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terça-feira, 30 de abril de 2013

A disfarçada coincidência


Um jovem, num certo baile, enamorou-se por determinada moça. Este, em meio aos diversos interessados e pretendentes, parecia não ter maiores chances de relacionamento.  Ele, em meio ao grande público, passava despercebido e ignorado.
A menina moça, em meio ao barulho e confusão de gente, nem imaginava da sua existência. As incursões, por algum eventual forasteiro, nem passavam-lhe pela mente! As atenções encontravam-se focadas nos amigos e parcerias de escola.
A fulana, numa altura, precisou achegar-se ao banheiro. A razão provável de fazer uns ajustes na maquiagem e reparos no visual. O moço, na hora da saída do lavatório, tratou de averiguar a chance e a sorte. Ele, num fraquejo proposital, simulou pisar-lhe no pé. O momento próprio de ganhar a atenção e graça de míseros segundos.
A conversação, como a tradicional “rasgação de seda”, direcionou-se de ser uma mulher de bom gosto no vestir-se, ostentar facilidades de relacionamento, possuir personalidade decidida... Uma mulher, de diferencial diverso, na medida do conjunto das frequentadoras do ambiente.  As colocações mexeram com os brios íntimos!
A atenção foi dada e merecida! O relacionamento, nas conversas e curiosidades mútuas, tomou intensidade. O cidadão soube conquistar as graças e o interesse. Esta, nas suas pretensões femininas, encontrava-se igualmente a procurar e achar “a sua outra cara metade!”
O diferencial, em relação ao conjunto, mostra-se uma chave para o sucesso. Certas práticas, de aparência impossível, ostentam-se perfeitamente realizáveis na proporção das adequadas estratégias. Os caminhos, na medida das afinidades e desobrigações, cedo entrelaçam-se entre os assemelhados espíritos.
                                                                               
Guido Lang
                                                   “Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência” 

Crédito da imagem: http://evelyntomaz.blogspot.com.br

Um princípio econômico




Os antigos com suas histórias e sabedorias! Lições de vida como especiais pérolas!
Estes, nas suas conversas familiares e informais, diziam: “Melhor ter um pombo na panela do que vinte sobrevoando os telhados!”
A expressão, em termos gerais, significa fazer valer e valorizar o pouco em detrimento do duvidoso e incerto. Os míseros centavos, aplicados com inteligência e parcimônia, avolumam e rendem fortunas. O tempo será o segredo da medida dos resultados!
O dúbio, como apostas e jogos, costumeiramente esvazia o bolso. Os dividendos e vantagens acabarão revertidos às alheias carteiras e contas! Os donos das bancas, com reais aqui e acolá, cedo avolumam invejáveis patrimônios, poderes e valores!
O princípio econômico, com os desenfreados consumos e desperdícios, faz tremenda falta no cotidiano da existência. Os aborrecimentos, estresses e ganâncias seriam bem menores.
Pessoas, por dinheiro, abster-se-iam “de vender a alma ao diabo”. Os juros estariam em menores patamares! A felicidade encontraria maior expressão nas coisas sublimes e tenras! A humanidade estaria noutro estágio da evolução espiritual!
Certas lógicas e princípios financeiros jamais cairão de moda. Apostas e riscos costumeiramente não passam de esperanças e frustrações. O certo pelo incerto é medida e sabedoria dos prudentes e sábios.

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://foguinhomidia.blogspot.com.br


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Só para babar!



A mulher, toda arrumada e pintada, sai para o intervalo do meio dia. O local dos encontros e reencontros ocorre na praça central da cidade. Esta, pela aparência e formosura, assemelha-se alguma boneca ambulante!
A cidadã, com roupas justas e transparentes, coloca a vista a silhueta corporal. As joias, maquiagem e sorriso complementam o visual cinematográfico. “Uma mulher para nenhum homem colocar defeito!”
Os frequentadores, sobretudo masculinos, dimensionam de supetão os olhares. Uns, de imediato, despertam nos brios mais íntimos dos desejos. Algumas enciumadas, na concorrência, tratam de explanar: “- Olha lá a sicrana! Quê oferecida?”
Esta, para os amigos e colegas, fala dos reparos: “- Só para babar! Isso aqui já tem dono! A minha religião não permite certa liberdades e intimidades! O marido não gosta de me ver andar assim!”.
A necessidade de mostrar e ostentar os dotes revela-se deveras acentuado. Umas levam cantadas e depois improvisam queixas de abusos e inconveniências!
Os humanos tem extrema necessidade de angariar o reconhecimento social. As cantadas e floreios fazem parte das relações humanas. A ostentação mostra-se sinônimo de felicidade e realização para uns!

