisam aprender a adequar-se e prevenir-se da Mãe Natureza e não querer enquadrá-la nos seus caprichos. Enchentes e estiagem advirão e integram a sina da história geológica do planeta.

* Fonte: Guido Lang. Jornal O Eco do Tirol, p. 03. 05 de julho de 2005.

sábado, 17 de outubro de 2020

"JACOB LANG: The History of an Immigrant and Pioneer" (Book - English Edition)


BOOK: "JACOB LANG - THE HISTORY OF AN IMMIGRANT AND PIONEER"

AUTHOR: GUIDO LANG

    The aim of these 13 chapters was to contribute to enrich both the genealogy and micro-history, which are auxiliary sciences of History. They achieve their importance with the constant mass growth of the consume society. It aims to value the oral family tradition, which was inherited from our father - Lothário Lang, our grandfather - Frederico Carlos, our great grandfather - Frederico Guilherme and the patriarch - Jacob. The true story is based on the story of Jacob Lang, who immigrated together with his parents, on September 22, 1847 to Picada Café (at the time German Colony of São Leopoldo), with a view to finding new life possibilities. The narration seeks to rescue aspects of the epic of German colonization in Rio Grande do Sul / Brazil, in which the Lang family committed themselves.
    The record, in the form of a report, documents history so that time, with the disappearance of generations, does not end up making it fall into oblivion. In addition, it keeps it alive, since the descendants wish, in the future, to know it as well as to know its origins, past, roots... We have, as a result, the commitment to register it to keep it in a historic moment. In which people turn to researching genealogy and family history. People, families, groups, people... without a history are susceptible to manipulation; they resemble trees, with thick trunks and shallow roots, which easily fall due to the action of the wind. We feeç ourselves in charge of recording the history of the humble people who in anonymity, braved the forests, sown fields, built cities, developed industry and trade, kept the traditions and customs.
    The work “Jacob Lang - The Story of an Immigrant and Pioneer” is no exception. It reports the trajectory of a pioneer who crosses the ocean in order to find life options. The family history would be similar to that of thousands of German-Brazilian descendants who, coming to America in search of better living conditions, helped to occupy an immense area of Brazilian territory, which currently integrate the States of the Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Rondônia, as well as part of Paraguay and, most recently, Bolivia.


Price: U$ 4,43.

Tags: History of Family Lang in Brazil; Hunsrück (Germany); Teutonia/Rio Grande do Sul/Brazil; German immigrants; 19th Century; Europe; South America; Subtropical Rain Forest; Jacob Lang; Lang; Lutherans; German families.

sábado, 3 de outubro de 2020

A LENDA DO LAGO VULCÂNICO (EM TEUTÔNIA/RS)


Guido Lang

A tradição colonial fala-nos da existência de um lago vulcânico, que existiria no topo do Morro Staggemeier (Staggemeiersberg). Este, com os seus 360 metros de altitude, situa-se entre as localidades da Boa Vista Fundos, Capivara, Pontes Filho e Catarina (em Teutônia/RS). O depósito de água seria fruto de uma cratera, que teria se originado da chaminé de um extinto vulcão. O fenômeno teria ocorrido como resultado de um trabalho geológico de milhões de anos, quando nossa litosfera conheceu a fúria da natureza. O espaço, na atualidade, seria uma fonte de abastecimento de animais e aves, que habitariam as proximidades.
O Morro dos Staggemeier é um recanto ímpar, porque, a distância, sinaliza as pacatas localidades circunvizinhas.
A história, na prática, revela-se uma criação da imaginação popular. O tempo, através de séculos de intempéries, preencheu o buraco da antiga chaminé. Um discreto plano, próprio para acampar e vislumbrar as maravilhas dos vales do Arroio Boa Vista e Vermelho, viu-se tomado pela vegetação arbórea. Alguém inclusive deu-se o trabalho de transplantar um eucalipto, que, em função do sufocamento, não vingou; outros cravaram crateras na ânsia de procurar metais preciosos; um e outro efetuou sinais nas árvores com razão de assinar sua passagem pelo lugar...
A elevação, na sua magnífica imponência, esconde o passado da história da região, quando, nos tempos da Revolução Federalista (1893 – 1895), serviu também de refúgio a perseguidos políticos (entre maragatos e pica-paus). O silencioso morro mostra-se adormecido, quando, outrora, “cuspiu fogo” pelas cercanias. Este, na atualidade, parece apreciar o trabalho colonial, quando, mãos calejadas, fazem o torrão prosperar. As belas lavouras, de cereais, forragens e matas reflorestadas, somam-se a formosura do cenário colonial, que mescla facetas da maravilha da criação divina e humana.
Morro Staggemeier! Ostenta tua formosura! Enalteça tua beleza! Desperta a curiosidade e paixão pela esplêndida visão dos vales rurais!

*Fonte: Guido Lang. Jornal O Eco do Tirol, p. 03, 30 de julho de 2005.

* Crédito da imagem: https://www.infoescola.com/geologia/vulcao/


* PROIBIDA A REPRODUÇÃO INTEGRAL OU PARCIAL DO TEXTO SEM A MENÇÃO DA REFERIDA FONTE (LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998).

* Sugestões de páginas de leitura:

http://teutoniaemhistoria.blogspot.com/
http://guidolang.blogspot.com/