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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O imaturo chamego



O acanhado lavrador, na casta de peão, definiu adiantar namoro. A lavra, na afamada junta de bois, adveio na aturada lida. Os dias e horas, na sofrida batente, estiveram alongados nos chãos do sogro (em possível). A roça, no aferro e amizade, acabou lavrada entre aclives e baixada. O negócio, nas belas expiadas e olhares da menina moça, moveram alento e miragem. O chamego, na dimensão da estadia (propriedade), pintava em acirrar o fogo da paixão. A circunstância, na cortesia da ação e lida trivial, arrastou-se no decurso da safra. O moço, na ausência de iniciativa, deixou de assistir namoro. O curioso, no epílogo do conto, procedeu na troca. A jovem, no meado do caminho, enamorou-se pelo moço dos arrabaldes. O operoso, na desilusão, viu-se relegado nas aspirações. A afeição requer aquela química da recíproca atração. As pessoas, na desgraça e proveito, abusam das ocasiões e situações. As meninas moças, nas colônias, verificam-se itens custosos e pleiteados.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://provaescrita.blogspot.com.br/

As sociedades de cantores


Os imigrantes teutos introduziram sensatos legados. Os herdados, na contemporaneidade, integram a cultura e tradição brasileira. Cita-se, nos modelos, escolas comunitárias, festas de quermesses, entidades de bolão e tiro, prática de enfeitar o pinheirinho de Natal, ninho de Páscoa, entidades de cantores...
Os povoadores, recém-instalados nas picadas (linhas), conviveram perdidos e isolados pelo ente público. A saída, entre dificuldades, versou em descobrir meios de supervivência. Os desbravadores, na maneira particular de organização, aventaram de arquitetar entidades comunitárias (cemitério, escola e igreja). Os clubes de cantores sugiram paulatinamente em alteradas linhas. As agremiações foram maneiras de aglomerar residentes.
Os corais tiveram o objetivo de cultivar a cantoria, aliviar as agruras da conquista da selva, encorajar ânimo (diante do dilema das adversidades, doenças, intempéries...). As encenações, semanais ou quinzenais, convinham como reencontros. Os momentos eram propícios às trocas de exames das fainas e vivências. As ocorrências, no seio da circunvizinhança, eram contadas e pesquisadas.
O objetivo, no explícito dos coros, era o cultivo do canto coral. As origens, na divulgação e recreação dos povoadores, advêm da Europa Central. O objetivo, no genérico, era concorrer ao incremento do nível artístico, cultural e social das identidades, assim como fazer atendimento no serviço de assistência (em momentos fúnebres e religiosos).
Os recursos financeiros eram obtidos através dos subsídios dos membros associados, dividendos de promoções (bailados e festanças), subvenções públicas (municipais)... As despesas pagavam serviços de regência, material de canto, deslocamento de cantores (em apresentações), jantas em banquete de bailes... As apresentações ocorriam em festejos locais, festanças de sociedades coirmãs, enterros, aniversários, ofícios religiosos... A administração e coordenação verificam-se independentes (das entidades da linha). O coro, nas probabilidades, coopera nas demais associações comunitárias (na construção e manutenção de centro comunitário).
Os critérios, na filiação, costumaram ser na conduta exemplar, estar em pleno gozo das liberdades civis, carecer de apresentar débitos nas entidades, possuir idade superior aos catorze anos... O membro cantor precisa apresentar aptidão e interesse em participar no canto, assim como ser abnegado, disciplinado e pontual. O cantor (a) tem a vantagem de aprimorar seu dom musical, aprender e cantar os hinos (pátrios, populares e religiosos), assim como desenvolver aprendizagem das línguas (alemão e português), compartilhar dos eventos das diversas sociedades, expandir círculo de amigos e conhecidos, tornar-se pessoa valorizada...
Os cantores carecem de serem profissionais e desempenham um ofício na própria comunidade: encaram o canto como uma atividade de cultivo e orgulho das tradições. Os coros, no símbolo da agregação, possuem estandartes. As flâmulas acompanham a sociedade nos excepcionais encontros e episódios. A classificação incide entre coros de homens, senhoras e mistos. O canto é praticado em três a quatro vozes.
As dificuldades de sobrevivência estão relacionadas ao êxodo rural, formação de regentes, criação de novos hinos, elevada despesas e desinteresse das novas gerações em continuar na tradição. Os jovens contraíram nova mentalidade. Esta valoriza pouco os valores da cultura local. Os consumismos e passividades verificam-se repassados nos meios de comunicação de massa. O fácil consiste em escutar em vez de cultuar o canto.
A juventude é coagida a abdicar do meio rural, porque seu trabalho significa pouca valorização pelos intermediários; migram aos centros urbanos na procura de formas de sobrevivência e acabam desinteressados (em função de outras maneiras de interesses e recreação). Acrescentam-se as dificuldades de material específico de canto; predomínio dos interesses particulares (em prejuízo, na ausência do retorno monetário, do bem coletivo).
As sociedades sofrerem consequências da Segunda Grande Guerra (1939-1945). O material, em alemão, viu-se assolado no dilema da nacionalização (impressos foram confundidos como promoção política). As melodias e dialetos (em alemão) versaram em serem tolhidas.
As sociedades de cantores, no cerne das linhas, continuam a associar na vida social de inúmeras comunidades. As associações, na cultura das paragens, caminham paralelas as entidades escolares, esportivas e religiosas. A participação, nas diretorias das entidades, advém na qualidade de confiança e prestígio das habilidades intelectuais. A filiação, na instituição, significa ponto de honra à integração na identidade. O coro mantém-se ativo na preservação e valorização das raízes germânicas.  Os denodos comunitários, na atuação de membro e morador, se expressa em consideração e respeito.


(Guido Lang, Anuário Evangélico, Ano 1991, pág. 105 – 106. Texto reescrito.)