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://ideaal.blogspot.com.br 

A ilusão do galo


A ave, como rei das galinhas, esnobava abusos e correrias. O cocoricó, a longas distâncias, via-se ouvido e reconhecido. A concorrência não via a hora própria do seu infortúnio (para assumir as funções e o poder).
O galo índio gigante, na modesta inteligência, entendia-se como excepcional prestador de serviços ao criador. Este, em função dos belos galados ovos, bem que merecia apetitosos e saborosas grãos. As companhias, do total de sete do harém, dava plena conta das intimidades.
Alguma repentina visita, em forma de surpresa, advenho de longínqua paragem. O criador viu-se desprevenido em carnes. A solução, regada a saladas, consistiu numa apetitosa e suculenta galinhada. O galo, como especial protegido, acabou às pressas passado na faca.
A fama e  o poder tinha ruído como castelo de areia. O equívoco da proteção não passou de preocupação com o capital. O infortúnio serviu de alegria a outro assumir o governo e território.
Os humanos, susceptíveis as oscilações do bolso, revelam-se desapegados e traiçoeiros. “A morte de uns serve de alimento a outros!” “O orgulho cedo a terra come!”

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://umaseoutras.com.br

domingo, 28 de abril de 2013

A extrema dó


Um tradicional carneador, numa existência, abateu milhares de animais. Estes, para o consumo da carne e linguiça, relacionava-se a bovinos e suínos.
O fulano, conforme seu desabafo, sentia somente um remorso. Este ocorria na proporção da matança das rezes domesticadas e idosas.
As vítimas, conduzidos ao local do holocausto, sabiam perfeitamente das intensões. Os animais, como bois de canga e vacas de leite, lutavam de forma desesperada (para querer esquivar-se da hecatombe).
O desespero, amarrados numa árvore, significava digladiar-se com a corda. O bicho, a torta e direita, procurava libertar-se e safar-se! Os espertos pareciam dizer: “- Servi-vos toda uma existência e agora procedes dessa forma injusta! Uns irracionais estes malditos seres!”. Quê os homens fazem para não perder dinheiro?
Os humanos, de maneira geral, subestimam a astúcia e inteligência animal. Os temores da dor e incerteza costumam antecipar a morte! Com quê direito os ditos racionais arrogam-se de consumir os seres desprotegidos e fracos?

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano da Vivência”

Crédito da imagem: http://www.anapessoa.com.br

O rato e o elefante



Uma grande reunião de pessoas admirava em uma feira o monstruoso tamanho de um elefante; um ratinho indignando-se exclamou:
- Fortes babacas! Sem graça, sem beleza, mal pode mover-se e o admiram! Mas, nós, ratinhos, corremos, pulamos, saltamos, somos cheios de graça, e em vez de nos prestarem a admiração devida, juram-nos guerra e extermínio. Será porque somos nacionais, e esse monstro é estrangeiro?
Enquanto assim repreendia os babacas, despercebido o ratinho é apanhado por um gato, que logo lhe mostra a diferença que há entre um elefante e um camundongo.

