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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Um ingênuo aviso


Uma profissional, contratada para externar a vocação, deixou um recado claro à chefia. Ela, com as alturas, não queria arriscar a sorte e maiores incômodos!
O estabelecimento escolar, comum a cada ano letivo, almejaria apresentar suas vocações e divulgar o trabalho no seio comunitário! Justificar, em síntese, os enormes dispêndios públicos!
O ambiente, no ginásio multifuncional e pátio coletivo, precisaria ganhar uma especial decoração e um excepcional palco. Os profissionais, à instalação, viam-se contratados às funções!
A decoradora, para dar ares diversos às paredes nuas dos tijolos, ganhou a oportunidade profissional. Esta, em conversa com a chefia, combinou detalhes, horários, materiais, preços...
Um pedido, como particularidade, revelou-se anômalo e curioso. A direção, num instante, pensou nalguma besteira. Aquelas fobias próprias de cada indivíduo!
A cidadã, com temores de quedas e fraturas de ossos, saiu com um modesto pedido. O aviso, na fala informal, consistiu: “- Eu tenho medo de alturas! Eu costumo não trepar!”
Os ouvintes, de alguma distância, externaram a generalizada gargalhada. As gracinhas, num momento desses, não faltaram no cenário de arrumação e descontração!
Uma singela expressão ou palavra pode fazer diferença. Aspectos relacionados ao sexo dispensam maiores ensinamentos e explicações. As malícias encontram-se costumeiramente naqueles que ouvem e refletem!
                                                                      
Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: https://www.agrotama.com.br

O modesto paliativo


O morador, junto às cercanias do pátio, plantou diversas variedades de banana. Um colorido diverso, ao concreto e pedras, arejou e umedeceu o ambiente!
O objetivo, com abundância de espaço, consistia em abastecer as necessidades do consumo familiar e embelezar o cenário. O sabor da autoprodução das frutas parecia único!
A dificuldade consistia nas esporádicas geadas de julho. Uma única noite bastava para ceifar todas na baixada. Um ano inteiro necessário para efetuar a recuperação.
As plantas, como culturas tropicais, não podiam simplesmente com o frio. Diversos “pés” (árvores) encontravam-se com cachos praticamente maduros. Estes, com o rigor, viam-se perdidos com a friagem.
O plantador, como produtor, comentou o fato entre amigos e conhecidos na casa comercial. Algum colonial, como paliativo, recomendou a colheita antecipada!
As frutas colhidas, num passo subsequente, deveriam ser armazenadas numa caixa e cobertas com plástico. O calor, em dias no seu interior, as faria maduras e saborosas!
O receituário, como experiência, viu-se acatado com pleno êxito. Sábios mostram-se aqueles que assimilam e praticam o ensinado!
O conhecimento empírico, através das décadas de carência, ensinou a remediar dificuldades e males. Quaisquer problemas tem uma viável solução (somente a morte revela-se sem saída). Os diversos assuntos e temas vêem-se comentados e discutidos nos ambientes dos armazéns, bares e lancherias.

                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.flickr.com/photos/oiliz/5693636912/

O princípio poupador


Uma anciã, nos dias frios do inverno, mantém-se entocada na residência. Ela, das intempéries do tempo, mantém-se aquecida e resguardada!
Esta, numa certa hora, recebe a visita duma conhecida. A fulana bate a porta e vê a senhora assentada na escura sala. Nada de acessas maiores luzes!
A pergunta relaciona-se a causa desse ímpar procedimento. Uma realidade, com essa idade, mostrar-se-ia desnecessária na modesta moradia!
A anciã, com uma filosofia econômica poupadora, externou seu singelo parecer: “- Quero poupar luz! Nada de conta salgada no final do mês!”
A senhora, com as oito décadas de existência, não tinha maior necessidade desse procedimento. Ela, nesta altura do campeonato, estaria poupando para quem? Aos filhos, netos, noras e genros!
As condições monetárias auferidas não tinham necessidade dessa economia. Os filhos encontravam-se casados e estabilizados!
Um velho principio econômico familiar ganhou espaço. Ela, desde tenra idade, aprendeu a economizar e poupar! Jamais, em qualquer época e fartura, deve-se desperdiçar!
A fala dos antigos consistia: “- Gastar o necessário somente ao bem estar! Nada de desperdiçar! O desperdício de hoje, pode fazer falta no amanhã”.
O objetivo mantinha-se em criar e constituir contínuas sobras! Uma realidade funcional adequada em quaisquer condições e períodos! As economias passadas mostram-se a razão da comodidade atual!
O indivíduo, educado na carestia, tem dificuldades de desperdiçar. Certos comportamentos e ensinamentos, depois duma idade, ostentam-se difíceis de reverter. Cada qual ostenta suas loucuras e manias!

                                                                                                  Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.dcriativo.com

Os parceiros da idade


Um morador, pacato colono das grotas, foi abençoado pela longa vida. Ele, afixado a terra dos ancestrais, procurou viver a rotina de cada dia.
Ele, na magnitude da casa, esposa e filhos, achegou-se as oito décadas da existência. Os anos, no entender particular, transcorreram deveras rápido!
“Os olhos, aqueles que a terra há de comer”, vislumbraram os muitos acontecimentos comunitários e nacionais. A vida, com os anos, ensinou a simplicidade e tolerância!
O cidadão, no desfecho da jornada, precisou fazer um desabafo ao jovem amigo. A queixa relacionou-se aos relacionamentos!
O indivíduo, depois de certo número de aniversários, “carece de gente da idade própria”. Aqueles, como colegas da aula e juventude, com a experiência e vivência assemelhada!
Os parceiros pereceram no ínterim da caminhada. Os jovens, filhos da época, possuem seus interesses e negócios. Estes, para os velhos, fazem o descaso e indiferença!
Os familiares, a grosso modo, sobram unicamente como companhias e parcerias às conversas. As diferenças de filosofias, no modo de vida, originam rotineiras discussões!
Cada indivíduo possui suas dificuldades e problemas. A modéstia parece abençoar a vida com muitos e longos dias! Felizes aqueles que nesta loucura toda chegam à avançada idade!

                                                                                    Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.not1.com.br