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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O dia de hoje



Hoje levantei cedo pensando no que eu tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.Posso reclamar por estar chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar da minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar pelos meus pais não terem me dado tudo que eu queria ou posso agradecer por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer à Deus por ter uma moradia. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saírem como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

Charles Chaplin (1889-1977)

Crédito da imagem: blogdoobscuro.wordpress.com

O modesto dom


Uma certa menina, criada nas colônias e em meio a um punhado de irmãos, precisou tomar o destino das cidades. Empregou-se, como doméstica, numa casa de conhecidos. O objetivo consistia em conciliar estudo e trabalho. O ganho básico consistia basicamente na subsistência. O dinheiro, como ganho, não passava de uns trocados de bolso.
Uns poucos anos transcorreram e conheceu um moço. O namoro tomou sentido. O trabalho, no ínterim, continuava na proporção de constituir família. Pode, junto aos estranhos, assimilar uma série de tarefas. O valor do trabalho aprendera como legado familiar. A principal consistia na arte de cozinhar. Conheceu, como excepcional cozinheira, o principal segredo da cozinha:  a qualidade dos alimentos consistia em boa dose nos temperos.
A formação de família levou a necessidade de constituir algum negócio. Fazer o que com a profissão de doméstica? Pensou e repensou a nobre função. O casal, como solução numa esquina da cidade, improvisou uma modesta lancheria. Esta, em função da qualidade da alimentação ofertada, cedo tomou a dimensão de restaurante.
A outrora doméstica, agora patroa,  vivia a aprimorar os dotes da cozinha. Ela, através da contínua prática, descobrira seu divino dom. Deus, como a cada qual, dá uma vocação. Esta tinha-a no poder dos apetitivos e maravilhosos pratos. Os fregueses ávidos, com os variados cardápios, cedo lotaram o ambiente. O ponto tornou-se referência da comida colonial. Os anos, de persistente dedicação e trabalho, trouxeram o enriquecimento e a qualidade de vida.
A fulana, diante do volume das comidas à grande clientela, cedo coordenava uma equipe de cozinheiras. Estas faziam os pratos, porém ela dava as ideias e sugestões. O dom não mais existia no trabalho prático em si e sim no controle da qualidade. A esperteza vivencial consistia: tornar uma modesta vocação num empreendimento comercial e meio de sobrevivência.
Fica a lição da escola de vida: cada qual precisa descobrir seu dom e com ele ganhar a subsistência. Os aparentes encargos cedo assumiram ares de brincadeira e diversão. O indivíduo não pode ser bom em tudo, porém numa coisa salienta-se nos conhecimentos e habilidades (junto aos demais). Precisa ganhar o seu “ganha pão” com a especialidade. Descubra a sua vocação e ganhe com ela a vida. O encargo cedo torna-se uma alegria e satisfação.
Deus escreve certo em linhas tortas”. Procure especializar-se naquilo que lhe interessa e dá prazer. O gosto e a paixão levarão a constituir algum empreendimento. A riqueza humana encontra-se na diversidade.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano da Vida”

Crédito da imagem:http://www.gemacarioca.net/faenza-em-copacabana/