Moral da história:
A vaidade e a inveja fazem muitas vítimas; até os ratos querem que se lhes dê a importância dos elefantes.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://ladroesdebicicletas.blogspot.com.br

sábado, 27 de abril de 2013

A excepcional produtividade



Um assalariado, com experiência agrícola, possuía um modesto terreno. Algumas dezenas de metros localizados numa área privilegiada e nobre. Este, junto a moradia e o pomar, instituiu o milagre em forma de produção!
O fulano, no restrito espaço, produziu ímpares quantidades de frutas, mel e verduras. O arvoredo, além de refúgio da inclemência solar e área de refrescar a mente, ganhou a companhia de dezenas de colmeias de jataís (“os tradicionais alemãozinhos”).
As abelhas, além da ímpar ornamentação e polinização, produziram especial cera e mel. Uma singela placa, no val de entrada, anuncia: vende-se mel! O comércio, sem maiores encargos, ocorreu junto ao local da produção!
O segredo, na consorciação, consistiu em produzir muito em pouco! As geniais ideias colocadas a serviço do bem estar do bolso e da saúde! Os seres humanos diferenciam-se pelos dons e espertezas externadas nos ambientes e vivências.
A criatividade e inovação mostra-se continuamente digna da admiração e elogios. Extrair ouro, em modestos palmos secos de terra, revela-se obra de sábios. Capricho, dedicação e inteligência fazem diferença em qualquer ambiente e trabalho.

Guido Lang
“Singelas Fábulas e Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://azlziraelsner.blogspot.com.br 

O pobre e o rico


Sentado na sua banqueta ficava todo o dia um sapateiro a trabalhar e a cantar. Defronte dele morava um opulento e rico banqueiro, que em nada achava divertimento. Insípido aborrecimento por toda parte o acompanhava.
- Que perseguição a em que vivo! - Exclamava entre bocejos. - Dinheiro tenho de sobra, o gasto a rodo, frequento todas as festas e diversões, e os dias pesam-me! Ainda mais me pesam as noites! Como conseguirei matar estas inoportunas horas que me matam! Quão feliz é o meu vizinho sapateiro! Desde que rompe o dia até que anoitece, ei-lo a rir, a cantar e assobiar. À noite o maior sossego reina em sua casa, às vezes até mesmo o ouço roncar! Quero saber que receita usa.
Mandou chamar o sapateiro:
- Caro mestre sapateiro! Vejo sempre o senhor alegre e bem disposto. Ora diga-me, como faz para assim conservar-se: quanto ganha por ano?
E o sapateiro respondeu:
- Por ano! Meu senhor, não zombe da gente; pois nós lá sabemos quanto ganhamos. Vamos remando e vivendo cada dia com o lucro da véspera, e contanto que haja saúde, e não falte o que fazer, não falte pão; o que mais podemos querer?
- Se com tão pouco está feliz, quero vê-lo felicíssimo. Pegue aqui este saco de ouro, agora é seu! - Disse o ricaço dando-lhe um saco repleto de ouro como presente.
O sapateiro desfez-se em agradecimentos. Levou para casa o ouro, contou, repartiu pelos anos que esperava viver; era de sobra. Procurou um esconderijo em que o guardasse, e de contínuo inquieto ia vê-lo. Não o achava bem guardado; mudava-o de esconderijo. A tudo temia; tudo aparentava ser ladrão. Ao cabo de um mês, já amarelo, magro, triste, teve uma boa lembrança. Agarra no saco de ouro e vai à casa do vizinho.
- Tome lá, meu senhor, o seu saco de ouro! – Exclama. - Quero ver se recobro o meu sono e as minhas cantigas.

Moral da história:
O acúmulo de riquezas traz acúmulos de dores de cabeça.

                    Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                  Crédito da imagem: http://ieshekinah.spaceblog.com.br

