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quarta-feira, 5 de março de 2014

O comércio da terra


O finado, herdeiro da estirpe, foi-se ao repouso. A viúva, na solidão da propriedade, seguiu adereço dos filhos. Os brotos, na cidade, querem distância do interior!
Os solos, patrimônio de gerações, foram alocados à venda. Os sucessores, envolvidos em projetos distintos, aspiram dinheiro. O inventário findo admite o negócio nos domínios!
Os estranhos, na meia dúzia de hectares, evidenciam desapego. Os agricultores e sitiantes buscam lotes no asfalto. O interior, de chão batido, desencoraja aquisições!
Os vizinhos, no outrora, admitiam importância. Estes, abordados aos sessenta, requerem apartamento de dívidas. A ideia, nas finais primaveras, incide em curtir a existência!
O bem, no compasso da espera, avoluma arrendamento nas baixadas. Os matos multiplicam-se nas encostas. As instalações, no desuso, caem no estrago e ruína!
O caso arrasta-se na imprecisão. O fato, entre herdeiros, verifica-se banal. As devolutas terras, nos declives e morros, tomam sentido na direção da reserva ambiental!
Os encargos, na legalização e manutenção, carecem cobrir perspectivas de lucros (nas vendas). Vários lotes, no espólio de netos, assumem inviabilidade do potencial de comércio!
As áreas, no desamparo, desencorajam dividendos. As florestas tolhem empregos, rendas e tributos. As estradas, na conservação, nutri-se obrigação da fazenda pública!
Os ciclos econômicos alternam concepções de vida. As ofertas de trabalho, nos meios urbanos, suplantam iniciativas de continuação e manutenção no campo!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.downloadswallpapers.com/papel-de-parede/zoom-no-mato-verde-36163.htm