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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A riqueza familiar


        A descendência, por gerações, habitou o determinado lugar. O solar familiar, na encosta do morro, salientava-se no conjunto residencial. A fertilidade da terra, no microclima próprio, permitia a farta produção. O espaço caía na apreciação e satisfação particular.
        A abundância, na questão água, incidia na riqueza natural. Os olhos d’água, no milagre da mãe natureza, brotavam das entranhas. A fauna e flora, na iluminação e umidade, difundiam-se na atmosfera. O taquaral, no conjunto das pedras, assinalava a abastança e vida.
            Os herdeiros, no sensato momento, resolveram desfazer-se da riqueza. As decidas e subidas, no íngreme chão, advieram no empecilho. O morro, nas idas e vindas, sobrevinha no desafio do inverno. Os consertos, na estrada, advinham na baixa consideração do ente público.
            Os estranhos, no dinheiro, fecharam a compra. Os anos transcorreram e novos donos adquiriram instalações e terras (imóvel). A descendência, no filho e neto, quisera na certa altura recomprar o imóvel. A indisponibilidade demostrou-se a dura realidade.
            A pergunta, aos genitores, foi: como pôde desfazer-se de tão valoroso patrimônio familiar? O arrependimento revelou-se acentuado. Certos negócios, na compra ou venda, exigem apuradas análises. As pessoas adoram adonar-se e afeiçoar-se aos ambientes.
            O difícil, no despojado, consiste em refazer o desfeito. Alguns domínios, no conjunto de gerações, verificam-se alheios aos valores monetários.

Guido Lang
“Singelas Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://www.correiodeuberlandia.com.br/