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Os escamoteados encontros


Um morador, da cidade para o campo, transferiu uma certa gata. A chácara mantinha sérios problemas de invasão de ratos. Algum felino mantinha-se sábia solução!
Os roedores, dos brejos e matos, invadiam as instalações e moradia. O veneno, em meio a esperteza do bicharedo, não dava conta de exterminar os muitos visitantes. Estes, diante do perecimento dos semelhantes, tratavam de ignorar e rejeitar as iscas.
O criador, numa solução definitiva, pensou no inimigo natural! A gata, isolada num ambiente estranho, deveria levar uma vida deveras solitária e triste. O animal, não tendo a companhia de qualquer semelhante (da espécie), certamente ficaria adoentado de tédio.
O homem, como ser comunitário/social, colocou-se na posição felina. Este imaginou-se neste ambiente e contexto isolado e perdido numa tapera! A vida, como supremo dom, vivida na solidão dos dias! Ninguém para amar, brigar, conversar, implicar...
O chacareiro cedo admirou-se da sua doce ilusão! Uma porção de gatos, “saídos do deus sabe onde”, afluíram comumente ao espaço. Os felinos, diante do desconhecimento do tratador, comunicavam-se plenamente nas caladas dos dias e noites. O relacionamento, inclusive íntimo, mantinha-se uma situação corriqueira e diária.
O senhor redescobriu a velha lógica. Os membros, de quaisquer espécies, encontram formas e maneiras de criar e manter vínculos. Os seres ajustam os instintos aos ambientes próprios da vivência! A vida não revela-se fácil para ninguém!
Cada qual acha o que interessa e necessita! A distância careceu de ser obstáculo aos negócios e relacionamentos. A vida tem sentido na proporção da convivência com os próximos e semelhantes!

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://www.tocadacotia.com

Os dois galos


    Pelo domínio de um terreiro, povoado de galinhas, brigavam dois arrogantes galos. Um venceu; o vencido foi esconder-se envergonhado, e para mais dobradas mágoas ouvia de contínuo o estridente cantar do seu triunfante inimigo. Passa um gavião; o vencedor estava no mais alto do poleiro; o gavião lança-lhe as unhas. Aparece então o vencido, vem consolar as viúvas, suas consolações são aceitas e o ex-vencedor está esquecido.


Moral da história:
São coisas da sorte e da fortuna; desconfiemos sempre dela, especialmente depois das vitórias, no seio da prosperidade.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://pastorelireis.blogspot.com.br

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A incoerência financeira


As pessoas falam certas coisas inacreditáveis! Muitos, no desconhecimento ou na ingenuidade, ainda acreditam nas ladainhas! Exemplo: “O dinheiro ser coisa do diabo!”
Os indivíduos, de forma adoidada e apressada, correm atrás do numerário. Aquele fedorento e mero papel-moeda, como sangue do capitalismo ou socialismo, movimenta todo tipo de engrenagem e labuta. O camelô percorre ruas e avenidas para vender. O morador da rua pede centavos para o prato do dia.  O papeleiro puxa carinhos carregados como algum irracional. O religioso prega a palavra dita santa. Profissionais liberais enfurnam-se em cubículos para vender conhecimentos...
Os humanos, em todos os instantes e momentos, falam em dinheiro. O mercadinho fornece pão no propósito do lucro. O posto de combustível, sem cartão de crédito ou grana, não tem choradeira. O trabalhador em geral, sem salário, nem comparecer ao local da jornada. A comunidade religiosa, sem a taxa anual, carece de enterrar quaisquer entes. A municipalidade, sem os impostos, fraqueja na coleta do lixo...
Uma realidade, no cotidiano da existência, impressiona na alegria e satisfação. Algumas notas, dadas na mão de quaisquer viventes, cedo externa um sorriso nos lábios do fulano, beltrano e sicrano. O comportamento e a fisionomia assumem ares de alegria e felicidade!
O dinheiro, por não existir de forma bruta na natureza, os governos tiveram a necessidade de criá-lo. O cidadão, tendo numerário, “parece ser o cara” (podendo ser um tremendo chato e imbecil). A carência, em meio a melhor conversa ou choradeira, cerra amizades e portas. A moeda, nas suas benesses ou mazelas, move o espírito humano e os sistemas econômicos (ainda mais “a quem senta nalgum galho seco para sobreviver!”).
As sociedades humanas com suas muitas diferenças e incoerências! Os discursos e as teorias são uma realidade e a prática e o trabalho outra. As pessoas, na sua totalidade, ostentam a idêntica chaga: apreciar e gostar demais do dinheiro.

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://reavivamentoereforma.com

O veado e a vinha



Fugindo de uns caçadores, um veado escondeu-se em uma vinha (plantação de uvas). Estava enfim salvo do perigo porque os caçadores, depois de muito o haverem procurado, já iam se retirando. Vai o infeliz veado e põe-se a comer as folhas da vinha que o escondera; a vinha toda estremeceu; os caçadores voltaram-se e o descobrem.

