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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

As profecias do campo

   
    Se algum morador, há aproximados cinquenta anos, tivesse profetizado algumas realidades agrícolas, acabaria sendo chamado de louco. Os coloniais, com certeza, fariam dele chacota por estar transtornado e acreditar na “Lenda do Papai Noel”.
    A realidade, até os anos de 1960 a 1970, era ainda de massivo trabalho animal e braçal. Os rurais trataram de lavrar o solo (com arado de boi); cortar o pasto (com as foices); cultivar as sementes (com saraguá); colher os cereais de forma manual... Dos tratores ouvia-se falar nas regiões da Serra Gaúcha. As áreas planas permitiam a mecanização (em função de ausência de pedras e baixa declividade das lavouras). Algumas máquinas, como excepcionais artefatos das inovações agrícolas, circulavam numa e noutra localidade. Uma boa junta de boi, em cada propriedade, mantinha-se parte da família (considerada segurança para “ostentar pão na mesa”).  A força animal vivia-se complementado com a força braçal (ou vice-versa). Carretas e carroças eram adquiridas a peso de ouro.
      Se algum maluco, naquela época, falasse da atualidade “em plantar milho no meio do brejo/mato” (com a subsequente aplicação de herbicidas e plantio direto); trazer milho (em grão) do Brasil Central para tratar galinhas caipiras (no pátio); produtores, na sua maioria, nem mais tivessem bois nas propriedades; artefatos, como arados, foices e enxadas, serem peças de museus; sementes genéticas, em detrimento as armazenadas na propriedade, serem compradas a cada safra; leite, em caminhões tanque, recolhido nos próprios tambos dos pátios; uns poucos aviários e chiqueiros produzirem milhares de animais (com meia dúzia de  produtores); pastoreio massivo das vacas em pastagens artificiais (quase ausência dos tradicionais potreiros)... O vidente acabaria ridicularizado e “colocado de escanteio” nas conversas informais.
   Moradores perguntam-se: Que inovações tecnológicas ainda virão na atividade produtiva primária? Máquinas mais eficientes e potentes que tornam o trabalho humano obsoleto? A labuta braçal, numa legislação específica, proibida por ser inconveniente a saúde e onerar os sistemas previdenciários? Lavouras assumirão aspectos de hortas (em função da massiva exploração das áreas cultivadas)? Os proprietários, na sua esmagadora maioria, serão empregados/funcionários nas suas propriedades (reféns das instituições bancárias)? Uns poucos unicamente continuarão como colonos e sendo considerados excepcionais empresários do campo? Quais os investimentos financeiros necessários para continuar produzindo? Os limites de produção por área são uma realidade? Quem viver verá as mudanças! Uns poucos anos, na era globalização, com tamanhas transformações no cenário agrícola!
   As profecias, na prática, nem em sonho poderiam ser vislumbradas. A inovação multiplicou o endividamento e a produção, porém contínuas exigências ampliaram e melhoraram o sistema. A agricultura e pecuária tornaram-se empreendimentos dum clube seleto de indivíduos! Quem arrisca-se a dar limites a ciência e tecnologia? Os homens poderão ainda constituir grandes civilizações sem maiores artefatos?

Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)

Crédito da imagem: http://poesialvaro.blogspot.com.br/2012/05/triste-campo-alegre.html

Voltaire

  1. Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.
  2. É mais claro que o sol, que Deus criou a mulher para domar o homem.
  3. Deus me defende dos amigos, que dos inimigos me defendo eu.
  4. Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.
  5. Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.
  6. Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males.
  7. Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano.
  8. Os infinitamente pequenos têm um orgulho infinitamente grande.
  9. Todo o homem é culpado do bem que não fez.
  10. O orgulho dos pequenos consiste em falar sempre de si próprios; o dos grandes em nunca falar de si.
  11. A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo.
  12. Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas.
  13. Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo.
  14. A leitura engrandece a alma.
  15. Como é duro odiar os que se gostaria de amar.
  16. O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis.
  17. O estudo da metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá.
  18. Deus é um comediante a atuar para uma plateia assustada de mais para rir.
  19. É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente.
  20. O mais competente não discute, domina a sua ciência e cala-se.
  21. Ama a verdade, mas perdoa o erro.
  22. O trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade.
  23. Aprender várias línguas é questão de um ou dois anos; ser eloquente na sua própria exige a metade de uma vida.
Voltaire (1696 - 1778)

(Reunidos por Guido Lang)

Crédito da imagem: http://es.wikipedia.org/wiki/Voltaire