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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A ímpar pomada


Os antigos, no seio familiar, conviveram na extrema carência e indigência. A miséria, nos primórdios da colonização e imigração, batia na contínua rotina. As ausências e penúrias, em instrumentos e medicamentos, aconteciam no rústico ambiente. A vida caía no escasso.
Os aproveitamentos e improvisações, nos esparsos recursos, advinham no desafio da inteligência e supervivência. A batente, na devastação da floresta, advinha na conquista do cultivo. Os esfolados, na coragem e leveza, ruíam no altivo número dos acidentes.
O paliativo, na ausência de dinheiro e farmácia, brotou em idealizar material. A pomada, na expressão da experiência, acabou brotada e espalhada. A gordura, no conjunto do abate das aves (mormente nas galinhas caipiras), incidia no cuidadoso acolhimento.
O sebo, na fritura, admitia extração. A banha, na parcimoniosa quantidade, sobrevinha no bom emprego. A gordura, na fórmula, auferia acréscimo do tostado açúcar. Os componentes, na junção e mistura, compuseram sólida pasta. A polpa ocorria na fortuna.
O conteúdo, agregado e guardado, acabava protegidos as críticas situações. O bom emprego, nas doridas partes, conduzia a rápida cura. A adversidade, na agudeza, ostenta-se mãe da capacidade criadora e invento. As necessidades criam as oportunidades.
A virtude, nas necessidades extremas, consiste em achar ardilosas saídas. O sujeito nasce bucólico, porém jamais pode morrer tolo.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://galinha-hoje.blogspot.com.br/