Moral da história:

A ingratidão, mais cedo ou mais tarde, acaba sendo castigada.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

                                                    Crédito da imagem: http://esdrascabral.blogspot.com.br

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O desabafo maternal



Uma senhora, nascida e criada nas colônias, pode criar uma dezena e meia de filhos. Uma jornada, de cada ano e meio (na idade fértil), encontrava-se em estado de gestação. Ela, a vida inteira, dedicou à família, filhos e sobrevivência.
Esta, nos dias finais da velhice, procurou fazer uma rápida resenha da difícil e onerosa existência. A anciã, numa síntese, expressou: “- A gente atendia o tempo inteiro casa, filhos e plantações! Achegava-se, à noite, encontrava-se exausto e morto de cansado! O marido, para completar, exigia ainda o atendimento das intimidades! Uma vida sem muitas alegrias e satisfações! Coloca vida judiada nisso!”
As décadas transcorreram e adveio a velhice. O marido tomou a dianteira do derradeiro descanso. O falecimento, precoce duma filha, somou-se como desgraça e tragédia! Esta, em meio ao choro, disse: “- A gente até suporta o falecimento do companheiro! Algum filho, vendo descer a sepultura, não dá para aguentar e suportar! A dor corta e esfacela o coração!”
Ela, nuns meses sucessivos, tomou o rumo do cemitério. Queria partir ao encontro dos ancestrais e parceiro. Esta, frágil em vida, implorou ao Criador para não ver mais outros infortúnios (com mais filhos, netos e bisnetos). A fraqueza e a idade não comportaram tamanhas dores e sofrimentos!”
O indivíduo nunca sabe dos desígnios e flagelos no compasso de espera. Inúmeras famílias, com a loucura da criminalidade, drogas e trânsito, enterram seus próprios frutos. A longa vida expõem-nos aos muitos e variados acontecimentos e padecimentos!
                                                                                          
Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio

Os dois burros


Iam de parceria dois burros, um lépido e feliz, sem carga; era o que servia para montaria do seu amo, o outro carregadíssimo a não mais poder. Debalde o mísero suplicava a seu irmão que o aliviasse de parte da cargas e dele se condoesse. O outro ria-se e não atendia às súplicas. Por fim o carregado sucumbe e logo o dono passa às costas do companheiro toda a carga, e não só ela, mas também o seu próprio peso. 

Moral da história: 
Ajudemo-nos uns aos outros; não é só caridade, é o próprio interesse que no-lo aconselha. 

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://www.yourarizonamoments.com

terça-feira, 23 de abril de 2013

A denúncia canina


Um colonial, nas suas andanças e incursões, mantinha um caso extraconjugal. O caso ocorria com a viúva. A discrição, na compreensão dos autores, mantinha-se como certeza absoluta!
A fulana, a aproximados quinhentos metros, residia distante da residência familiar do aconchegado. A moradia desta, numa visão panorâmica, localizava-se nos fundos da propriedade. Um espaço dominado pela aparente cerrada vegetação.
O aventureiro, nas idas e vindas das lidas rurais, frequentemente achegava-se a enviuvada. As inúmeras visitas de cortesia, com o tempo, começaram a gerar desconfianças e suspeitas (das prováveis intimidades).
Algum parente e vizinho, como o beltrano sendo pai de família, começou a desconfiar e reparar o comportamento alheio. Os curiosos, na surdina, indagaram-se sobre as excessivas proximidades do beltrano. O fato, com as corriqueiras suspeitas, levou a um discreto reforço na vigilância.
As suspeitas cedo confirmaram-se com a ímpar denúncia. O cão, como assíduo e persistente caçador e parceiro, vivia como companhia inseparável do dono. A sua diversão maior eram as caçadas, guardas e passeadas na roça (junto ao companheiro).
O animal, em diversos momentos, foi visto nas cercanias do pátio da viúva. A realidade denunciou a certeza da presença do proprietário. Os familiares, conhecendo o excessivo apego animal, daí logo concluíram: “- O Zumbi anda pelo pátio da fulana! O cidadão certamente encontra-se no interior da residência!”
O visitante, muito astuto e esperto, achava-se seguro da discrição e do sigilo. Uma bela e doce ilusão: a presença animal, nas cercanias da moradia, denunciava todas as eventuais incursões. O pessoal, diante do primeiro sinal, conhecia e sabia da acolhida! Difícil enganar e ludibriar os expert! Os segredos denunciam-se pelos detalhes! Ao bom entendedor meia palavra basta!
O cidadão acha-se esperto, porém não pode subestimar a inteligência alheia. Os coloniais mantêm uma acirrada e discreta observância sobre os acontecimentos e vivências. O pior imbecil revela-se aquele que engana a si próprio!
                                                                                 
