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domingo, 30 de setembro de 2012

O compaço de espera


    Os meses passaram e nada de chuva! Colonos desesperados com a falta de água, quando aviários, chiqueiros e tambos mantiveram problemas de abastecimento. Máquinas, em diversas propriedades, “abriam açudes e iam furando a terra” na procura do precioso líquido. Os poucos reservatórios, como açudes e cacimbas, viam-se disputadas pelos seres sedentos. O eucalipto, em função da massiva folhagem, levava parte da culpa do desastre do secamento. Os prenúncios das chuvas mantinham-se presentes, porém nada de precipitações para acumular/repôr lençóis/mananciais.
    Um curioso morador, como existe curioso para tudo, preocupou-se com o comportamento dos sapos e pererecas. Pareciam completamente extintos nos pátios coloniais, no que acreditou terem migrado na direção dos poucos lugares úmidos. A tradicional cantoria, nas épocas próprias da reprodução, manteve-se abolida. Passou dia e mais dia e nada de maiores volumes da água. Achegou-se setembro e outubro, tradicionais meses da chuva no Brasil Meridional, com razão de desvendar o mistério. As precipitações, de forma serena e intensiva, advieram e revelaram a astúcia destes bichos peçonhentos. Estes, no contexto da maior descrição, saíram dos esconderijos tradicionais, quando refugiaram-se debaixo de pedras e no interior do solo. As dezenas mantinham-se presentes e “esperavam o momento próprio para darem as caras”. As condições do hábitat voltaram às próprias da espécie, quando retomaram o espaço original.
     Prevalece a lição de vida: a necessidade de esperar “mesmo numa aparente eternidade” as condições próprias, diante das adversidades! Possuímos a companhia de semelhantes mesmo na ilusão nossa da ausência! O refúgio no subsolo é a melhor condição diante do impróprio da superfície. A natureza resguarda meios para sobrevivência de quaisquer espécies, mesmo diante das maiores adversidades e hecatombes.
             
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)

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