Guido Lang
                                                  “Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência” 

Crédito da imagem: http://www.guiapetecia.com.br

A canoa boiando


    Um povo tinha disposto alguns vigias sobre as muralhas que dessem aviso do que ao longe avistassem. Os habitantes queriam evitar surpresas e ter tempo de preparar heroica resistência. Os vigias descobrem ao longe uma coisa. O que será? É uma poderosa esquadra que se aproxima.
    - Alerta! - Bradaram.
    A coisa chega mais perto.
    - Não é esquadra – disseram - há de ser alguma nau.
    Por fim a onda atira à praia o objeto de tão sérios cuidados; era simplesmente uma velha canoa que vinha boiando.

    Moral da história:
    As coisas nem sempre são o que aparentam ser.

Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://www.tripadvisor.com.br

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A falta de macho


Uma família, com duas mulheres e um marido, mantinha o azar da ausência de filhos. Alguma razão impossibilitou a geração e continuação familiar!
Duas irmãs, com um único marido, não tiveram a felicidade de gerar os devidos rebentos. Estes, para os cuidados na velhice, apelaram às adoções e auxílio de parentes. Algum acolhimento, depois de várias tentativas, resultou numa descendência. Os conhecidos e vizinhos, nesta tradicional clã, estranharam essa anormal realidade colonial!
Uns curiosos, nos comentários gerais da venda, quiseram saber as razões dessa incomum escolha. Estes, de forma discreta e informal, indagaram a parentes e vizinhos. As meras suposições tornaram-se as respostas corriqueiras. Uns faziam uma leva ideia das eventuais causas, porém não quiseram expor-se de forma aberta!
Um morador, para abreviar detalhes e explicações da conversação, resumiu o tema. Este, sem maiores floreios e rodeios, falou: “- A família deveria ter mudado o macho! Faltou simplesmente o cachaço! O homem não fez a devida lição de casa! Este, muito enciumado e possessivo, evitou também de algum outro em fazê-lo!”
As pessoas não poupam em certos comentários e linguagens. Os vizinhos, como próximos, sabem muito da vida familiar. Certos comparativos abreviam um conjunto de detalhes e explicações! O esdrúxulo, como exemplo, mostra-se fácil de entender e memorizar!
Os órgãos vitais, para o pleno êxitos das funções corporais, precisam funcionar a contento e em harmonia. A fidelidade extrema revela-se sinônimo de confiança e crédito. Alguns indivíduos, em nome do amor e da família, submetem-se a companhias e sofrimentos impróprios.

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://papodehomem2.wordpress.com


domingo, 21 de abril de 2013

O exemplo pela prática


Um camarada, com a ideia de boa vida e folgado, adorava andar a toa e fazer suas caçadas. Uma maneira, pelos interiores, de conhecer as diversas propriedades e roças. Este, em poucos meses e anos, devassou o conjunto territorial de localidades.
O sucesso, na empreitada de andarilho e caçador, ostenta-se antieconômico e dispendioso. O fulano, como acomodado nato, mantinha um singular hábito. A cachorrada via-se atiçada e instigada a correr atrás das presas (entre brejos, matos e lavouras).
O caçador/criador, para evitar inconveniências e perigos, dava-se o cuidado de aguardar e resguardar-se nas estradas de roça e trilhas de mato. As descuidadas e ingênuas presas, de forma esporádica, recaiam-lhe unicamente na mira e tocaia.
O idêntico aplica-se ao investidor e patrão. Ele, a peso de ouro (com os muitos encargos trabalhistas), contrata empregados. Estes, em maçantes jornadas e trabalhos nas linhas de produção, pouco empenham-se diante da sua ausência e controle. O dono, na aparente acomodação e esperteza, resguarda-se no ambiente próprio da climatização e silêncio do escritório. Os resultados cedo ostentam a falência e a penúria!
O investidor, como expert da empreitada, precisa acompanhar e conhecer melhor as tarefas (do que os próprios contratados). O chefe encontra-se vindo na esperteza e sabedoria na proporção dos subalternos estarem indo na aprendizagem e conhecimento! Um profundo conhecedor do negócio faz a excepcional diferença entre as duas classes!
Quaisquer chefias precisam tomar a dianteira das ações e exemplos. Os atos e gestos falam bem mais alto do que as explicações e palavras. A dedicação e o trabalho são partes do segredo do sucesso e da riqueza. A sabedoria popular versa: “- O olho do patrão engorda o boi”.
                                                                     
Guido Lang
                                                 “Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem: http://hfmoveisplanejados.com.br

O corcel e o jumento



Ricamente adornado, ia um soberbo corcel dar um passeio. Pesadamente carregado de carvão vinha um jumento cargueiro para o mercado. Encontraram-se.
- Saia do meu caminho, miserável! - Relinchou o corcel irado. - E cuidado para não me sujar.
O outro baixou as orelhas e ficou sofrendo, calado. Daí a tempos, o corcel adoeceu, e perdido todo o seu merecimento, foi vendido para o comerciante; puseram-no a carregar carvão. Encontrou-o um dia o cavalo cargueiro.
- Irmão! Onde está aquela arrogância? Peão como eu e agora menos que eu, carregas carvão! Cuidado pra não me sujar! 

Moral da história:
Por mais elevados que você estejas, não desprezeis ao vosso semelhante; a roda da fortuna desanda tão fácil quão imprevistamente.

                   Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

Crédito da imagem: http://www.colhendofeliz.com.br

sábado, 20 de abril de 2013

O débito partidário




Um prefeito, com a emancipação política administrativa do município, “tirou um colono das colônias”.
Este, como correligionário da emancipação, foi destacado como funcionário público. Alguma função, como cargo de confiança, sobrou como recompensa pelo empenho na campanha pela autonomia.
O cidadão, num cargo estratégico da municipalidade, conheceu um punhado de moradores. Este, com aparentes favores (“com o chapéu alheio” do serviço público), pode auxiliar inúmeros eleitores. O funcionário fez amizades e favores (aqui e ali município afora). Ele, no tempo, pode “tornar-se o cara!”
O partido, numa altura, convocou o fulano a concorrer por determinada coligação. Este, para continuar no posto, atendeu o pedido. O candidato angariou votação na totalidade das mesas eleitorais. Este acabou eleito e reeleito como vereador.
Os projetos da câmara iam no ínterim do tempo das administrações. O benfeitor, numa gestão das sucessões, viu-se igualmente reeleito. Os interesses político-administrativos, no segundo mandato, tornaram-os ferrenhos adversários.
O antigo parceiro/prefeito, nas comunicações da rádio da municipalidade, levou a dizer em viva voz. “O beltrano teria sido melhor em ter ficado na sua respectiva localidade. Este deveria ter continuado em plantar suas tradicionais batatas. Nada deste ter sido trazido junto aos gestores públicos”. O camarada deixou a conversa nisso e nada de criar maiores delongas e polêmicas.
Os interesses, em função de cargos e ganhos, mudam muito rápido na política-partidária. Os astutos e espertos carecem de criar inimizades por alheias divergências. Os candidatos hoje adversários, amanhã parceiros nas coligações. Certos favores e mimos criam onerosos e perenes débitos.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.trekearth.com

O burro com pele de leão


Um burro que se lastimava sua sina, da ruim conta em que o tinham, do nenhum caso que dele faziam, achou uma pele de leão, e com ela se cobriu. 
- Agora, sim, hão de ter medo de mim! - Disse consigo. 
O coitado enganou-se. Querendo rugir, zurrou; e o primeiro que o ouviu, reparando melhor, descobriu-lhe a ponta da orelha que a pele do leão não tinha podido ocultar. Logo agarram-no e a pauladas o castigaram. 

Moral da história: 
A verdade cedo ou tarde vem à tona!

                       Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

O princípio básico


Um camarada, como pacato cidadão, começou a vida econômica do nada (com o tradicional princípio de “uma mão vazia atrás e outra vazia na frente”). Este, para sobreviver, precisou labutar em inúmeras profissões e tarefas.
O trabalho, a título de exemplos, começou como colono, cortador/sapateiro, técnico agrícola, garçom, educador... O princípio, em todas as empreitadas, consistiu em ostentar honestidade. “Ganhar o pão de cada dia” com transparência nos negócios e trabalhos. Conquistar a confiança e consideração dos chefes, colegas e patrões.
A vida, nos seus aprendizados diários, ensinaram-lhe alguns sigilos financeiros. O segredo do dinheiro consistia em fazê-lo produzir por si só do que realmente trabalhar. Este, a partir de contínuas e esparsas sobras, precisava comprar à vista (com pedido dos descontos), evitar desperdícios de toda ordem (mesmo em meio as maiores farturas), investir cotas na geração de dividendos...
O básico, como segredo dos segredos, consistia em nunca gastar mais do que os reais ganhos. Algumas sobras, mesmo em míseros reais (a cada final de mês), eram uma realidade perene (numa espécie de fundo de autofinanciamento). Alguma despesa imprevista via-se custeada com valores dessas reservas e, na primeira oportunidade, repostas na quantidade.
Os negócios mantinham uma sabedoria básica. Jamais subtrair algum real devido a alguém. O preferível era doá-lo do que descontá-lo! Os comentários e falatórios, decorrentes dessa subtração, eram bem mais maléficos e onerosos (do que o real poder de compra desse modesto valor). As conversas e desconfiança cerravam portas aqui e acolá. O crédito, recebido como dádiva, abria janelas e portas (em função das amigáveis e boas referências).
O hábito, dentro das possibilidades, era ostentar um espírito de doador. Amigos, conhecidos e vizinhos, na proporção das disponibilidades e visitas, recebiam alguma dádiva/lembrança/mimo. Este, como consideração e satisfação, proporcionava outras bênçãos (numa espécie de corrente humana).
A vizinhança, a título de exemplo, eram uma espécie de segurança às necessidade proeminentes e infortúnios. As pessoas, aos forasteiros, davam amistosas referências da boa parceria. Amigos e conhecidos mantinham-se predispostos a ampliar e intensificar relações.
O comportamento revela uma singela realidade. Os negócios e oportunidades brotam na medida da amizade e bondade. Estes, na conquistada confiança, encontram-se nos cantos e recantos dos espaços. Quaisquer iniciativas, com as mãos milagrosas, frutificam em ricas bênçãos e oportunidades. A sorte acompanha-o nas várias andanças e atropelos. As diversas vocações, em função do tempo, não conseguia dar cabo a todas!
A vida é curta para vivermos no egoísmo e ganância. O cidadão precisa pouco para viver e o muito convém compartilhar como dádiva com os semelhantes. Deus dá-nos em abundância e pouco custa dividir quantias dessa fartura. O real tesouro reside na grandeza de espírito e pouco nas acumuladas porções materiais.

Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Econômico”

Crédito da imagem: http://www.efecade.com.br

O bezerro e o boi velho


Tinha um lavrador um boi já velho, mestre no ofício de puxar carros; deu-lhe por companheiro um bezerro ainda mal domado e todo serelepe. O boi velho viu um insulto em semelhante parceria.
- Olha - disse-lhe o lavrador - não te emparelho com ele na minha estima. O junto a ti, para que com o teu exemplo aprenda. Aproveite, poderás lhe deixar carregar o maior peso e de tanto te acharás aliviado.

Moral da história:
Cumpre dar aos mancebos boa companhia de homens sisudos e circunspectos; uns e outros com isso aproveitam.

                  Esopo (Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.)

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